segunda-feira, 11 de junho de 2012

"El avión" de Paco Duarte: o espectáculo dentro do espectáculo!



Miguel Alvarenga - O "número" tem mais de vinte anos e Paco Duarte ainda o executa na perfeição. Como ontem aconteceu em Plasencia (Cáceres) no segundo toiro de João Moura Júnior. Rei sem par na arte de utilizar a "puntilla", espécie de punhal com que o denominado bandarilheiro "puntillero" dá o chamado golpe de misericórdia no toiro, depois de morto pelo toureiro, Paco Duarte inventou há duas décadas o "número del avión" - que basicamente se resumo no virar o toiro "de patas arriba" com o referido punhal (a "puntilla") e sair "planando", de braços abertos, qual avião a aterrar, dando um espectáculo dentro do próprio espectáculo que, apesar de não muito do agrado dos presidentes das corridas e até dos mais puritanos, acaba por motivar e fazer "explodir" o público, como ontem aconteceu, na desejada petição da orelha para o toureiro.
Paco Duarte - na foto de cima, afiando a sua "arma" - é natural da Malveira, onde se iniciou nos anos 60 como novilheiro. Do seu historial faz parte uma longa vigília de vinte dias na porta principal da Monumental de Madrid, exigindo uma oportunidade de pisar a sua arena; uma carreira de luta como candidato a matador de toiros, onde se anunciava como o "Noivo da Morte" (um dia, como Guarany no Campo Pequeno, chegou a uma praça dentro de um caixão... dizendo que vinha para triunfar ou para morrer!); a até a alternativa, que recebeu no início da década de 90, mas de que acabou por abdicar, tornando-se bandarilheiro ao serviço de grandes figuras.
Ontem em Plasencia, Paco deu o "seu espectáculo". E o público, na bancada, correspondeu em verdadeiro delírio.
Depois, contou-nos:
"Este 'número' foi inventado há uns bons vinte anos, quando eu andava com o quarteto das 'Amazonas da Arte', formado por Ana Batista, Nathalie, Raquel Orozco e Patrícia Pellén. O empresário 'Comandante' Paco Dorado, meu amigo e que apoderava as cavaleiras, incentivou-me a fazer qualquer coisa de diferente que as ajudasse, na hora de matar, a cortar as orelhas. E assim foi. Nasceu 'el avión', que mais tarde desempenhei nas quadrilhas de muitos mais toureiros, entre os quais alguns portugueses e também na de Leonardo Hernández".
E a verdade é que, duas décadas depois, ainda resulta - e bem!

Fotos M. Alvarenga