segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Santarém: a última lição de Pedro Gonçalves em tarde de grandes emoções

Pedro Gonçalves cortou a coleta com a presença na arena de sua Mulher e
seus dois filhos
Assim se toureia, Mestre Manuel Jorge!
Manuel Oliveira em grande nível na lide a duo com seu pai
Grande fecho de temporada de Ana Batista, ainda e
sempre, a primeira!
Manuel Guerreiro, forcado retirado (Amadores de Lisboa) fez um pegão ao
primeiro toiro da tarde, à segunda, depois de terem falhado as ajudas na primeira
Carlos Silva, o grande rabejador dos Amadores de Vila Franca
A segunda pega, ao primeiro intento, esteve a cargo de Ventura Doroteia, forcado
consagrado dos Amadores de Cascais, com os veteranos a ajudarem muito bem
Simão Neves recordou o passado rabejando como nos melhores tempos
O espanhol Abel Valls González exibiu boas maneiras e um toureio fino
Nuno Casquinha fechou com um bom triunfo a sua temporada de sucesso
Arte e temple: o eterno bom toureio de Eduardo Oliveira. Em baixo, a decisão
e a atitude de Diogo Peseiro


Apesar da escassa presença de público, pouco mais de duas mil pessoas, o que em Santarém dá um aspecto desolador, decorreu em bom ritmo e foi agradável a corrida de toiros que ali teve lugar ontem, a única que se realizou este ano na Monumental "Celestino Graça", em que se despediu o bandarilheiro Pedro Gonçalves.
Abriram praça (informa Luis Miguel Pombeiro) o veterano Manuel Jorge de Oliveira e seu filho, o cavaleiro praticante Manuel Oliveira. Frente a um bom toiro de Paulino da Cunha e Silva, protagonizaram uma lide de grande nível, com Manuel Jorge a parecer que não está retirado das arenas e a tourear com a verdade e o fulgor de sempre; e o jovem Manuel a apontar belíssimos pormenores quer a lidar, quer a cravar.
Seguiu-se Ana Batista, com um toiro também de boa nota da ganadaria Prudêncio, exibindo a sua classe e a sua arte numa lide de excelente nota.
Pegou uma Selecção de Forcados em que se fardaram grandes e históricos nomes da forcadagem de vários grupos. A primeira pega foi executada à segunda, depois de terem faltado ajudas na primeira, pelo valoroso Manuel Guerreiro, forcado retirado que durante anos honrou a jaqueta dos Amadores de Lisboa. A segunda, à primeira, esteve a cargo de Ventura Doroteia, consagrado forcado actual dos Amadores de Cascais, tendo-se destacado a rabejar Simão Neves, hoje consagrado picador, antigo elemento do Grupo do Aposento da Chamusca.
O primeiro toiro da lide a pé foi lidado pelo espanhol Abel Valls González, que substituia João Augusto Moura. Pertencia à ganadaria de Ribeiro Telles e com ele o toureiro espanhol exibiu a sua classe e as suas boas maneiras.
Nuno Casquinha enfrentou a seguir um toiro de Falé Filipe que lhe permitiu luzir-se, evidenciando o traquejo ganho na campanha peruana e a excelente forma em que se encontra, reafirmando os triunfos que alcançou este ano em Portugal, terminando da melhor forma a sua temporada.
Eduardo Oliveira actuou em terceiro lugar para que Pedro Gonçalves cortasse a coleta, como era seu desejo, no seu toiro. Esteve a gosto com outro belíssimo exemplar da ganadaria Ribeiro Telles, toureou com a arte e o temple de sempre, desfrutou e fez o público desfrutar do seu bom toureio numa faena plena de sabor e de sentimento. Um regresso às arenas em grande! Quem sabe, jamais esquece. Olé, Eduardo!
O novilheiro Diogo Peseiro preencheu um grande tércio de bandarilhas e esteve sobretudo valente e com atitude frente a um toiro de Falé Filipe que não tinha um passe e o colheu de má maneira mais que uma vez.
Pedro Gonçalves (que era o organizador da corrida) ofereceu-lhe no fim o sobrero da ganadaria Torre D'Onofre, mas Peseiro voltou a não ter sorte. O toiro saíu dos currais com um corno partido e recolheu de novo.
Ao longo da corrida, Pedro Gonçalves esteve brilhante quer a lidar de capote, quer a bandarilhar como nos seus melhores tempos. Deu uma lição na sua última tarde. Uma grande lição.
Com as bandarilhas, nota alta também para Joaquim Oliveira, Nuno Gonçalves e Cláudio Miguel.
Ao início da corrida, Pedro Gonçalves recebeu as homenagens da Câmara de Santarém e da Santa Casa da Misericórdia, bem como de alguns amigos e companheiros. Cortou a coleta com a presença da Mulher e dos dois filhos na arena e deu uma aplaudida e lenta volta à arena, a última.
Sem o encanto que podia e devia ter tido a despedida de um toureiro como Pedro Gonçalves, a corrida foi agradável e emotiva. Valeu por isso. Sobretudo pela emoção. Mas o Pedro merecia mais.
Dirigiu com acerto e aficion Lourenço Luzio.

Mais logo, não perca: os Momentos de Glória da corrida de ontem.

Fotos Emílio de Jesus