segunda-feira, 19 de junho de 2017

"El País" põe o dedo na ferida: persistem as incógnitas sobre a morte de Fandiño

A dor estampada no rosto do toureiro quando era transportado para a enfermaria
da praça de Aire Sur l'Adour, onde terá estado uma hora anestesiado até que o
transportaram finalmente para o hospital de Mont de Marsan, que dista 33
quilómetros, vindo a morrer durante esse trajecto 
O momento exacto em que Fandiño caíu na arena e o toiro investia sobre ele,
infringindo-lhe a cornada fatal
Duas fotos impressionantes de Dolores de Lara e Paloma Aguilar que retratam
o momento em que Fandiño caíu na arena de Madrid, em 22 de Junho de 2013,
vítima de uma cornada na coxa direita, colhida esta que o impediu de tourear
na corrida em que estava anunciado no mês de Julho desse ano em Lisboa
e onde iria receber o Galardão "Campo Pequeno" como triunfador de 2012


"Não existe ainda um comunicado oficial e desconhecem-se os cuidados que recebeu na enfermaria" - o jornalista espanhol António Lorca põe hoje o dedo na ferida e afirma que "persistem as incógnitas sobre a morte de Fandiño", num artigo que está a dar brado e foi dado à estampa na edição digital do jornal "El País".
Escreve:
"Quando se cumpriram as 36 horas da morte do toureiro Iván Fandiño no hospital da cidade francesa de Mont de Marsan, ainda não existe um comunicado oficial sobre as causas do seu falecimento, nem se conhecem as atenções que o ferido recebeu na enfermaria da praça de Aire Sur l'Adour, nem os meios sanitários com que esta contava e nem sequer se havia uma ambulância no recinto".
E acrescenta:
"Desconhece-se a razão por que o toureiro permaneceu sedado na enfermaria durante quase uma hora, segundo o testemunho de um membro da sua quadrilha, antes de ser transportado ao hospital de Mont de Marsan, onde certificaram a sua morte. Tão pouco informaram as autoridades sanitárias francesas se se realizou a autópsia ao cadáver do toureiro".
"A gravidade do acidente - continua António Lorca - foi reconhecida no mesmo momento em que as quadrilhas trataram de o levar da arena, tanto que o próprio Fandiño chegou a dizer ao matador francês Thomas Dufau: 'Que me levem rápido ao hospital, que estou a morrer', supostamente as últimas palavras que proferiu o toureiro vasco".
Escreve ainda o jornalista:
"A partir de que o toureiro entra na enfermaria estabelece-se um muro de silêncio que permanece até ao momento. Ante a suposta gravidade das feridas, Fandiño foi sedado (anestesiado) e assim permaneceu até ao posterior transporte para o hospital. Só há umas declarações do chefe de serviços do Hospital Layné de Mont de Marsan, Professor Poirier, recolhidas pela agência Efe, nas quais assinala que 'os médicos que o socorreram não puderam fazer nada pela sua vida' e que Fandiño entrou na enfermaria 'praticamente sem pulso, o fígado tinha rebentado e a veia cava tinha sido também seccionada' pelo piton do toiro. Fandiño morreu no transporte de ambulância entre Aire Sur l'Adour e Mont de Marsan, no decurso do trajecto de 33 quilómetros que separa ambas as cidades, depois de não superar uma paragem cardíaca e depois também de sofrer um importante derrame interno que o levou a acumular 'três litros e meio de sangue negro proveniente das glândulas hepáticas', explicou Poirier".
"O óbito foi certificado perto das 21h30 da noite, hora espanhola, quase noventa minutos depois do fatal acidente, ainda que o médico francês insista que a morte era 'inevitável', pois os danos que sofreu no fígado, rim e pulmões eram 'irreversíveis' e nem na enfermaria da praça, nem no hospital, puderam fazer nada para o salvar. Todavia, as palavras do médico não aclaram outros pormenores que rodearam o falecimento do toureiro: condições sanitárias da enfermaria, membros da equipa médica, cuidados recebidos pelo ferido, existência ou não de ambulância de cuidados intensivos e a razão de tão grande espera no recinto da praça", acrescenta.

Fotos André Viard, Dolores de Lara, Paloma Aguilar e D.R.