Com a devida vénia, pela sua importância e oportunidade, transcrevemos o artigo do deputado do PSD da Assembleia Municipal de Lisboa, António Prôa, dado à estampa no último sábado na sua habitual coluna "Back to Basics" no semanário "Sol"
Campo Pequeno:
"Esta é a nossa casa"
António Prôa
Depois de meses de incerteza, chegou o esclarecimento: O Campo Pequeno vai continuar a ser ‘Praça de Touros’. A nova era do Campo Pequeno vai manter a tradição e a sua identidade. Esta notícia esclarece a determinação do novo concessionário do Campo Pequeno e devolve a normalidade da realização de corridas de touros num espaço concedido, construído e mantido para o efeito em Lisboa. Trata-se de uma vitória da liberdade, do respeito pela cultura e pelo direito a gostar de touradas, contrariando tentativas de proibição que não são compatíveis com uma sociedade fundada em valores de liberdade.
No sábado passado, o Campo Pequeno encheu-se de público apreciador da festa brava e de tudo o que a rodeia. O Dia da Tauromaquia decorreu de manhã à noite, reunindo milhares de pessoas de todas as idades (com destaque para os jovens) para acompanharem e participarem em eventos diversos desde a música, com expressões variadas, passando por demonstrações e batismos equestres, espetáculos de dança, folclore, teatro, documentários, exposições, visitas guiadas, apresentação de livros e culminando com um festival taurino com um cartel magnífico.
O Dia da Tauromaquia foi a demonstração do interesse e da vitalidade da tradição, cultura e identidade relacionadas com os touros, e uma manifestação vigorosa da vontade de que o Campo Pequeno continue a ser a casa que acolhe e promove a festa brava.
Alguns dias depois deste evento, o novo concessionário do Campo Pequeno anunciou o concurso para a realização de corridas de touros em 2020, correspondendo à expectativa dos aficionados e afirmando o interesse em manter esta expressão cultural que é indissociável daquele espaço.
A Praça de Touros do Campo Pequeno foi inaugurada em 18 de agosto de 1892 na sequência de uma proposta da Câmara Municipal de Lisboa que concedeu à Casa Pia o terreno para a construção e exploração de um recinto para a realização de touradas, assegurando, deste modo, receitas significativas para a missão social daquela instituição. Não tendo vocação para a organização de espetáculos tauromáquicos, a Casa Pia concedeu a construção e a exploração da praça de touros, garantindo uma renda pela concessão.
O Campo Pequeno foi construído para ser uma praça de touros e para que os espetáculos tauromáquicos fossem fonte de rendimento para a obra social da Casa Pia. A mera suposição de que o Campo Pequeno pudesse deixar de ter a função para que foi construído seria desvirtuar e desrespeitar o seu fundamento. Eliminar as corridas de touros deste espaço seria violentar a sua identidade.
As tentativas de impedir a realização de touradas no Campo Pequeno discutidas na Assembleia Municipal de Lisboa foram sempre derrotadas. Proibir as corridas de touros seria uma violação da liberdade, a censura de uma expressão cultural, uma ditadura de gosto e a tentativa de modelação da identidade.
O Campo Pequeno continua a ser a casa da tauromaquia, a primeira praça de touros de Portugal e espaço de salvaguarda da diversidade cultural que é parte da identidade nacional. Um espetáculo a que só vai quem quer mas ao qual deve ter a liberdade de ir quem quiser.
Fotos Maria Mil-Homens e D.R.