Miguel Alvarenga - A lide a duo de Luis Rouxinol e seu filho Luis Rouxinol Júnior no último toiro constituiu, no que aos cavaleiros diz respeito, o momento mais empolgante da corrida que ontem à tarde se realizou em Montemor-o-Novo, marcada pela dureza e seriedade dos toiros de Fernandes de Castro, sonsos na generalidade, sobressaindo precisamente o sexto, que foi o melhor. Alguns com mais de 600 quilos - verdadeiras estampas.
Tarde dura para os forcados, com triunfo dos Amadores de Montemor, que ganharam com toda a justiça o troféu Barra de Ouro disputado com os Amadores de Santarém - já a seguir, não perca as sequências das seis pegas.
Com um mérito de se lhe tirar o chapéu, João Moura esperou o primeiro toiro da tarde com uma sorte de gaiola que só não resultou em cheio porque o oponente desviou a rota e não permitiu que o Maestro cravasse o primeiro ferro logo que saíu. Moura impôs a sua maestria numa lide perfeita a um toiro que não foi fácil e pediu contas.
Luis Rouxinol enfrentou outro Castro, muito bem apresentado, como todos os outros, que também foi duro de roer e não tinha investidas francas. Toiro sério, mas meio sonso. Rouxinol não esteve acertado na cravagem dos compridos, mas emendou-se nos curtos e com o cavalo "Douro" conseguiu ferros emotivos, terminando com um arrojado par de bandarilhas.
Miguel Moura recebeu o seu toiro com um emotivo ferro em sorte de gaiola muito aplaudido pelo público. Desenvolveu depois uma lide brilhante frente a um Castro com nobreza, destacando-se em ferros emotivos cravados em terrenos de compromisso.
Nas lides a sós, Luis Rouxinol Júnior teve a actuação mais destacada, com um toiro nada fácil, a que deu a volta com grande empenho e destacada maturidade, pondo a carne no assador em ferros que resultaram emotivos, a deixar vir o oponente, quarteando-se num palmo de terreno. Lide em crescendo e Rouxinol a criar alvoroço nas bancadas.
A corrida terminou com as lides a duo de pais e filhos. Menos colaborante e distraído, o quinto toiro da tarde não deixou os Mouras alcançarem o triunfo sonhado, mas ambos protagonizaram bons momentos numa lide em perfeita sintonia.
O melhor toiro da corrida foi o sexto, um Castro com teclas e a pedir contas, que os Rouxinóis tourearam na perfeição e sempre na mesma onda, com alegria, com ritmo e dando emoção à lide. O público levantou-se das bancadas a aplaudir a arte e o valor de pai e filho.
Boas intervenções dos bandarilheiros na corrida de ontem: João Ganhão, Francisco Marques, Manuel dos Santos "Becas", João Bretes, Jorge Alegrias, Nuno Silva, Ricardo Alves e João Martins.
Houve alguns brindes a destacar: o de João Moura a João Freixo e o de Luis Rouxinol a Mestre Luis Miguel da Veiga. Nas lides a duo, os Mouras brindaram aos Rouxinóis e os Rouxinóis brindaram aos Mouras. Os Forcados de Montemor brindaram pegas a antigos elementos do grupo e os de Santarém dedicaram a quinta pega à deputada social-democrata Fernanda Velez.
Frente a toiros de verdade estiveram ontem na arena montemorense Forcados de eleição.
Por Santarém pegaram o cabo João Grave (à terceira), Joaquim Grave (filho do ex-cabo Carlos Grave, à segunda) e Francisco Cabaço (numa dura pega, ao quarto intento).
Pelos anfitriões de Montemor, que ganharam a Barra de Ouro, pegaram Vasco Ponce (grande e rija pega à primeira), Vasco Carolino (à terceira) e José Maria Pena Monteiro (numa outra pega enorme, com uma primeira ajuda monumental de seu irmão, o cabo António Pena Monteiro, que depois o acompanhou e aos Rouxinóis na volta à arena).
Com o acerto habitual, dirigiu a corrida Agostinho Borges, que esteve ontem assessorado pelo médico veterinário Carlos Santana.
A praça registou uma agradável entrada de mais de meia casa, a rondar os três quartos, como anteriormente aqui referimos.
Corrida séria e dura com toiros de Castro a pôr seriedade e emoção. Uma excelente organização do empresário Paulo Vacas de Carvalho. E venha a corrida de Setembro!
Fotos M. Alvarenga
João Moura |
Luis Rouxinol |
Miguel Moura |
Luis Rouxinol Jr. |