sábado, 14 de setembro de 2019

Moura Jr. rebentou com o quadro ontem em Moura!

E até o cavalo deu volta à arena! João Moura Jr. rebentou ontem com o quadro
em Moura e reafirmou a supremacia da sua maestria e a incontestável liderança,
a léguas, do pelotão
Francisco Palha esteve bem nos três toiros e foi um digno competidor do número
um, mas não se deu o "click" da explosão do triunfo grande
Noite empolgante do valoroso Real Grupo de Forcados Amadores de Moura
com seis realíssimas e grandiosas pegas à primeira tentativa aos sérios toiros
da ganadaria Veiga Teixeira. Em baixo, os dois cavaleiros cumprimentando-se
ao início do "duelo" de ontem à noite na praça alentejana de Moura


João Moura Jr. rebentou ontem o quadro em Moura no mano-a-mano com Francisco
Palha (que foi um digno competidor do número um), relevando a supremacia da sua maestria e a confirmando a inquestionável liderança, a léguas, do pelotão. Como há dias aqui se escreveu, 40 anos depois há outra vez um Moura a mandar na Festa! Triunfo rotundo, também, do Real Grupo de Forcados de Moura, com seis valentes pegas à primeira aos sérios toiros de Veiga Teixeira. Praça cheia em noite grande. Com a devida vénia, damos à estampa a crónica que Miguel Ortega Cláudio escreveu no site tauronews.com. E ficam as fotos de Paulo Nascimento, uma estreia que se aplaude aqui no "Farpas"


Um Moura Jr arrebatador no triunfo do Real de Moura


Certamente, este encontro de Ases entre João Moura Jr. e Francisco Palha, seis toiros Teixeira e o Real Grupo de Moura em solitário num palco de máxima categoria, entre um toureiro que tem bem ganho o seu cartel e um dos mais sólidos valores da tauromaquia actual, despertou grande expectativa e motivo disso foi a bonita moldura humana que a praça de toiros de Moura apresentou.
Antes da corrida houve bonita e emotiva procissão das velas em honra de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Moura, na qual os forcados transportaram o andor e todos os intervenientes do espectáculo acompanharam com devoção o andor da Senhora.
Os seis toiros Veiga Teixeira apresentados em Moura eram dignos de qualquer praça de toiros, bonitos, com cara, mais leves os dois primeiros e pesados os restantes. A mobilidade foi a palavra de ordem que marcou o curro. Mas também a nobreza e a bravura do primeiro, toiro de bandeira; a casta do segundo; o terceiro foi reservado e a menos; o quarto teve  classe e nobreza mas não lhe acompanharam as forças; o quinto foi um bom toiro, com querenças é verdade mas delas saia com alegria e som; o sexto pediu documentos… Toiro sério, encastado e nada fácil
A arte de tourear, seja qual for sua vertente, o intérprete, o momento, a praça, quando surge, culmina na inspiração, comove como poucas artes, porque é instantânea, surpreendente e fugaz e foi isso que aconteceu na velha salúquia por parte de Moura Jr
Recebeu os três toiros em sortes de porta gaiola e as três resultaram exuberantes e cheias de valor. A primeira lide foi redonda a aproveitar as qualidades do toiro, a cravar ferros brutais, ao estribo fazendo o público entrar de rompante na corrida, primeiro triunfo da noite. No terceiro a lide foi menos exuberante e contundente, bons pormenores de brega, bons ferros, mas menos entusiasmo nas bancadas. Mas a lide redonda, a do triunfo grande, a do pôr todos de acordo foi a do quinto. Bem nos compridos, nos curtos de praça a praça a pôr toda a carne no assador a cravar ao estribo e a "meter as bancadas no bolso" para culminar a lide com as mourinas… 
Simplesmente brutal, arrepiante, hinos à arte de bem tourear a cavalo. Levando depois cozido o toiro de Teixeira ao estribo do seu arreio, com um temple prodigioso e umas distâncias indescritíveis o público aplaudia de pé… Enardecido e assombrado! 
Ontem, o público ao ver tamanha obra expressou-se conforme lhe pedia o corpo e lhe recomendava a alma: com a explosiva espontaneidade que impulsiona e que emociona a gente dos toiro a ver uma lide histórica.
O público, mas sobretudo os aficionados, estão com Francisco Palha. Sente-se isso sempre que entra em praça e abre o livro, soltando o sentimento, a classe e a arte que lhe estão no sangue. Marca a diferença sempre e ontem em Moura voltou a acontecer.  
Francisco deu todas as vantagens, toda a prioridade, para só ir ao encontro dos toiros no derradeiro instante, cites de praça a praça, a mandar, a templar as sortes, a cravar de alto a baixo e ao estribo em terrenos de compromisso. Pondo a carne toda no assador, cravou ferros verdadeiramente bons, executou bonita e eficiente brega, rematou as sortes em bonitos ladeios, teve três grandes actuações que fizeram vibrar o os presentes, mas não se deu o "click" da explosão do triunfo grande.
Noite de triunfo memorável para o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura que se encerrava com seis toiros e os seis foram pegados à primeira tentativa, com as ajudas a serem determinantes para este sucesso. Abriu praça Gonçalo Matato numa pega em que o toiro arrancou pronto e com pata. João Caeiro foi para a cara do segundo numa boa pega. Rui Branquinho bem a executar uma pega rija com um toiro a pedir contas. Gonçalo Borges, bonito na cara do toiro a citar e a receber. João Cabrita numa grande pega que levantou o público. Cláudio Pereira na pega da noite, tudo bem feito.
No final da corrida foram chamados à praça o ganadeiro e o grupo, pelo conjunto do curro enviado e pela magnifica actuação dos forcados.
Dirigiu a corrida correctamente Agostinho Borges, assessorado pelo médico veterinário Matias Guilherme.

- Miguel Ortega Cláudio in tauronews.com

Fotos Paulo Nascimento