António Manuel Barata Gomes regressará... depois da má experiência das exclusivas? Há quem diga que sim, há quem diga que tem os pés bem assentes no chão e não volta a meter-se em aventuras... |
O espanhol Carlos Zuñiga com o ganadeiro Romão Tenório fotografado no dia em que foi empresário de Estremoz... por um dia. Em baixo, Luis Miguel Pombeiro, o herói do momento, com Pablo Hermoso |
A pandemia adiou e alterou tudo. O concurso para realizar seis corridas no Campo Pequeno vai decorrer a contra-relógio na próxima semana e os empresários estão renitentes. Há mesmo quem diga que isto "é uma maluqueira"... E que o concurso não é sim, nem é sopas...
Miguel Alvarenga - "É demasiado delicado para quem ali for meter a cabeça", diz-nos um empresário.
E é.
Álvaro Covões não podia fazer outra coisa a não ser, neste momento, promover de novo o concurso para as seis corridas no Campo Pequeno, ontem anunciado e que decorrerá em tempo recorde e a contra-relógio na próxima semana. O novo caderno de encargos pode ser levantado a partir de segunda-feira, dia 6, a entrega de propostas é três dias depois, dia 9 e a decisão final é anunciada 24 horas depois, a 10, próxima sexta-feira. Tudo demasiado à pressa, estilo Speddy González...
Alguns empresários consideram que é "mais um presente envenenado". Mais grave: a Plateia Colossal, a empresa de Covões que gere o Campo Pequeno, mantém o mesmíssimo preço por corrida que estava estipulado no anterior caderno de encargos, elaborado para uma situação normal - e não para um tempo de crise e pandemia: 29.850 euros, acrescidos de IVA à taxa legal, pelo aluguer de cada data. E diz que será aplicado um desconto de 25% se não for permitida a utilização de toda a lotação da praça.
Já se sabe, de antemão, que o não será. As novas normas da DGS. que rectificam as anteriores e deverão ser anunciadas já no início da próxima semana, permitem passar a utilizar 50% da lotação das praças. O que, pela lógica, deveria ter levado a Plateia Colossal a estipulat uma redução de 50% no valor decretado - e não de apenas 25%. Primeiro erro.
Ao contrário do que acontecia há três meses, antes da pandemia tomar conta das nossas vidas e quando até se deu ao luxo de afirmar que os toiros não eram o seu negócio, agora Álvaro Covões precisa dos toiros - e do dinheiro dos homens dos toiros. O Campo Pequeno está parado, sem concertos programados para os próximos meses, só terá os primeiros na última semana de Setembro. E até lá, dará um jeito enorme ao empresário ocupar o espaço com touradas - e receber o dinheiro das touradas.
Há quem defenda que o concurso poderia - e deveria - ter sido promovido mesmo durante os tempos do confinamento, "para adiantar serviço" e já ter neste momento um vencedor encontrado. Custa agora a crer que o empresário que for anunciado na próxima sexta-feira, dia 10, vá a correr anunciar uma corrida para oito ou quinze dias a seguir no Campo Pequeno.
E se as seis corridas terão que decorrer entre a segunda quinzena de Julho (agora já!) e a primeira semana de Setembro (período em que a praça não tem concertos anunciados), isso obrigará, por exemplo, a que se dêm quatro corridas nas quatros quintas-feiras de Agosto - o pior mês, em que as pessoas estão de férias e em que, ainda por cima, se realizam por cá os jogos de futebol da Champions.
Haverá empresários dispostos a arriscarem e a darem tamanho tiro no pé?...
À partida, e ainda em circunstâncias normais, dizia-se que havia vários candidatos perfilados na corrida ao Campo Pequeno e alguns deles chegaram mesmo a entregar as suas propostas em Março, antes da pandemia. Resta saber se as manterão, se as rectificarão na próxima semana ou se pura e simplesmente dão um passo atrás e não entram naquilo a que muitos consideram ser "uma maluqueira".
Falava-se em vários nomes. E até em estranhas sociedades. Por exemplo:
- Rafael Vilhais, por exemplo, dizia-se que concorreria associado a António Manuel Barata Gomes (que teve uma estreia empresarial algo atribulada há uns anos com a célebre história das exclusivas) e que nesse grupo poderia estar também José Melo Pinto, o arquitecto que realizou corridas de toiros em Macau com Rui Salvador.
- Ricardo Levesinho poderia ser outro candidato. E falou-se numa hipotética associação do agora presidente da APET com o empresário espanhol Carlos Zuñiga e com a família Ribeiro Telles.
- José Manuel Ferreira Paulo (Cachapim) chegou a entregar em Março uma proposta, associado a José Luis Zambujeira.
- Luis Miguel Pombeiro, provavelmente aliado a Manuel Jorge de Oliveira, também fez em Março a entrega da sua proposta e ainda esta semana reafirmou numa entrevista ao site toureio.pt a sua predisposição para concorrer ao Campo Pequeno, ele que é o grande herói do momento e o primeiro a realizar no próximo dia 11 (de hoje a uma semana) em Estremoz a corrida que marca a reabertura a nível mundial da actividade tauromáquica.
- Falou-se também no empresário Paulo Pessoa de Carvalho, que em Março chegou a tentar levantar o caderno de encargos, sem sucesso, depois de uma agitada discussão com o director-geral da empresa, João Gonçalves.
- Fala-se ainda do empresário António Nunes, que não tendo uma empresa activa poderia recorrer a uma parceria com alguém, num grupo em que poderia também entrar o empresário espanhol José Cutiño.
- E a grande incógnita chama-se Rui Bento. Corre à boca cheia que o antigo gestor do Campo Pequeno poderia estar de volta, associado a qualquer um dos grupos empresariais anteriormente referidos - mas Rui continua a desmentir.
Diz-se tanta coisa que, como defendia o saudoso Saraiva Mendes, alguma há-de ser verdade...
Fotos M. Alvarenga, Emílio de Jesus/Arquivo e Maria Mil-Homens