domingo, 1 de março de 2020

"Esta é a Nossa Casa!" - e assim demonstrámos ontem que a razão da nossa força é a força da nossa razão!

Praça cheia até às bandeiras, toureiros na arena a deixar bem claro que "Esta
é a Nossa Casa" e Manuel Alegre a defender de forma magistral a Cultura
Tauromáquica contra a Ditadura dos que nos querem proibir de ser aficionados -
os momentos mais altos e mais importantes do fantástico Dia da Tauromaquia
que ontem se celebrou no Campo Pequeno com milhares de pessoas a dizer
presente e a manifestar claramente a força da nossa razão


Discurso de Manuel Alegre, um verdadeiro manifesto a favor da Tauromaquia, contra a ditadura de um governo que nos quer proibir de ser aficionados; e a resposta do público, que encheu a praça até às bandeiras e mostrou que a razão da nossa força é mesmo a força da nossa razão, foram ontem os momentos mais significativos, mais altos e mais importantes de um dia que marcou o mundo tauromáquico nacional e a sua afirmação na praça de toiros do Campo Pequeno

Miguel Alvarenga - Desde manhã e apesar da chuva que se fez sentir a abrir o dia, que milhares de aficionados se concentraram ontem na praça de toiros do Campo Pequeno - contra meia dúzia que protestavam do outro lado da avenida - para deixar bem claro que a Tauromaquia está viva e que a razão da nossa força continua a ser, inequivocamente, a força da nossa razão.
O vibrante e já histórico discurso de Manuel Alegre, à tarde, na apresentação do livro biográfico do matador de toiros Mário Coelho, foi o momento alto da celebração do Dia da Tauromaquia, uma brilhante e louvável iniciativa da Federação ProToiro que constituiu um sucesso muito acima de todas as expectativas e demonstrou, sem espaço para qualquer equívoco, que a Festa de Toiros é e continua a ser uma das maiores e mais enraizadas manifestações da nossa Cultura, das nossas Tradições e da nossa própria História - apesar de vivermos um momento complicado e em que nos pretendem impor uma Ditadura de gosto contrário.

Manuel Alegre: um Manifesto em prol da Tauromaquia

O discurso de Manuel Alegre - que podem ouvir no video que em boa hora nos disponibilizou o jornalista Hugo Calado no seu site toureio.pt e que já esta manhã aqui publicámos, com a devida vénia - constituiu um verdadeiro e deveras importante Manifesto (que devia ser editado e publicado) em prol da Cultura Tauromáquica.
O histórico político socialista deixou bem claro que "não se pode restingir ou reprimir o direito de ser aficionado e o direito de gostar" e condenou claramente o governo do seu próprio partido e a ministra da Cultura quando afirmou que a subida do IVA dos espectáculos tauromáquicos se tratou de uma medida "claramente inconstitucional".
Este foi, sem margem para dúvidas, o primeiro e grande momento alto do Dia da Tauromaquia que ontem se celebrou no Campo Pequeno e o segundo - pese embora muitos outros que tiveram lugar e em que há também a destacar o bonito espectáculo equestre de Miguel da Fonsesa, dos restantes cavaleiros que o acompanharam, das duas bailarinas e dos campinos que tão bem interpretaram o Fandango e dos três intérpretes do Fado Marialva - foi a resposta que o público deu, manifestando o espírito de união e de força que foi a tónica dominante desta grande celebração, ao encher até às bandeiras a praça de toiros para assistir ao festival taurino que encerrou o evento e terminou com uma verdadeira manifestação de todos os toureiros na arena exibindo uma faixa onde se lia "Esta é a Nossa Casa", com os aficionados de pé a aplaudirem.

