A história é sempre igual. Quando um toureiro triunfa e sai repentinamente do anonimato, surgem "mil e um apoderados" a candidatar-se ao "tacho"... quando antes nunca o tinham sequer cumprimentado, estendido a mão ou mesmo levado a sério. Normalmente, também, esses toureiros modestos, que de repente o deixam de ser e passam a ter notoriedade e a suscitar o interesse por parte das empresas, têm a seu lado modestos apoderados, mas que deram tudo por tudo nos tempos em que o diestro não contava no campeonato... e que muitas vezes acabam por "ir à vida", por manifesta ingratidão dos toureiros, ávidos de fama e dinheiro, que procuram em novos e influentes apoderados o apoio e a gestão de que nesse momento passam a necessitar.
Não foi isso que fez o matador de toiros David Mora (que em Outubro passado vimos triunfar em Vila Franca), depois de no passado dia 15 de Agosto ter finalmente conquistado os aficionados com um sonante triunfo em Madrid.
O que ele hoje disse na capital espanhola, na sua intervenção no Hotel Wellington, durante o II Seminário "El Toro", promovido pela empresa "Taurodelta", é toda uma lição de humildade e de dignidade, de respeito, também, pelo trabalho desenvolvido nos anos difíceis pelo seu apoderado António Tejero. Vale a pena registar:
"Não vou descobrir agora que Madrid é a praça que marca e a que dá crédito aos toureiros, tal como me aconteceu a mim este ano. Uma data chave na minha vida foi a de 15 de Agosto, um risco que, por sorte, saíu bem e que assumi para agradecer a confiança que a empresa e a aficion depositaram em mim. A todos os apoderados que me telefonaram para gerir a minha carreira, agradeci-lhes o interesse, mas também lhes transmiti o meu sentimento de que oxalá o tivessem feito antes, quando não tinha nada, pois desse modo a minha carreira teria sido muito menos dura. Tenho um compromisso e devo tudo a António Tejero".
Notável, a todos os títulos!
Foto D.R.
