Miguel Alvarenga - Sexta-feira, praça cheia na Póvoa de Varzim, uma boa corrida de toiros, triunfos de todos os toureiros frente a toiros duros de Vinhas e no final, o troféu da melhor lide atribuído a João Moura Caetano - que criou uma onda de polémica na rede social Facebook, cheia de prós e de contras, e levou mesmo o apoderado dos Rouxinol a envolver-se em desagradável contenda, diante de toda a gente e ainda na trincheira da praça, com a cronista Solange Pinto, que integrara o júri que decidiu o prémio.
António Telles, imparável nesta temporada de super consagração, foi autor de uma grande actuação, grande a todos os títulos, como o fora na noite anterior em Lisboa: Luis Rouxinol, igualmente triunfador na corrida da véspera no Campo Pequeno, repetiu na Póvoa o êxito e esteve enorme, como está sempre; Filipe Gonçalves chegou ao público com o seu toureio emotivo e de risco e esteve também em noite de inspiração; Moura Caetano bordou o toureio com os cavalos "Belmonte" e "Temperamento" e deu nota da grandeza do seu toureio e do temple que é apanágio da sua arte; Marcos Bastinhas lidou o pior toiro da corrida e esteve por cima dele com a sua garra, o seu mérito e todo o seu imenso valor; e por fim, Luis Rouxinol Júnior, doutorado na noite anterior em Lisboa, também chegou ao público e entusiasmou a aficion nortenha com uma lide em crescendo. Pegas rijas dos Forcados do Montijo e de Alcochete, com Gonçalo Catalão, deste último grupo, a vencer o prémio para a melhor pega, como ontem aqui se noticiou.
O prémio da melhor lide podia, sem que daí viesse algum mal ao mundo, ter ido para Luis Rouxinol, como podia ter sido ganho por António Telles. Foi entregue a João Moura Caetano - com todo o mérito. Vi no Facebook imagens de ferros passados. De Moura Caetano. Como podia ter visto de muitos dos outros. Li alguma contestação à decisão do júri. Com seis cavaleiros e um prémio, nunca se pode agradar a gregos e a troianos. A tauromaquia é capaz de ser um dos espectáculos mais subjectivos que existem. Uns gostam de a, outros preferem b e há, nos dias de hoje, os que são contra o c. A Festa viveu sempre destas polémicas. E já nem consegue passar sem elas. Ou se acabam com estes prémios, ou haverá sempre os satisfeitos e os descontentes. Ainda para mais, numa corrida em que todos estiveram bem, não é fácil agradar na altura de optar por um dos seis. Foi sempre assim.
Se tivesse visto um Moura Caetano fatal, claro que discordaria do troféu. Mas vi um Moura Caetano deslumbrante, a bordar o toureio com a sua concepção muito própria e tão artística e talentosa da arte de tourear a cavalo. E a viver um momento alto.
Telles e Rouxinol estiveram em plano de maestria, cada qual no seu estilo. O júri tomou a decisão que tomou. Os júris são soberanos. Ou então isto será tudo uma brincadeira e não quero acreditar que o seja. Eu não fiz parte do júri, nem faria, porque acho que o desempenho do jornalista não se coaduna com participações em jurados que atribuem prémios em corridas. Uma coisa é eleger no final de cada época os que consideramos terem sido os triunfadores; outra é eleger uma lide numa corrida. Por não ter feito parte do júri, estou à vontade para falar.
Toda a contestação, muita sem a classe que se exige, que surgiu entretanto nas redes sociais e em particular no Facebook, é apenas e só a comprovação da falta de nível que existe hoje neste conturbado e tão à balda meio taurino - mas é o que temos.
Segue em frente, João Moura Caetano. Toda a vida os cães ladraram. E toda a vida a caravana passou!
Tenho dito. Podem contestar, se assim o acharem. Têm todos esse direito.
Fotos D.R.