Miguel Alvarenga - Crise? Qual crise? O
Campo Pequeno esgotou ontem a sua lotação e mais de sete mil almas passaram
duas horas e picos em delírio com uma corrida de toiros memorável, daquelas
que, como se costuma dizer, fazem aficionados - e mais que isso, deixam no
público o desejo de voltar.
Obviamente e como Rui Bento já hoje nos
comentou, era importante para todos que isto acontecesse. Não que, por algum
segundo, a Festa Brava esteja alguma vez em perigo. Mas porque as disparatadas
investidas dos anti-taurinos precisam, de uma vez por todas, de ser
contrariadas - e precisam, sobretudo, de ter resposta da nossa parte. Depois de
Hélder Milheiro e Joaquim Grave os terem arrasado na RTP, três dias antes, no
programa "Prós e Contras", a aficion deu-lhes ontem o "tiro de
misericórdia", esgotando a lotação do Campo Pequeno na primeira grande
corrida do ano. Melhor era impossível. Como aqui escrevi na terça-feira, havia
que prosseguir a nossa Cruzada, não bastava ter vencido no debate televisivo,
era agora preciso esgotar Lisboa e reafirmar a nossa força, mais que isso, a
nossa importância e também a nossa união. Fizemo-lo. Estamos todos de parabens!
Crise? Qual crise? As pessoas não vão
aos toiros? As pessoas não têm dinheiro? A Festa Brava "cheira a
pobre", como disse o desiludido João Salgueiro? Nada disso, meus senhores.
As pessoas não vão às corridas banais, aos cartéis de mais-do-mesmo. Há 300
touradas por ano em Portugal e quase todas banais e com os mesmos artistas em
raios que chegam a não ultrapassar os 10, 20 quilómetros. Se houvesse muito
menos touradas por ano e a maioria fossem com elencos como o de ontem, as
praças estavam sempre cheias. Os "Rolling Stones" vêm ao "Rock
in Rio" e já não há bilhetes há não sei quanto tempo. Se viessem cantar
todas as semanas a Portugal, acham que alguma vez esgotavam? O que faz falta
não é "avisar a malta", como dizia o outro; o que faz mesmo falta é
ter ideias novas, é arriscar coisas diferentes, é ter sensibilidade para ir ao
encontro do gosto do grande público - e não apenas dos chamados aficionados,
que esses quase já não existem e os que o são... pedem bilhetes à porta das
praças...
Rui Bento teve a ousadia de, apoiado
pelos novos administradores do Campo Pequeno, organizar uma temporada única,
com elencos atractivos e distintos, sem repetir mais-do-mesmo. O resultado, na
primeira corrida, foi este: lotação esgotada. Ficou tudo dito. Às grandes
corridas, o público vai. Afinal, a fórmula de encher as praças não é assim tão
complicada...
Não perca hoje, aqui: as grandes reportagens da noite de abertura da Temporada no Campo Pequeno. As análises de Miguel Alvarenga, as fotos de Emílio de Jesus, os grandes momentos da corrida, o registo da presença de muitos famosos nas bancadas da primeira praça do país. Uma noite de êxito e muito glamour!
Foto D.R./@Praça do Campo Pequeno/Facebook