sexta-feira, 6 de março de 2020

Campo Pequeno: a movida já começou!

Até dia 20, data limite para a entrega de propostas, muita especulação vai
surgir e muita tinta vai correr sobre quem é quem na corrida a Lisboa
Se é muito caro, unam-se, senhores empresários, criem um consórcio, concorram
juntos, mas não deixem morrer o Campo Pequeno. Em baixo, Rafael Vilhais à
porta da empresa da praça de toiros. Se a foto fosse de hoje, dir-se-ia que tinha
ido levantar o caderno de encargos, como já por aí constou. Mas o empresário
desmente que o tenha feito. E a foto já tem uns anos, foi ainda captada pelo
nosos querido e saudoso Emílio

A movida já começou. Ferreira Paulo é o primeiro candidato oficial ao concurso do Campo Pequeno. Fala-se de muitos outros. A especulação promete agora tomar conta do caso que vai agitar as hostes taurinas nacionais...

Miguel Alvarenga - Agora e até ao próximo dia 20, data limite para a apresentação das propostas concorrentes ao Campo Pequeno para a realização de seis corridas nesta temporada, muita água promete correr sob as pontes e muita tinta vai ser gasta para especular se este ou aquele vai ser candidato e com quem por trás. Se é normal isso acontecer nos concursos das praças de toiros, no da de Lisboa vai ser um verdadeiro pandemónio...
José Manuel Ferreira Paulo (Cachapim) anunciou ontem que concorrerá e é, para já, o primeiro candidato oficial. Fala-se em muitos outros... Fala-se em "homens do dinheiro" e fala-se em empresários que se podem aventurar. Diz-se muita coisa e referem-se vários nomes...
Rafael Vilhais (foto ao lado) é um deles. Diz-se mesmo que já terá levantado o caderno de encargos, mas o empresário desmente. "Não levantei, mas tenciono levantá-lo e analisá-lo. Se vou concorrer ou não, só depois decidirei", disse esta manhã ao "Farpas".
Alguns sites taurinos já fizeram contas e já manifestaram algum "alarme" quase dando a entender que só um "milionário" pode fazer face ao caderno de encargos disponibilizado pela empresa Plateia Colossal de Álvaro Covões. Há mesmo quem tenha avançado que, face ao "dinheirão" exigido, se pode dar o caso de nenhum empresário concorrer. O que seria fatal. Mas não vai acontecer certamente. Pelo menos Ferreira Paulo já disse que estava na corrida.
Uma coisa é certa: Álvaro Covões, contrariamente ao que se temia, não será o "Coveiro" da Festa, nem vai inviabilizar a continuidade das touradas em Lisboa. Ele já fez o que tinha a fazer: abriu um concurso (coisa que há muitos anos não acontecia no Campo Pequeno).
A meu ver, o único erro que cometeu e que foi, acima de tudo, uma injustiça, talvez não propriamente um erro, foi não ter, antes de avançar para a realização de um concurso, ter ouvido primeiro Rui Bento, que foi nos últimos catorze anos o homem certo no lugar certo e merecia, até por uma questão de lógica, ter sido auscultado antes de todos os outros. Terá havido, presumo, talvez não por parte de Covões, mas de alguém, uma má vontade e uma clara intenção de não dar continuidade à equipa que nos últimos anos e desde a reinauguração, com defeitos, mas com muitas e mais virtudes, levou a bom porto o seu trabalho e tão alto elevou o prestígio e o carisma do Campo Pequeno aquém e além-mar. Um dia, acredito, será feita justiça a Rui Bento. Aos empresários Borges, que levaram a cabo a monumental obra de restauração e modernização da praça e depois ficaram sem ela. E até a Paula Resende, que se apaixonou pelos holofotes de um espectáculo que não conhecia e contribuiu de forma extremamemte positiva (não digam o contrário, que é injusto), nos últimos seis anos, para a elevação da Tauromaquia na praça que é o barómetro de todas as demais. Mas isso agora são contas de um outro rosário - que um dia hão-se der feitas.
Neste momento, repito, Álvaro Covões já não é o "papão" que ia acabar com as touradas em Lisboa. A faca e o queijo ficaram agora nas mãos dos taurinos. Cabe-lhes a eles a partir deste momento assegurar a continuidade do emblemático Campo Pequeno como primeira praça de toiros do país.
É muito caro? Paciência, amanhem-se, meus senhores, dêm o corpo ao manifesto e cheguem-se à frente, montem seis grandes corridas para encher/esgotar a praça e garantam que as touradas não acabam em Lisboa. Isso agora é o que é preciso. Unam-se, reunam-se, concorram juntos, façam como entenderem, mas apresentem pelo menos uma proposta válida e que reúna as condições para ser aceite.
À partida, está excluída a possibilidade de se candidatarem empresas estrangeiras, espanholas nomeadamente, uma vez que no comunicado que anteontem anunciou a abertura do concurso está bem explícito que "só serão admiitidas a concurso empresas com mais de três anos de existência e com inequívocas e reconhecidas provas dadas na organização de eventos do género em Portugal".
A referência a Portugal afasta a hipótese de uma empresa espanhola (Simón Casas, por exemplo, outro nome de que se falou) poder concorrer às seis datas do Campo Pequeno.
O caderno de encargos estabelece, como mínimo, o valor de 29.850 euros pelo aluguer de cada uma das seis datas, acrescido de IVA, o que representa cerca de 35 mil euros. E refere, ao contrário de outros concursos de praças de toiros, como por exemplo o da Moita, que a proposta vencedora não será "a melhor" em termos de qualidade, mas "a maior" em termos financeiros. Ou seja, será escolhida a que mais dinheiro oferecer. Covões está no direito de assim agir. É legítimo que o faça. O seu negócio é a música e não os toiros. Mas o seu negócio é dinheiro acima de tudo.
Vai agora tocar guitarra quem unhas tiver. Mas é urgente e necessário que se oiçam os acordes.
Mãos à obra, senhores empresários! Não deixem morrer o Campo Pequeno!

Fotos D.R. e Emílio de Jesus/Arquivo