domingo, 27 de janeiro de 2019

Mestre João Núncio: 43 anos de saudade



Mestre João Branco Núncio tinha 74 anos e preparava-se para regressar às arenas para voltar a comer o pão que a "Revolução de Abril" lhe roubara, quando um ataque cardíaco o matou em 26 de Janeiro de 1976 - cumpriram-se ontem 43 anos.
Nascido em Alcácer do Sal a 15 de Fevereiro de 1901, o maior toureiro a cavalo da nossa História morreu na Golegã, onde se refugiara em casa de seu cunhado, Patrício Cecílio (o mestre dos toureiros a pé), depois de lhe terem ocupado as terras e a própria casa na sua Alcácer natal. 
Mestre preparava-se de novo para a luta - e anunciara que ia regressar às arenas. Toureara pela última vez três anos antes, a 21 de Outubro de 1973 na praça "Palha Blanco", em Vila Franca, nesse mesmo ano em que no Campo Pequeno, a 27 de Maio, comemorara os seus 50 anos de alternativa com a praça cheia.
João Alves Branco Núncio estreou-se com apenas 13 anos de idade na antiga praça de Évora e tomou a alternativa no Campo Pequeno a 27 de Maio de 1923, apadrinhado por António Luis Lopes. Com Simão da Veiga, formou a mais célebre parelha de cavaleiros competidores. Em toda a sua brilhante carreira, toureou mais de 2.000 toiros em mais de 1.000 corridas e montou cerca de 60 cavalos. Foi ainda o primeiro cavaleiro português a actuar em Espanha e em França, estoqueando toiros a cavalo.
Como reza o fado que a poetisa Maria Manuel Cid lhe dedicou, "não foi um homem qualquer, foi mais um homem diferente".

Fotos D.R.