Diogo Durão, presidente da nova Direcção da Associação Nacional de Grupos de Forcados, fez ontem questão de iniciar a sua primeira Assembleia-Geral, realizada em Santarém, com um voto de louvor à anterior Direcção, que foi aprovado por maioria e de que aqui deixamos o texto na íntegra
O Forcado Amador é uma figura incontornável da Tauromaquia mundial. Valores como a coragem, amizade, companheirismo, abnegação, solidariedade, dignidade, humildade, frontalidade e honestidade caracterizam quem pertence a um Grupo de Forcados.
Os Grupos de Forcados são instituições em que o facto serem amadores é um elemento caracterizador do seu espírito e da nobreza da arte de pegar toiros. Dentro dos Grupos Associados existem condecorações do mais alto prestígio Nacional: Grau Oficial da Ordem de Mérito, Membro-Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, Medalha de Mérito Cultural, entre centenas de outras que são demonstrativas da importância e da elevação com que se devem considerar os Grupos de Forcados dentro e fora das Corridas de Toiros.
Em 2002, quando o José Fernando Poitier (GFA Montemor), o Rodrigo Correa de Sá (GFA Montemor) e o Diogo Palha (GFA Vila Franca de Xira), tiveram a ideia de formar uma associação que representasse, dignificasse e enaltecesse os Grupos de Forcados, ninguém podia prever que alcançaríamos tanto, de tanta importância e que está à vista de todos.
Além destes, foram muitos os que, em prol desta nossa paixão, à custa de muitas horas, de muita entrega, de muita dedicação e sacrificando muitas vezes a vida pessoal e profissional de forma completamente apaixonada contribuíram para dignificar a figura do Forcado Amador, os Grupos de Forcados e a Tauromaquia no geral:
Gonçalo da Cunha Ferreira (GFA Santarém), João Pedro Bolota (GFA Alcochete), Francisco Calado (GFA Caldas da Rainha), Nuno Godinho e Cunha (GFA Golegã), João Pedro Rosado (GFA Évora), Luís Cebola (GFA do Aposento do Barrete Verde de Alcochete), Hélder Queiroz (GFA do Aposento da Moita), Vasco Dotti (GFA Vila Franca de Xira), Pedro Graciosa (GFA Santarém) e Rafael Antunes (GFA Safara) fizeram parte dos órgãos socias da ANGF durante estes anos.
Uma palavra especial a três Forcadões, que desde 2004, e de forma ininterrupta, têm pegado este “toiro” com uma humildade, espírito de entrega e abnegação só ao alcance de alguns: José Fernando Potier, José Luís Gomes e Tiago Prestes.
À ANGF, a todos estes Homens e a mais alguns se devem algumas questões que, embora possam parecer um dado adquirido nos dias de hoje, foram batalhas duras de travar e de ganhar.
Quando pegava toiros no Grupo de Santarém um querido amigo meu perdeu um olho a pegar em Cascais. Não é caso único e as lesões com bandarilhas eram relativamente comuns. Hoje todos os toureiros usam bandarilhas “à espanhola”. Estes tipos de lesões são muito reduzidos ou quase inexistentes. Isto deve-se à ANGF.
Antes da associação, a “negociação” do pagamento aos grupos de forcados era muito frágil. Havia um valor que era mais ou menos combinado entre todos os grupos, mas não havia uma “bitola”. Muitas vezes o Grupo de Forcados que actuava ficava numa posição complicada, com muitos dias em que no fim da actuação, o valor pago nem para o jantar da rapaziada dava. Hoje existe uma tabela que informa os empresários sobre os valores mínimos por cada grupo. Com esta tabela foi criado um contrato, que oficializa a relação entre o contratante e o contratado. Isto deve-se à ANGF.
As alterações ao regulamento, sugerindo as alterações que julgamos essenciais no que diz respeito aos forcados, nomeadamente as enfermarias entre outros, de forma a melhorar as condições existentes e a dignificar a Festa, com um maior respeito pelas autoridades, pelo público, pelos empresários e pela condição do Forcado Amador, também se deve, em grande parte à ANGF.
A questão dos Burladeros, que muitas vezes, no caso das corridas mistas, não eram retirados durante as lides a cavalo e, consequentemente durante a pega;
O código de Ética do Forcado Amador, que vem dar um fio condutor aos valores que são defendidos há décadas pelos Grupos de Forcados;
Tudo isto e muito mais se deve à ANGF. São “pormaiores” que elevam a Tauromaquia e a figura do Forcado Amador.
Neste ano de 2020, os desígnios da ANGF foram delegados a novos Órgãos Sociais, permitindo assim aos anteriores um merecido “descanso”. A vossa missão foi cumprida com honra e com mérito. Muito obrigado a todos. Muitos parabéns pelo que conseguiram ao longo destes 18 anos.
Cabe a esta nova “equipa” dar o seu melhor para continuar o excelente trabalho que foi efectuado até aos dias de hoje e abraçar com o mesmo espírito dos seus fundadores, a responsabilidade de manter a elevação que o Forcado Amador merece e fazer cumprir, sem excepções, o regulamento interno da ANGF.
Vimos por esta razão dar público testemunho e reconhecimento pelo extraordinário desempenho que tiveram na elevação da Tauromaquia Nacional e na preservação dos valores que representam o Forcado Amador.
Os desafios existem, os toiros vão continuar a ter de ser pegados, pelo que não andem longe que podemos precisar da vossa maestria ou quem sabe de umas ajudas carregadas.
Diogo Durão
Presidente
Foto D.R.