sexta-feira, 14 de outubro de 2016

As palavras de Paulo Pereira sobre o saudoso "Quim-Zé"

Paulo Pereira ontem no uso da palavra no acto de homenagem à memória
do cavaleiro Joaquim José Correia no Museu do Campo Pequeno
António Correia Pires, primo direito de "Quim-Zé", ontem à conversa com Rui
Bento. Em baixo, a Drª Paula Resende, Dr. Paulo Pereira e Susana Correia,
sobrinha do saudoso cavaleiro

Aqui ficam as palavras do Dr. Paulo Pereira, ontem, na cerimónia evocativa da memória do cavaleiro Joaquim José Correia, morto por um toiro na antiga arena de Lisboa há meio século (16 de Outubro de 1966), que decorreu ao final da tarde no Museu da praça do Campo Pequeno:

Aos 21 anos, a nossa cabeça está povoada de sonhos e de projectos. São as expectativas da sua realização o que nos motiva a ir em frente, a ultrapassar obstáculos. Os 21 anos são um “tempo de vida”. Ninguém pensa morrer aos 21 anos.
Pela cabeça dos que assistimos ao festival de 16 de Outubro de 1966, a favor do Orfanato Escola Santa Isabel, nunca passou certamente a ideia de que iríamos ser testemunhas de uma tragédia que enlutou e marcou não só a história desta praça como a própria historia do toureio. Nessa tarde morreu na arena do Campo Pequeno, vítima de colhida, um dos cavaleiros que figurava no cartaz. Seu nome: Joaquim José Correia. Completava nesse dia 21 anos de idade. Deu a vida por uma causa, por pura filantropia, para com a obra assistencial do Orfanato Escola Santa Isabel.
Apesar de a mitologia associar o touro à vida, à força vital, todos reconhecemos que este magnifico animal pode também representar um perigo de morte,
Numa revista publicada poucas semanas após a sua morte, foram divulgadas algumas passagens do diário de Joaquim José Correia, ou do “Quim-Zé”, como popularmente era conhecido. Trago-vos aqui uma pequena passagem desse diário, que é um verdadeiro auto-retrato do artista.
“Sinto um desejo enorme de proteger alguém. Tourear é a única razão porque existo. Cavalos e toiros eis o meu sonho. Não por vaidade mas por ideal, ou talvez para encontrar a razão da minha existência”.
Meio século depois, quis a SRUCP, de uma forma simples mas sentida, evocar a memória deste jovem para o qual todos augurávamos um futuro brilhante, mas que Deus assim não quis.

Paulo Pereira

Fotos M. Alvarenga