Público disse 'presente!' e encheu a praça

Desta vez e porque o triunfo maior não foi de um nem de dois, mas de todos - os que actuaram, os que encheram a praça e os que viveram, unidos, este dia de emoções e que não foi só de uma, mas de todas as tauromaquias! - não me irei alongar em detalhadas apreciações às prestações dos artistas.
Limitar-me-ei, de forma sucinta, a louvar as lides, as faenas e as pegas de todos eles. Assim: António Ribeiro Telles teve uma actuação de cátedra, verdadeiramente magistral; Ana Batista iniciou com toda a sua classe e o seu enorme valor a época de comemoração dos seus vinte anos de carreira profissional (alternativa); Francisco Palha trouxe a Lisboa a ousadia da sua garra de toureiro de risco; e Luis Rouxinol Júnior, que é detentor de uma fantástica quadra de cavalos, quis mostrar o novo craque que em finais do ano passado adquiriu a Moura Jr. e com o qual ontem não se entendeu na perfeição. Exemplar a explsoão que o público aficionado teve com o toureio a pé, como ali se não registava com tanto entusiasmo desde a ainda recente apatia dos lisboetas com Padilla. Nuno Casquinha deixou ontem o Campo Pequeno em verdadeiro alvoçoro com a entrega, o profissionalismo e o imenso poderio com que lidou de capote, bandarilhou e toureou de muleta o fantástico novilho de Calejo Pires, que teve honras de chamada à praça do maioral da ganadaria para o acompanhar em duas calorosas voltas à arena. E João Silva "Juanito", com outro novilho da mesma ganadaria, mais complicado, deixou na praça o perfume da sua arte e constância do seu muito valor como fino e artístico muletero.
Pegaram os Amadores de Santarém (Salvador Ribeiro de Almeida à segunda e António Queiroz e Melo à primeira) e os de Lisboa (António Galamba à quarta tentativa e Tiago Silva à primeira).
Nota alta, também, para o bom jogo dado pelos quatro novilhos-toiros da ganadaria Ribeiro Telles que foram lidados a cavalo, também com honras de volta à arena, merecida, para o representante da divisa, Manuel R. Telles, no quinto da ordem, lidado por Francisco Palha.
O director do festejo foi Fábio Costa, que tardou em conceder música a António Telles e a Ana Batista, mas daí para a frente terá tomado consciência de que a hora tinha que ser mesmo de festa e de alegria e foi então mais condescendente a mandar a banda tocar, sem favor, com merecimento, mais cedo, para os seguintes intervenientes.
Por fim, uma palavra de elogio e de louvor ao público aficionado que ontem encheu o Campo Pequeno numa clara e bem demonstrativa manifestação de união e de força em prol da Tauromaquia e que foi sobretudo em prol da contitnuidade das corridas de toiros na primeira praça do país.
O pouco inteligente e quase patético - e que poderia ter constituído um desastre - anúncio feito pela ProToiro, dois dias antes, de que iria estrear um novo canalzeco no Facebook (não em nenhuma das operadoras de televisão, como era o caso do desaparecido Campo Pequeno TV) e que o festival iria ser transmitido em directo, foi um tiro no pé que podia ter desmobilizado muita gente e que se podia ter traduzido num verdadeiro fracasso. Nós, aqui no "Farpas", reagimos com todas as forças, procurando desmotivar o público de ficar em casa. A esmagadora maioria dos sites taurinos não publicou esse despropositado anúncio da ProToiro e não deu qualquer importância à badalada transmissão televisiva.
Mesmo assim, amigos alentejanos com quem ontem falei por telefone, durante a tarde, disseram que não viriam a Lisboa porque o festival ia dar em directo no Facebook... Mas, apesar desse deslize lamentável (e por sorte, não fatal) dos organizadores, a verdade é que o público aficionado teve o bom senso de o ignorar e de marcar presença em força na praça. Valeu-nos isso.

Corridas vão continuar no Campo Pequeno

Por fim, o anúncio de que a esperança não morreu - e se mantém. Depois de tanta indefinição, surgiu ontem no final do festival, à boca cheia, mesmo ainda sem certezas absolutas - mas já com alguma consistência - a notícia de que o Campo Pequeno não vai ficar sem touradas e que pode mesmo ser palco de dez ou doze, no mínimo oito, durante este ano. Só não se sabe quem as vai promover. Se será uma única empresa (há pelo menos três interessadas), se serão umas corridas dadas por uns e outras por outros. Mas isso agora é o que menos importa - desde que haja, de facto, corridas. E parece que sim.
Vivemos ontem um autêntico Hino à Glória da Arte Tauromáquica - e à sua continuidade nesta bonita e emblemática praça que foi inaugurada há 128 anos precisamente com o objectivo de ser o palco principal das corridas de toiros em Portugal.
Manuel Alegre, no seu histórico discurso e a Federação ProToiro, na sua criteriosa e bem sucedida organização de todo o evento, foram ontem os maiores triunfadores. Além de todos os artistas que ali deixaram pinceladas da sua arte. E dos milhares de aficionados que souberam dizer presente e dessa forma não deixaram cair por terra a força da sua razão.

Fotos M. Alvarenga