A Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide (APCTL) abriu "de imediato" um inquérito para apuramento da situação relatada num documento que, como ontem noticiámos, lhe foi remetido pelos toureiros (cavaleiros) e bandarilheiros que no passado sábado, 31 de Agosto, actuaram numa corrida na praça da Aldeia da Luz e que denunciaram a suspeita de dois dos três toiros da ganadaria do Engº Luis Rocha (os toiros nº 2 e nº 5) que sairam à arena "já terem sido corridos".
Os dois referidos toiros foram respectivamente lidados na Aldeia da Luz pelos cavaleiros João Moura Caetano e Manuel Oliveira (praticante) e, segundo o testemunho de aficionados credíveis que presenciaram a corrida, "tiveram comportamentos estranhos e evidenciaram sinais de já estarem mexidos". Um dos toiros provocou mesmo uma violenta colhida a um bandarilheiro.
No final da corrida, os dois cavaleiros referidos solicitaram ao director de corrida que estas suspeitas ficassem lavradas em acta e que o documento fosse enviado não apenas à referida associação que representa todas as ganadarias nacionais, mas também à Associação Nacional de Toureiros e à Inspecção-Geral das Actividades Culturais.
O documento foi assinado por todos os artistas que participaram na corrida, à excepção de um rejoneador mexicano que nela também participou, bem como pela direcção da corrida e por um representante da empresa que a promoveu.
O caso foi despoletado na segunda-feira pelo site "touro e ouro" e ontem o site "toureio.pt" adiantou que João Santos Andrade, presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide, confirmou a abertura de um inquérito "para apuramento da ocorrência relatada, estando neste momento em fase de instrução".
"Após conclusão desta fase será entregue ao Conselho Disciplinar que analisará e decidirá como achar conveniente", disse Santos Andrade ao site "toureio.pt", esclarecendo que "contrariamente ao que foi noticiado em vários sítios da internet, os estatutos da APCTL no seu artigo 25º referem na alínea a) que são consideradas infracções muito graves a lide de toiros ou novilhos já corridos quando a situação contrarie o Regulamento Tauromáquico em vigor, definindo depois noutro artigo as sanções a aplicar".
Ao que o "Farpas" conseguiu apurar, os dois toiros suspeitos da corrida da Aldeia da Luz não terão sido corridos numa corrida de toiros formal, mas podem ser os mesmos que há cerca de um ano sairam no Castelo de Monsaraz durante um festejo taurino não oficial e que não teve a dirigi-lo um delegado técnico da IGAC, razão pela qual não existiu um controlo rigoroso que possa confirmar, na realidade, se os toiros são os mesmos.
Esses toiros, segundo uma fonte ligada a todo este complicado processo, "terão sido bandarilhados e as feridas podem ter sido curadas e cicatrizado, não existindo no boletim dos toiros qualquer referência ao facto de já terem saído em público, uma vez que esses festejos no Castelo de Monsaraz não têm director de corrida e não são espectáculos formais".
A mesma fonte adianta-nos estar convicta de que, "se houve ilegalidade, o ganadero Engº Luis Rocha, proprietário da ganadaria, não teve disso conhecimento e é completamente alheio a toda esta confusão", havendo no entando culpados - que estarão já devidamente identificados no inquérito aberto pela APCTL.
Sem documentos que refiram oficialmente que os dois toiros já teriam estado num espectáculo taurino, ainda que não formal, resta à APCTL a existência de alguns videos que já terão sido visualizados (alguns encontram-se nas redes sociais) e que podem esclarecer de uma vez por todas se os dois toiros são, na realidade, os mesmos. Ou não.
Foto D.R./Arquivo