Com trinta anos de antecedência, Amadeu dos Anjos preconizou a nova arte de tourear a pé e a verdade é que, como ontem recordou o crítico taurino Domingos da Costa Xavier, as grandes figuras da actualidade ainda hoje o seguem e se inspiram nas inovações que o Maestro trouxe para as arenas.
Rodeado de bons amigos, familiares, antigos toureiros e da fina-flor dos ganadeiros - presenças de luxo de D. Eduardo de Guedes Queiroz (Conde de Cabral), Manuel Veiga, Fernandes de Castro e Bernardo de Vasconcellos - o Maestro Amadeu dos Anjos foi ontem em Lisboa o grande protagonista da noite de homenagem que lhe foi, muito merecida e justamente, prestada pela Tertúlia Tauromáquica "A Mexicana", presidida por Joaquim Tapada, cronista do "Correio da Manhã" e autor de um livro (que merece ser actualizado e reeditado, como frisou Domingos Xavier) sobre a história dos matadores de toiros portugueses. Este jantar, com casa cheia e que decorreu no restaurante da emblemática pastelaria lisboeta "A Mexicana", assinalou também o 7º aniversário desta Tertúlia Tauromáquica, que tem rendido tributo ao longo dos anos a grandes figuras da nossa Tauromaquia.
Domingos da Costa Xavier, com a eloquência e o brilhantismo que o caracterizam, traçou em breves, mas bem sentidas palavras, a trajectória do toureiro nortenho (natural da aldeia beirã de Safurdão) e recordou momentos de muita graça que afirmam o carácter e a vincada personalidade do Maestro Amadeu dos Anjos, como "aquela vez em que a secreta foi chamada a um hotel onde se tinham hospedado D. Afonso Henriques, de profissão rei (o próprio Amadeu) e o aio Egas Moniz, que não era mais que o seu saudoso bandarilheiro José Agostinho dos Santos".
O matador que tão alto elevou em arenas de Espanha o nome de Portugal e que foi, e é ainda, um verdadeiro ídolo em Salamanca, assinalou em Setembro do ano passado os 50 anos da sua recordada alternativa em La Glorieta, apadrinhado por Paco Camino, com o testemunho de "El Cordobés" (que cartel!). Por circunstâncias várias, recordou Joaquim Tapada, "não foi possível na altura realizar este homenagem", mas mais vale tarde que nunca e ontem a Tertúia "A Mexicana" rendeu finalmente tributo a um dos maiores nomes do nosso toureio a pé. Antes do acto, o presidente da Tertúlia leu duas missivas enviadas, respectivamente, pelo cavaleiro José Zuquete e pelo matador Rui Bento que, impossibilitados de estar presentes, não quiseram deixar de se associar à homenagem ao Maestro.
No final, emocionado, Amadeu dos Anjos agradeceu o facto de "ainda se lembrarem e reconhecerem o que fui e o que fiz nas arenas" e confessou "ter sentido hoje, aqui, perante tão fantástica elite, o ambiente de sonho que vivi nesses lembrados anos de 60 e de 70". Triunfal saída em ombros. Como sempre! Olé, Toureiro!
Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com