segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Fantástico, fiquei fã: o espírito de Vila Boim

Há alguns anos que o Paulo Pessoa de Carvalho é um empenhado colaborador
destas festas únicas em Vila Boim

Miguel Alvarenga - Vila Boim, ali a dois passos de Elvas, é local de peregrinação dos bons aficionados desde que Luis Fernando Carvalho e os Romeiros ali incrementaram esta "Fiesta Toureira", que se resume a uma tenda de comes e bebes e espectáculos musicais, paredes meias com uma praça de toiros que ali está instalada desde 2008 e onde por esta altura se realiza um festival e outros espectáculos taurinos, com a preciosa ajuda de Paulo Pessoa de Carvalho e a sempre dinâmica colaboração de Manuel Rovisco, valente forcado dos Amadores de Évora e um dos grandes inpulsionadores destes festejos na sua terra.
A referida tenda é um autêntico e refinado santuário para os que ainda vivem e respiram o ar saudável do gosto pelas lusas tradições, pela Festa Brava e por um simbólico sentir da alma portuguesa. Dir-se-ia que se respira ali, em ponto pequeno, mas suficiente e bom, o ar que noutros tempos se respirava na que era a verdadeira e genuína Feira da Golegã.
Por lá encontrei figuras tão importantes da nossa tauromaquia como o Engº José Samuel Lupi (com quem tivemos a honra e o gosto de almoçar no sábado, juntamente com seu filho João e sua Mulher, com José Manuel Pires da Costa e com o simpático director de corridas Manuel Gama e sua namorada, Margarida da Câmara Pereira, filha da minha querida amiga Francisca), o Engº José Luis Sommer d'Andrade (com quem conversei animadamente e a quem dei a mão a palmatória, dando razão a praticamente tudo o que afirmou naquela polémica entrevista ao site "naturales", que povocou um veto dos toureiros aos seus toiros, entretanto já esquecido...), o ganadero António Francisco Veiga Teixeira e tantos mais, que não seria fácil estar aqui uma tarde inteira a enumerá-los.
Foi a primeira vez que estive nas festas de Vila Boim. Estreei-me a jantar na sexta-feira, onde à tarde se lidaram novilhos espectaculares de Manuel Calejo Pires num festejo de jovens alunos de escolas de toureio de Portugal e de Espanha; e voltei no sábado para o magnífico almoço em tão boa companhia, começando depois a assistir ao festival, mas não passando das cortesias, tal a chuvada que caíu (e que não foi nada, contaram-me depois, com a que veio a seguir...), rumando a Évora, onde acabámos por assistir à corrida. Foi pena, porque me apetecia imenso ficar em Vila Boim, ver o festival e assistir, à noite, à estreia do filho de António Telles e do neto do Engº José Lupi, espectáculo este que não chegou a realizar-se por mau tempo.
No festival, contaram-me, os mais destacados triunfos foram do cavaleiro João Maria Branco (que até estreou um promissor cavalo novo, o "Coiote") e do novilheiro João Augusto Moura (com um magnífico novilho da sua fantástica ganadaria, Torre de Onofre), havendo a registar também boas actuações de Manuel Lupi, Salgueiro da Costa e Manuel Vacas de Carvalho e dos novilheiros Manuel Dias Gomes e Tomás Angulo (espanhol), bem como da rapaziada nova dos grupos de forcados de Évora e Académicos de Elvas.
O espírito de Vila Boim e destas suas festas ficou-me gravado no coração. A organização é impecável, a arte de bem receber é apanágio das suas gentes. Nunca mais vou perder uma festa em Vila Boim. Oxalá o tempo, para o ano, seja mais convidativo. Mas faça chuva ou faça sol, lá estaremos de novo.

Fotos M. Alvarenga e Marco Gomes