segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Évora (sábado): pouco público, bom toureio e duras pegas

Mestria de João Moura foi a luz das suas duas actuações
Vitor Ribeiro reencontrou-se depois dos desaires em Lisboa e Vila Franca. Desta
vez não teve azar com os toiros e foram seus os grandes ferros da corrida
Público vibrou com a raça e a garra do colombiano Jacobo Botero
Forcados de Santarém e Évora tiveram tarde dura no passado sábado frente aos
toiros de Manuel Coimbra e de Passanha, que não foram fáceis para as pegas

Miguel Alvarenga - Inicialmente marcada para final de Setembro, a primeira corrida do Lusitano Ginásio Clube de Évora foi transferida para o passado sábado, dia 11, com o erro (crasso) de coincidir com as tradicionais e muito concorridas festas de Vila Boim (Elvas), o que impediu muitos aficionados alentejanos de se deslocarem à praça da cidade-museu - que registou uma fraquíssima presença de público nas bancadas, apesar do atractivo cartel.
Aliás, cabe aqui abrir um parentisis para lamentar a falta de sensibilidade (ou de outra coisa qualquer) dos nossos empresários nesta recta final da temporada: só para o próximo domingo, dia 19, estão anunciados (se o tempo o permitir, que isso agora é a grande incógnita) três festivais taurinos, nomeadamente em Vila Franca, no Montijo e em Beja (este último, foi adiado do último sábado para a mesmíssima data em que já estavam anunciados os dois primeiros - lembra ao diabo?...). Assim, com estes desentendimentos e maus alinhamentos, não vamos longe...
Por dois toiros de Manuel Coimbra se terem inutilizado na embolação, foi a corrida "partida" ao meio, lidaram-se na primeira parte três toiros desta anunciada ganadaria e na segunda, outros tantos da ganadaria Passanha, havendo a destacar que os seis tiveram bom comportamento e "se deixaram" lidar, proporcionando boas lides aos três cavaleiros.
Bem dirigida por Pedro Reinhardt, assessorado pela médica veterinária Drª Ana Gião Gomes, a corrida decorreu com bom ritmo e viu-se com agrado e dentro do rame-rame em que decorreu praticamente toda esta temporada, sem nada de novo a assinalar, não fosse o usual plano de maestria em que se exibiu João Moura, brilhando sobretudo nos recortes, na brega e na forma como mexeu nos toiros, como só ele sabe; o reencontro de Vitor Ribeiro depois dos desaires e dos azares de Lisboa e Vila Franca, sendo aqui autor dos melhores e mais emotivos ferros da corrida; e a "explosão" do colombiano Jacobo Botero, que foi o que mais chegou ao público, o que mais aqueceu a tarde e o que mais aplausos teve, pelo que se pode considerar o triunfador de Évora.
Os forcados de Santarém e de Évora não tiveram tarefa facilitada. Os toiros de Coimbra foram mais suaves, os de Passanha empurraram e bateram forte na rapaziada das jaquetas de ramagens.
Pegaram por Santarém os forcados João Grave (bem, à primeira), António Goes (valente, à segunda) e David Inácio, que consumou à primeira e com ajudas carregadas, depois de uma tentativa de cernelha por José Carrilho e Miguel Romão Tavares (deficientemente concretizada, já que o cernelheiro só chegou ao toiro algum tempo depois do rabejador e por isso o grupo saltou para concretizar a pega de caras).
Pelo grupo de Évora pegaram João Pedro Oliveira (à quarta), Ricardo Sousa (à primeira, a pega da tarde) e Francisco Oliveira (à terceira).
Destaque para a intervenção do eficiente bandarilheiro Nuno Silva, da quadrilha de Vitor Ribeiro, num oportuno quite a um forcado na segunda pega da tarde.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com