domingo, 29 de setembro de 2019

Elvas: toureiros grandes prestaram a maior das homenagens a Bastinhas

Começou com uma porta gaiola e depois abriu o livro! João Moura magistral
e à antiga marcou a corrida de 6ª feira em Elvas
A classe e o temple: mais uma grande lição de Paulo Caetano, que na próxima
temporada celebra os 40 anos da sua alternativa e certamente vamos ver
tourear mais vezes
Diego Ventura: simplesmente Ventura!
Marcos Bastinhas terminou com mais um êxito aquela que foi, sem qualquer
dúvida, a grande temporada da sua carreira e que o sagrou como um dos
grandes triunfadores de 2019
As sete emotivas pegas da noite estiveram a cargo dos grupos de forcados
Amadores de Évora e Académicos de Elvas


A actuação da temporada de João Moura, à antiga; a classe e o temple de Paulo Caetano; a diferença de Ventura; e a consagração de Marcos Bastinhas na melhor temporada da sua carreira - marcaram a grande corrida de sexta-feira em Elvas, onde é preciso destacar também as boas lides de António Telles, de Rui Salvador e de Luis Rouxinol e dos forcados de Évora e Académicos de Elvas. Lidaram-se seis toiros de Varela Crujo e um, por Caetano, de Irmãos Moura Caetano. Com a devida vénia, aqui fica a crónica de João Cortesão no blog "sortes de gaiola". Mais uma noite de glória em homenagem ao eterno Joaquim Bastinhas

João Cortesão - Promovi esta corrida (sexta-feira passada no Coliseu de Elvas) que esgotou, com os titulos que posto de seguida - J.  Moura - O génio fez o destino; P. Caetano - Classe e Magistério; R. Salvador - Emoção garantida; L. Rouxinol - O toureiro que só está bem ou muito bem; A. Telles - Embaixador do Classicismo; Diego Ventura - Simplesmente Ventura; M. Bastinhas - Melhor temporada da sua carreira - tudo o que escrevi se confirmou….

João Moura: o génio fez o destino - Efectivamente assim aconteceu, o génio de J. Moura destapou-se e da sua veterania soltou-se um jovem que executou grande faena própria de quem por ser novo procura um lugar ao sol, dada a forma como arriscou na porta gaiola, com que iniciou as hostilidades, e depois na sequência de curtos que foram do bom ao melhor e do melhor ao óptimo...

Paulo Caetano: classe e magistério - O toureio com classe como o que mostrou P. Caetano, ganha a dimensão da arte profunda, onde o ralentizar da execução permite ao aficionado a observação dos detalhes.
O primeiro comprido foi um hino ao que de melhor se conhece no toureio a cavalo. A série de curtos seguiu a grande nível, ao nível que o toiro deixou, mas precedida de brega exacta quanto a distâncias e sítio, desenhada com o aroma da arte que lhe incutiram as rotações pausadas de garupa na cara do toiro.
Foi assim, caros leitores, que o magistério aconteceu. Para mim, a arte ganha tanto mais dimensão quanto mais lenta é a sua execução. Posto isto, só não aprendeu quem não quis, porque a lição foi dada em câmara lenta...

António Ribeiro Telles: embaixador do classicismo - Em Elvas como em qualquer praça de toiros do mundo não muda o seu registo de toureio.
Por isso, provou uma vez mais, que é não só embaixador do toureio clássico mas também um dos seus melhores intérpretes, se não mesmo o melhor...

Rui Salvador: emoção garantida - Terminou a sua lide com ferros de grande emoção. Tal como prevíamos, com Rui Salvador a emoção é garantida..

António Ribeiro Telles: embaixador do classicismo - Em Elvas como em qualquer Praça de toiros do mundo não muda o seu registo de toureio.
Por isso ´provou uma vez mais, que é não só embaixador do toureio clássico mas também um dos seus melhores interpretes, se não mesmo o melhor...

Luis Rouxinol: não sabe estar mal - A entrega é sempre total e neste dia em Elvas, pese embora ter-lhe tocado o pior toiro, com alma, entrega e coração , esteve o melhor que pôde...

Diego Ventura: simplesmente Ventura - A dimensão de Ventura vem de fazer o que ninguém faz. Desde a sorte de gaiola até ao fim da lide, foi um desfolhar de reportório muito dele de execuções inéditas. Os quiebros pela esquerda entrando pela linha do toiro ninguém fez até hoje se não ele, e entrar ao piton contrário nesta sorte nem a ele nunca tinha visto, rematando estas sortes em piruetas pela esquerda em terrenos cingidíssimos.
Bandarilhar a duas mãos sem cabeçada com o toiro no meio da praça, tornou-o único a executá-lo, banalizando esta sorte que já era difícil mesmo só passando pelo corredor...
Simplesmente Ventura..

Marcos Bastinhas: melhor época da sua carreira - Ganhou alma, ganhou toureria e tornou-se um toureiro que pode com todos os toiros. Esse poderio que se sente nas bancadas, deu-lhe segurança e as corridas de Lisboa (porta grande ) e a encerrona confirmaram a dimensão de toureiro que existia nele..
As vantagens que dá aos toiros, tornam-no diferente e são já a sua imagem de marca.
Está sem dúvida a concluir a melhor temporada da sua carreira..

Sobre os Forcados:
Amadores de Évora - João Madeira, efectivando ao primeiro intento e Ricardo Sousa e José Maria Caeiro, ao segundo.
Académicos de Elvas - António Machado e Paulo Barradas, concretizando à primeira tentativa e Gonçalo Machado, efectivando ao terceiro intento.
A sétima pega foi tentada e consumada com grupo misto, contendo elementos das duas formações. Consumou facilmente Manuel Rovisco, dobrando as duas iniciais tentativas de Luis Januário.

Fotos Tiago Caeiro/cortesia toureio.pt