Conselho do Governo deve ser seguido à risca. Em eventos para mais de 5 mil pessoas que não sejam cancelados, só se deve ir nesta figura |
Estive no ano passado no Campo Pequeno cercado por chineses numa tourada. Se fosse nos dias de hoje, há muito que já estava de quarentena... |
Em Beja devíamos ir ajudar as crianças com cancro e na Moita impunha-se que fossemos apoiar a Escola de Toureio. Mas manter de pé esses espectáculos, depois do Governo ter aconselhado a suspender ou adiar eventos para mais de 5 mil pessoas é mais que uma povocação, é uma inconsciência. Os homens dos toiros não costumam ser assim...
Miguel Alvarenga - Reagimos (o Governo) tarde, como é costume, mas reagimos finalmente. Para precaver a propagação do coronavírus, o Ministério da Saúde anunciou ontem algumas medidas, entre as quais (a que nos toca) aconselhar ao cancelamento ou adiamento de eventos para mais de cinco mil pessoas. Prevê-se que a epidemia esteja controlada lá para finais de Maio e que a partir de Junho tude volte à normalidade, mas até lá, não vá o diabo (ou algum chinoca) tecê-las, o melhor mesmo é seguir o conselho do Governo.
A Misericórdia de Almeirim, proprietária da Monumental que, segundo a enciclopédia Wikipédia (internet), tem capacidade para 5.600 espectadores, apressou-se ontem a adiar (para data a anunciar) a corrida que estava agendada para o dia 5 de Abril. A Praça Maior, associação que gere a Monumental de Santarém (segundo a mesma Wikipédia, com capacidade para 13.179 espectadores) ainda não tomou posição quanto à corrida agendada para o próximo dia 22.
Não sou, por natureza, minimamente alarmista, nem costumo entrar em histeria com coisas destas ou outras, mas começa a parecer-me que isto do coronavírus, até que seja debelado, se for, não é coisa com que se brinque.
Por isso, considero que manter de pé espectáculos/eventos em recintos para mais de cinco mil pessoas, depois do conselho do Ministério da Saúde para os cancelar ou adiar, é um acto inconsciente de quem os promove. Agravado pela possibilidade de o público não comparecer. Nessas coisas de perigo para a saúde pública, o portuguesinho é muito receoso e por certo acatará o conselho governamental.
Já foram cancelados concertos musicais e outra espécie de eventos. Será, presume-se, uma coisa passageira e acredita-se que a partir de Junho tudo volte à normalidade.
Surpreendentemente, os organizadores dos festivais taurinos deste fim de semana em Beja e na Moita mantêm esses eventos de pé. Segundo a referida Wikipédia, a lotação da praça de Beja é de 5.000 lugares mas o empresário Ferreira Paulo rectifica e diz que a lotação é de 3.330 lugares; e a da Moita de 5.150, ou seja, são dois espaços onde não é aconselhável nesta altura realizarem-se eventos. Levá-los a efeito, apesar de tudo, pode ser interpretado como uma espécie de provocação - ou mesmo uma ousadia, arriscando a falta de comparência de público.
Bem sabemos que o momento não é o melhor para a Tauromaquia e que é necessário e urgente, como o fizemos no Campo Pequeno no Dia da Tauromaquia e no sábado passado em Alcochete, enchermos as praças e mostrarmos a nossa força. Mas uma coisa é enchermos uma praça em circunstâncias normais e outra é enchermos uma praça com o risco de sairmos de lá todos "coronavirados", ou seja, todos infectados. Neste momento, é preciso ser consciente - e não correr riscos.
Paulo Pessoa de Carvalho, que é presidente da Associação de Empresários Tauromáquicos, desdramatizou a situação numa entrevista que concedeu ao site toureio.pt. Diz mais ou menos que não existe um plano B e que também não existe caso para alarme. Tá bem, abelha.
Eu, por mim, não arrisco. Tenham paciência, mas em locais com aglomerações de cerca de 5 mil pessoas não me apanham tão cedo. Sigo à risca o conselho da ministra da Saúde. Posso ser doido, mas inconsciente não sou. Credo, cruzes, canhoto!
Fotos D.R, Maria Mil-Homens e M. Alvarenga