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No final, público aplaudiu de pé os valentes Forcados de Montemor-o-Novo |
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A primeira pega da noite, por João Tavares |
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Duras e rijas pegas em noite de consagração dos Amadores de Montemor |
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Toiros de Silva não facilitaram a vida dos forcados. Houve silêncio na praça em cada cite, explosão após cada pega |
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O grupo esteve bem em todas as frentes |
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Francisco Borges em acção, ao primeiro intento |
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A valente pega do cabo Cortes ao último da noite |
Miguel Alvarenga - Público entendido,
conhecedor, exigente, aficionado. As bancadas do Campo Pequeno, que registou
uma enchente de mais de meia casa, muito além do que se previa em noite de
feriado e com Lisboa despovoada, tinham ontem uma moldura diferente. O ambiente
sentia-se na rua, confirmava-se dentro da praça. Público alentejano, Montemor,
Évora, Portalegre, o Alentejo em peso na capital, como noutros tempos. Muitas
caras de antigamente, glórias eternas que honraram noutros tempos a jaqueta
histórica do Grupo de Montemor e que ontem ali estavam para render tributo ao
acto heróico dos seus moços nesse desafio ousado que foi o de fazer frente a
seis toiros dos que não permitem "brincadeiras", seis Silvas (ganadaria de António Silva) dignos
de Madrid, daqueles que tanta falta têm feito à nossa Festa, daqueles que põem
"tudo" no seu lugar, sem facilidades e sem condescendências de
espécie alguma. Foi uma noite invulgar - e foi, por isso, uma noite grande de
toiros e uma noite de sucesso. Fazem falta noites e toiros assim.
Na temporada do 120º aniversário da
praça, a empresa apostou - e bem - na seriedade de uma época
"toirista". Os Palhas deram o mote na corrida de abertura, os Silvas
prosseguiram ontem à noite essa intenção de seriedade e que, se continuar, vai
certamente separar o trigo do joio. A Festa estava a precisar disto.
Com uma falange entusiasta de apoiantes
nas bancadas - foi bonito vermos levantarem-se, um a um, quando um forcado
brindou a pega aos "antigos" - o Grupo de Forcados Amadores de Montemor
teve ontem mais uma noite de enorme consagração no Campo Pequeno. Trata-se de
uma instituição de peso e de inabalável prestígio na tauromaquia lusa. Um grupo
que é seguido com devoção pelos que lhe pertenceram e também por forcados de
outros grupos. Estavam imensos ontem em Lisboa. A expectativa era muita e o
desafio justificava-o. O grupo liderado por José Maria Cortes esteve à altura
do seu passado, confirmou o seu excelente momento presente e reafirmou o
futuro. Está para dar e durar e continua a ser o grupo de sempre. O grupo dos
tempos gloriosos de todos aqueles que ontem ali estavam na bancada.
Respirou-se silêncio em cada cite,
depois a praça explodiu em aplausos a cada pega. João Tavares abriu a noite com
uma grande "cara" ao primeiro intento. João Cabral (sobrinho do
antigo forcado Paulo Pessoa de Carvalho) ficou à segunda, com as ganas e a
técnica de sempre. João Romão Tavares pegou com galardia à segunda. Frederico
Caldeira fechou-se à primeira. Francisco Borges (filho do antigo forcado do
mesmo nome e sobrinho do também ex-forcado, ontem director de corrida, Agostinho
Borges) também se fechou com grande garbo ao primeiro intento. E o cabo José
Maria Cortes, frente ao último, mais pesado (604 quilos) e mais complicado dos
Silvas, esteve decidido e valente, como sempre, consumando à quarta, com braços
de ferro e superior ajuda dos companheiros, a pega que brindou ao antigo cabo
Rodrigo Corrêa de Sá, seu antecessor.
Na generalidade, o grupo
esteve coeso e decidido nas ajudas. Felizmente, ninguém se lesionou e a missão
frente aos "toirões" de António Silva foi consumada com a eficiência,
o poderio e aquele perfume de arte e técnica que sempre foi apanágio dos
Amadores de Montemor - grande noite e grande grupo!
Fotos Emílio de Jesus