terça-feira, 3 de setembro de 2019

"Caso Aldeia da Luz": ganadaria do Engº Luis Rocha sob graves suspeitas


Os cavaleiros e bandarilheiros que actuaram na corrida do último domingo na Aldeia da Luz - todos à excepção do rejoneador mexicano Emiliano Gamero - subscreveram, segundo noticiou ontem o site "touro e ouro", uma acta/participação enviada à Inspecção-Geral das Actividades Culturais, à Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide e à Associação Nacional de Toureiros, documento em que dão conta da suspeita de que dois dos três toiros da ganadaria do Engº Luis Rocha (foto) já teriam sido lidados num espectáculo anterior - o que é, no mínimo surreal e custa mesmo a acreditar.
Os toiros suspeitos, segundo o documento, são os números 2 e 5, lidados pelos cavaleiros João Moura Caetano e Manuel Oliveira (praticante). Os artistas solicitaram à direcção da corrida que elaborasse uma acta, que foi assinada por todos e também pelo representante da empresa promotora do espectáculo, onde se pedia a intervenção das três entidades a quem o documento foi enviado para que as suspeitas sejam averiguadas e se chegue a conclusões.
De acordo com o site "touro e ouro", a IGAC e as associações de ganaderos e de toureiros já terão acusado a recepção da acta e já estão a investigar o caso, sobretudo pelo visionamento de alguns videos que circulam nas redes sociais e onde pelo menos um dos toiros referidos terá "grandes semelhanças" com outro lidado numa corrida anterior.
Se as suspeitas se confirmarem, a famosa ganadaria alentejana pode ficar vetada pelos toureiros. No que à Associação de Criadores de Toiros de Lide, presidida por João Andrade, igualmente presidente da Federação PróToiro, por mais incrível que possa parecer, não existem sanções previstas para o caso de um seu associado cometer uma ilegalidade deste tipo (a lide de um toiro duas vezes).
Convidado a comentar estas suspeitas, Miguel Alvarenga, director do "Farpas", diz:
"O ganadero Engº Luis Rocha é um ganadero de prestígio, que ainda este ano recebeu rasgados elogios de diversos companheiros quando foi homenageado em Junho em Reguengos e por isso custa-me muito acreditar que haja fundamento nestas suspeitas e nestas acusações. Por outro lado, também me custa acreditar que todos os toureiros, cavaleiros e bandarilheiros, o director de corrida e o representante da empresa, tivessem subscrito essa acta onde se expressam as suspeitas de que dois toiros já tinham sido lidados, se isso não fosse verdade. Mas os toiros têm boletins, 'bilhetes de identidade' como as pessoas. E as corridas têm director de corrida, médico veterinário, etc., etc. Ninguém dava por isso se os toiros já tivessem sido lidados anteriormente? Essas coisas não se controlam? Não acredito que a nossa tauromaquia seja uma coisa que ande assim tão 'à balda?...".
E, a terminar:
"Sinceramente, custa-me muito a acreditar que, se for verdade, o Engº Luis Rocha tivesse disso conhecimento. Mas se o não teve, alguém foi responsável. Que investigue quem tem que investigar e que se chegue rapidamente a uma conclusão e se apurem responsabilidade. Mas como neste país isso nunca acontece, o mais certo é que fique tudo em águas de bacalhau...".

Foto D.R.