segunda-feira, 30 de abril de 2018

Pouco público e muito frio numa tarde "triste" em Estremoz

Estremoz sem público na tarde de ontem. Valerá a pena dar corridas quando o
tempo ainda não está convidativo?...
João Moura iniciou "à maneira antiga" a temporada dos 40 anos de alternativa.
Toureou como só ele sabe... mas para muito pouco público...
A classe a grandeza do toureio de António Telles esteve bem patente na lide
dos toiros de Pereda e de Passanha ontem em Estremoz
Francisco Cortes andou desembaraçado com o Pereda e depois fez das
tripas coração para levar o barco a bom porto (e levou) na lide do complicado
toiro de Passanha que encerrou a corrida


Miguel Alvarenga - Dia cinzento com chuva por todo o país motivou, apesar do bom cartel e da homenagem aos 40 anos de alternativa do Maestro João Moura (foto), muito pouco público e a consequente falta de ambiente na corrida que ontem teve lugar em Estremoz e que marcou a estreia do empresário Vasco Durão na gestão desta praça.
Viram-se, mesmo assim, grandes momentos de bom toureio por parte de João Moura e também de António Ribeiro Telles, mas a ausência de moldura humana nas bancadas acabou por retirar brilhantismo a uma corrida que resultou sonsa e despida de fulgor. Francisco Cortes, o cavaleiro da terra, andou empenhado e pôs emoção nas suas lides, sem contudo alcançar o triunfo desejado, não dando sequer volta à arena nos seus dois toiros.
Moura esteve superior e "à antiga" na lide do primeiro Passanha e voltou a dar um ar da sua graça no segundo toiro do seu lote, de Pereda. António Telles deu o seu melhor na lide, também, de um toiro de cada ganadaria.
Apesar do bom empenho dos toureiros frente a toiros de Passanha e de José Luis Pereda, de boa nota, exceptuando o último de Passanha, a corrida passou sem grande história, muito frio e foi apernas e só mais uma...
A forcadagem esteve à altura, sem também grande brilho, mas com a usual valentia e valor. Bernardo Dentinho, Miguel Cecílio (ambos à segunda) e António Calça e Pina (à primeira) pegaram dois Passanhas e um Pereda destinados ao Grupo de Montemor; e Miguel Fernandes (à terceira), Leonardo Mathias (à segunda) e o cabo José Maria Bettencout (à sexta. a emendar João Ventura, que se aleijou após três tentativas) foram à cara dos dois Passanhas e um Pereda que calharam ao Aposento da Moita, tendo dois forcados sofrido lesões no ombro.
Corridas como esta, em dia chuvoso e de frio, sem qualquer ambiente, com pouco público, resultam mornas por mais que os artistas se esforcem. A Festa precisa de sol e moscas, precisa de calor humano. Uma tarde assim acaba por seu um imenso frete e uma enorme tristeza, melancólica mesmo e quase diria depressiva para os artistas e para o público... Lamente-se ainda o péssimo estado da arena... mais parecia o areal de uma praia...
E começa a ser tempo de os senhores empresários repensarem tudo. Já se percebeu que o tempo mudou, que o Verão (que é o mesmo que dizer, o tempo propício para a realização de touradas) agora começa só lá para Julho e se estende até ao final de Outubro. É, talvez, penso eu, tempo de começar a realizar as corridas mais tarde e deixar de vez as chamadas tradições - que a mudança do tempo obrigatoriamente vai motivar a alterar. Pensem nisso.
Fomos e viemos de Estremoz para passar frio... Valeu um agradável almoço em casa da simpática Família Cortes e umas belas bifanas, ao cair da noite, em Vendas Novas. O resto, viu-se...
Marco Gomes dirigiu a corrida com o acerto usual e sem nada a apontar.

Mais logo, não perca, as pegas uma a uma pela objectiva de Maria João Mil-Homens e também a corrida vista pela maestria de Emílio de Jesus.

Foto Maria Mil-Homens