segunda-feira, 11 de junho de 2012

Momentos da apoteose Mourista ontem em Plasencia

Moura e Ventura; apoteose final, em ombros
Moura e Ventura saindo em ombros pela "porta grande" ontem em Plasencia.
Em primeiro plano, à esquerda, o conhecido repórter fotográfico Carlos Nuñez
Cartel de rejoneio levou ontem muito público à centenária praça de Plasencia
Benito Moura, Hugo Silva e Paco Duarte: tudo a postos
Volta ao ruedo com a primeira orelha
João Moura Jr. e seu primo João Augusto Moura
Vamos a isso! E voltou a abrir a "porta grande"!
João Moura Júnior: um Senhor Toureiro de se lhe tirar o chapéu!
Público "explodiu" ontem em Plasencia a cada ferro de João Moura Jr.
Quadra em pleno, toureiro em força e cheio de moral
Serenidade, tranquilidade e maestria nas duas actuações de Moura Jr. ontem em Plasencia
"Portas grandes" de Nimes e Madrid "embalaram" Mourinha em definitivo!
Cite frontal, "paradinha" e mais uma grande ferro de João Moura Jr.
Fermín Bohórquez lidou com primor e grande classicismo os seus dois toiros.
A matar é que "foram elas"...
Bohórquez levou "uma eternidade" a matar o seu segundo toiro...
Imparável, Diego Ventura triunfou ontem em Plasencia
Fotos Carlos Nuñez


Miguel Alvarenga - Haverá certamente "coisas" bem mais simples para um jovem de 29 anos que procura vingar e triunfar numa arte em que o maior dos mestres foi seu Pai, estando por isso sempre sujeito a "comparações" e a "equivalências" como aquelas que ontem, já ao cair da noite, lhe ouvi fazer o simpático dono do bar-restaurante onde jantámos (ceámos) a seguir à corrida de Plasencia.
"Saludos a teu Pai. Lembro-me como se fosse hoje. Mais novo que tu e já triunfava em toda a parte, ao lado dos grandes de então, Domecq, os Peraltas, Vidrié, Bohórquez e outros mais. Que grande toureiro!".
João Moura Júnior, filho do Mestre dos Mestres, não começou propriamente há dois dias. Iniciou bem cedo e também ainda menino - "vê se te safas", dizia-lhe e digo-lhe sempre eu - este seu sonho que agora, sim, começa a cumprir. Este ano e depois de um início de temporada que foi brilhante, mas a que faltaram as orelhas, nas feiras de Castellón, de Valência e de Sevilha, chegou há duas semanas a Nimes e disse "estou aqui!". Abriu a "porta grande", a dos Cônsules, e por ela saíu triunfalmente em ombros com Pablo Hermoso e Cartagena. Oito dias depois, cumpriu o sonho "indescritível" e abriu por fim, também, a "porta grande" de Madrid. Os contratos começaram a "chover" e o anteriormente referenciado como "Moura filho" passou a afirmar-se como o "novo Moura". Quadra própria, vida própria, a abrir caminho, a desbravar trajectória sua, só sua. E triunfal. Nimes e Madrid "embalaram" em definitivo o novo "niño prodígio" do toureio equestre mundial.
Ontem em Plasencia, esteve em grande o "novo Moura". Quadra magnífica e em grande forma. Toureiro moralizado, maduro, experiente, decidido, como que a dizer que sabe bem o que quer, para onde vai e por onde vai. Foi de uma tremenda maestria a lide do primeiro toiro, um belo exemplar da ganadaria de El Canário (encaste Murube, dizem-me), a que só faltou matar logo à primeira. "Pinchou" e isso fê-lo perder a segunda orelha. Concederam-lhe uma.
O segundo toiro era o mais pesado da noite, 620 quilos, de investida curta, sem facilitar. Moura esteve outra vez enorme, agigantou-se, triunfou de novo, cortou a segunda orelha e depois saíu triunfalmente em ombros com Diego Ventura. Viu-se um Moura Júnior com uma tauromaquia consolidada, estável, cheio de moral para os desafios que aí vêm. Um Toureiro Figura!
Diego Ventura continua no seu momento. Imparável. Toureia magnificamente, já não utiliza o "Morante" que mordia os toiros e isso, quer queiram, quer não, acabou por trazer maior seriedade às suas actuações. Esteve ontem imponente. Duas orelhas no primeiro toiro e uma no segundo, só porque tardou a cair.
Fermín Bohórquez lidou primorosamente os seus dois toiros. É um veterano a que se pode chamar clássico. Sem alardes de muito modernismo, fazendo as coisas todas certas e sem falhanços. Perdeu o sítio a matar, a atestar pelos resultados das suas corridas nos últimos tempos e pelos da de ontem em Plasencia. Foi silenciado no primeiro toiro e andou "uma eternidade" na arena para matar o segundo, acabando por ser assobiado. Uma pena. Depois de bem ter toureado.
A praça de Plasencia registou três quartos fortes de entrada. A seguir à bola, o público foi aos toiros. Os toiros de El Canário, ganadaria que desconhecia, muito bem apresentados, tiveram excelente comportamento, exceptuando os dois últimos, mais parados e mais mansotes.
Excelente desempenho dos bandarilheiros portugueses: Hugo Silva, Benito Moura e Paco Duarte (o rei da "puntilla", de que ainda hoje aqui falarei em pormenor), da quadrilha de Moura; e de Diogo Vicente, também português e Paco Cartagena, da quadrilha de Ventura.

Fotos M. Alvarenga e Carlos Nuñez