sexta-feira, 8 de junho de 2018

A epopeia sem fim: noite histórica dos Moura no Campo Pequeno

Consagração absoluta em noite de Glória Mourista
João Moura abriu o livro na sua segunda actuação e a praça explodiu com uma
faena à maneira antiga
Menos bafejado pela sorte nos toiros do seu lote, João Moura Jr. pôde, contudo,
reafirmar o grande momento que vive, apesar de não ter repetido o grande triunfo
alcançado na corrida de abertura da temporada em Lisboa
Miguel Moura teve ontem a noite de grande consagração que lhe faltava
João Augustou Moura bem quis, mas não logrou brilhar dada a pequenez e falta
de força do novilho da sua ganadaria, de excelente qualidade, apesar de tudo.
Em baixo, Manuel da Câmara cantando o fado de homenagem a João Moura,
ao início da corrida, no acto de homenagem ao Maestro, em que se descerrou
uma placa alusiva à efeméride que ontem se comemorou


Noite histórica, noite de emoções e sentimentos, noite de reconhecimento e tributo à maior figura do toureio a cavalo dos últimos cinquenta anos: João Moura viveu ontem no Campo Pequeno mais uma jornada de glória e no seu segundo toiro realizou uma faena deslumbrante, à antiga, que deixou todo o público em alvoroço. Miguel Moura teve a noite de consagração que lhe faltava e deu um relevante passo em frente, podendo mesmo dizer-se, sem desprimor algum para as actuações de seu pai e de seu irmão João, que foi dele o grande triunfo da corrida no terceiro toiro da noite, um extraordinário exemplar de Romão Tenório. Menos bafejado na sorte com o seu lote, João Júnior pôde mesmo assim, porque tem valor de sobra para isso, reafirmar o grande momento que atravessa.
Os toiros de Manuel Coimbra, reservados e mansotes, não ajudaram ao êxito dos toureiros e os de Romão Tenório estiveram por cima no que ao despique de ganadarias diz respeito, havendo que exaltar a grande qualidade do terceiro e o bom tom do quarto, que serviu às mil maravilhas para que o Maestro Moura abrisse o livro e nos fizesse recordar numa templada faena toda a classe e toda a história do que foi a grande revolução mourista.
João Augusto Moura toureou em último lugar um novilho muito bom, mas demasiado pequeno e sem forças, que retirou brilho ao seu empenho e à sua vontade de mostrar que, mesmo afastado das arenas, mantém a arte com que foi promessa.
Grande noite para os grupos de forcados de Portalegre, de Arronches e de Monforte, com pegas de valor, que mais logo aqui vamos mostrar em pormenor.
Ao início da corrida teve lugar no átrio principal da praça o acto de homenagem a João Moura, que constou do descerramento de uma placa alusiva aos seus 40 anos de alternativa, depois de um eloquente discurso de Paulo Pereira e da actuação de Manuel da Câmara, que pôs todo o seu sentimento e a sua garra de fadista cantando "Olé, olé, João Moura".
Emotiva a participação nas cortesias de Tomás Moura, de 9 anos, a futura estrela da dinastia Moura.
A corrida foi dirigida com o rigor, a exigência e a competência usuais de Pedro Reinhardt.
A quarta corrida de Abono da temporada lisboeta não esgotou, mas registou uma grande enchente de mais de três quartos.
A festa continuou pela madrugada fora na discoteca "Mome" (antiga "Kapital"), com a presença de todos os toureiros e muitos convidados vip.
Grandes figuras do toureio marcaram presença na corrida, entre as quais Diego Ventura e o matador "El Juli".
Mais logo, não perca a análise detalhada de Miguel Alvarenga e todas as fotos de Emílio de Jesus e Maria João Mil-Homens.

Fotos Emílio de Jesus