quinta-feira, 12 de março de 2020

Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal exige que Covões anule concurso do Campo Pequeno



A Associação de Tertúlia Tauromáquicas de Portugal (ATTP) emitiu este comunicado sobre o que considera - e todos consideramos - a "grave situação que se viva na Praça de Toiros Monumental de Lisboa - Campo Pequeno"

1.  O Campo Pequeno foi criado para organizar corridas de toiros, com fins de beneficência. O edifício da Praça de Toiros do Campo Pequeno só existe por iniciativa de um grupo de aficionados movidos por fins de beneficência. Os aficionados têm, pois, uma palavra a dizer sobre o futuro do imóvel, tanto mais que foi sobre eles que recaiu a responsabilidade de, com as suas entradas, manter vivo o espírito e o corpo do belo imóvel.
2.  A Propriedade da Praça de Toiros do Campo Pequeno passou em 19 de Fevereiro de 1889 para a propriedade da Casa Pia de Lisboa, que agradeceu aos fundadores como é manifesto numa placa destacada na entrada do recinto, e que deveria continuar a agradecer-lhes e a honrar a sua memória. Ao longo das décadas a Casa Pia de Lisboa foi entregando a gestão da Praça a empresários que a conduziram como a Praça de Toiros da Capital de Portugal, que “foi ver uma Toirada” ontem, hoje e sempre irá.
3.  O edifício foi, naturalmente, sofrendo o desgaste do tempo e chegou há um par de décadas o tempo de realizar obras de recuperação. Desde então a situação do Campo Pequeno tem conhecido uma situação administrativa complexa. Após a conclusão das obras de recuperação a Praça do Campo Pequeno tem cumprido o seu papel como tauródromo, organizando um número de espetáculos que, não sendo o mínimo de 20 por temporada a que está obrigada, se situou à volta das 12, número que tem sido generalizadamente considerado razoável face à sua vocação primeira e ao seu potencial comercial;
1.  Recentemente a exploração do Parque de Diversões Campo Pequeno (alcunha que recebeu depois das obras de reabilitação) foi concessionada à empresa Plateia Colossal – Unipessoal, Lda, cuja face pública é o Sr. Álvaro Covões.
2.  Depois de um período de incerteza, beneficiando de uma carta que no ano de 2019 o Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, escreveu a desobrigar a Casa Pia da missão fundacional de organizar corridas de toiros, o Sr. Álvaro Covões veio anunciar a abertura de um concurso de concessão do Campo Pequeno para apenas seis espetáculos por ano, entre a última quinzena de Junho e a primeira semana de Setembro do corrente ano de 2020. Por cada data – indicada pelo Campo Pequeno e não pelo vencedor do concurso - os eventuais vencedores do concurso terão de pagar € 29.850,00 mais IVA à Plateia Colossal.
3.  Este preço situa-se mais de € 11.000,00 acima do valor médio do aluguer do Tauródromo para outros eventos (segundo informação divulgada pela Infocul.pt), o que tornará muito crítica uma gestão da Temporada no Campo Pequeno com a Qualidade e o Preço compatíveis com o bolso dos aficionados. Repare-se que cada vez que se sentar numa bancada, cada aficionado terá pago mais de € 5,00 só para o aluguer da Praça. Isto num ano em que o IVA para os espectáculos tauromáquicos subiu de 6% para 23%.
4.  Se repararmos que  (1) a carta escrita por Fernando Medina a desobrigar a Casa Pia visava acabar com os toiros em Lisboa, mesmo não tendo suporte legal nem político (a decisão não foi discutida em Reunião de Câmara, nem na Assembleia Municipal, onde pelo contrário foi chumbada por ampla maioria uma proposta para terminar os toiros em Lisboa); (2) a imposição do primeiro ministro António Costa de disciplina de voto aos deputados do PS (que a acolheram) de forma a aprovar a subida do IVA, que de outra forma seria chumbada; e (3) que Álvaro Covões, com o concurso acima referido, mais não faz do que criar condicionamentos fortíssimos à viabilidade económica de corridas de toiros no Campo Pequeno, somos forçados a chegar à conclusão de que tudo se passa como se existisse uma ação concertada para vir, a curto prazo, a pôr fim à Festa de Toiros no Campo Pequeno, à revelia da vontade dos Lisboetas e do povo português
O Campo Pequeno tem um valor icónico para os milhões de aficionados portugueses. Trata-se da Praça da Capital de um país que tem na tauromaquia:
1.  uma traço incontornável da sua identidade cultural. Este ataque à tauromaquia e à Praça da Capital tem de ser lido, pois, como mais um ataque à democracia cultural e à liberdade de gosto que tem vindo a motivar os mais intoleráveis e vergonhosos ataques à tauromaquia em Portugal.
Nestes termos, a Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, representando os cidadãos que com as suas entradas pagas sustentam a Festa de Toiros, exige que, em nome dos princípios fundacionais e da memória devida ao Campo Pequeno, a Plateia Colossal anule o concurso nos termos que tornou públicos, e se obrigue a construir em diálogo com os diferentes agentes da Festa um concurso justo para todas as partes e que contribua para engrandecer, nunca para enfraquecer, a Tauromaquia Portuguesa.

Luís Capucha
Presidente da Direção
ATTP-Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal 

Foto D.R.