segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ontem em Espanha: os dois lados da moeda para os portugueses

Rui Fernandes ontem em Las Ventas: fecharam-lhe a "porta grande"
Moura Caetano triunfou em Madrid, mesmo sem lhe concederem orelhas
João Moura Jr. com Ventura ontem em ombros em Plasencia

Miguel Alvarenga - Rui Fernandes e João Moura Caetano protagonizaram ontem em Madrid um "caso" que importa destacar e analisar: triunfando, foram escandalosamente impedidos pelo presidente da corrida de "cantar mais alto" esses seus triunfos, privados que ficaram de obter cada qual as merecidas orelhas (Rui cortou uma, Caetano não) que lhes permitiriam a desejada saída em ombros pela "porta grande" da mais importante praça de toiros do mundo. Mesmo sem as cortar, provaram, no entanto, que estiveram à altura de o fazer. E que são dois toureiros aptos para o fazer. Importa lembrar o carinho e o respeito com que o público reconheceu isso mesmo ontem em Las Ventas.
Independentemente da legalidade, ou não, com que a máxima autoridade em praça impediu os dois portugueses da merecida saída triunfal aos ombros, importa ainda destacar a legitimidade com que o público e a imprensa reagiram contra essa atitude do presidente. Os dois cavaleiros foram aplaudidos e as petições de orelhas, assim como as broncas ao presidente, foram significativas. As orelhas que Caetano não cortou foram substituídas, com toda a legitimidade, por uma aplaudida volta ao ruedo. A segunda orelha que Fernandes não cortou acabou por lhe ser "concedida" pelo tributo final com que o público ovacionou a sua passagem pela arena de Las Ventas. Como dizia o outro, vão-se os anéis, mas ficam os dedos! Foram-se, neste caso, as orelhas, mas ficaram os aplausos e o reconhecimento da afición por dois toureiros que não passaram despercebidos por Madrid.
Melhor sorte teve João Moura Júnior, que na semana anterior acabou por ser o único cavaleiro português a sair em ombros de Madrid, depois de dias antes ter alcançado idêntica honraria em Nimes e de ontem a ter voltado a repetir em Plasencia.
Trouxe-me este trio à memória o célebre e ainda lembrado "Trio da Apoteose", que eu mesmo assim baptizei nas páginas de "O Diabo" nos idos anos de 80 e a que os empresários Rogério Amaro e "Nené" deram andamento, enchendo praças e motivando euforias nas bancadas. Formavam-no João Moura, Paulo Caetano e Joaquim Bastinhas. Numa ou noutra ocasião, por falta forçada de um deles, entrava outro que estivesse "na berra". Mas havia um trio que levava gente às praças. E que encheu muitas, nesse tempo.
Rui Fernandes, João Moura Jr. e João Moura Caetano (até pela "rivalidade" entre os clãs a que pertencem os dois últimos) podiam, neste momento, fazer ressuscitar o "Trio da Apoteose" em edição "revista e actualizada". Onde, numa ou noutra vez, poderiam entrar Marcos Bastinhas, Duarte Pinto, Francisco Palha, João Telles ou Manuel Telles Bastos ou qualquer um dos jovens que se continuam dia-a-dia a afirmar.
É preciso que "isto" leve uma volta urgente. E a "receita" para tal pode não ser tão complicada como se pensa...

Fotos Paloma Aguilar/www.las-ventas.com, Ricardo Relvas e Carlos Nuñez