quarta-feira, 7 de outubro de 2020

"No pasa nada", ponto final, parágrafo!

Miguel Alvarenga - Não fosse a carta (solidária) dada hoje à estampa pelo meu estimado amigo João Cortesão no seu blog "Sortes de Gaiola", não mais voltaria à polémica de ontem - a que ponho mesmo agora um ponto final, parágrafo, adiante.

Li atentamente todas as crónicas da corrida de segunda-feira em Vila Franca de Xira e fiquei de consciência ainda mais tranquila. Não escrevi - nem podia escrever - em nenhuma passagem uma referência mínima que beliscasse o profissionalismo, a carreira, o saber dar a cara do jovem Marcos Bastinhas. Não entendi por isso a acriançada reacção que teve comigo (ou talvez até consiga entender...), quando calou e consentiu críticas bastante duras e negativas que outros escribas teceram, reconheço que sem razão, à sua intervenção na corrida dos toiros de Prieto de la Cal.

Interpreto a sua reacção como um arrufo dele - ou de alguém por ele -, sem sentido e sem razão de ser. Interpreto depois os variados comentários "solidários" que muitos escreveram no seu Facebook como o eterno ódiozinho de estimação que muitos nutrem por mim. Mas isso eu adoro e sempre convivi ao longo dos anos com coisas dessas. Sou à prova de bala nesse aspecto.

Durmo tranquilo e passo neste momento uns dias fantásticos de descanso frente ao mar. Há uns anos atrás, Marcos teve outro arrufo do género e mais tarde telefonou-me a pedir desculpa, com toda a dignidade e toda a hombridade. Não me zango com ele - primeiro, porque respeitarei eternamente a sólida e bonita amizade que tive a honra de partilhar com seu Pai, o meu querido e sempre lembrado Joaquim Bastinhas; depois, porque o respeitarei sempre, a ele, Marcos, como Toureiro dos bons e jamais me passou alguma vez na vida escrever o que quer que fosse que denegrisse a sua trajectória. Como está bem claro e transparente na crónica de Vila Franca.

Posto isto, dou por terminada a polémica. E o arrufo. E transcrevo, com a devida vénia, a carta que o João Cortesão escreveu a mim e ao Diogo Marcelino. Poderia vir aqui dar conta das centenas de telefonemas de solidariedade que recebo desde ontem, muitos deles de amigos que o foram bem próximos do grande Joaquim Bastinhas e que se revoltaram com a atitude do Marcos. Mas não me ficava bem. A todos tranquilizei: no pasa nada, como dizem nuestros hermanos.


Carta a M. Alvarenga e Diogo Marcelino

Meu caro M. Alvarenga e meu caro Diogo Marcelino

Sempre que a crítica é atacada, eu, atendendo ao sagrado direito à liberdade de imprensa, sento o dever de intervir em defesa dos atacados...

É um dado adquirido que a Igreja e o Mundillo convivem mal com a crítica. A Igreja amua e contorna com incómodo visível as situações, no Mundillo os visados atiram sempre de forma estúpida com o vírus da corrupção como foco de infecção, esquecendo que para haver a dita corrupção tem que haver agentes corruptíveis que se deixam corromper e corruptores que são os agentes que corrompem...

Em termos legais, tanto os corruptíveis como os corruptores têm as mesmas responsabilidades, por isso estou convencido que Marcos Bastinhas, já não falando da falta de ética, foi pelo menos ingénuo ao assumir-se como corruptor de M. Alvarenga, só faltou dizer em que corridas o Miguel o tapou ou beneficiou.

Durante o Inverno, muitas vezes são solicitadas entrevistas de promoção aos toureiros X, Y e Z e são pagas pelos beneficiados as despesas de deslocação a quem faz as entrevistas. Que mal há nisso? Será que isto é corrupção?

Na 5ª feira passada estava eu assistir à corrida do C. Pequeno ao lado do Diogo Marcelino quando o meu amigo Manuel João Carreira, pessoa que conheço e respeito há muitos anos, questionou o Diogo por este ter considerado o 6º toiro da Moita manso, dizendo que para ele era um toiro de vacas. No dia seguinte fui ler algumas crónicas e as que li coincidiram com o que disse D. Marcelino e mais, informei-me com 5 amigos que assistiram à corrida e que afinaram pelo mesmo diapasão...

Resumindo:

Disse um dia um filósofo judeu: "O homem que não aceita crítica não é verdadeiramente grande".

João Cortesão/"Sortes de Gaiola"


Obrigado, João!

Meu caro e bom amigo João Cortesão,

Obrigado pela carta. Nunca, em tempo algum, deixaste de ser solidário para com qualquer crítico tauromáquico, mesmo com aqueles com quem não falavas. E isso é bonito.

Quanto ao tema, esquece, que eu já esqueci também. Nem eu sou corruptível, nem o Marcos é corruptor. O dinheiro nunca comprou tudo. E muito menos a min ha forma de estar, de ser e de escrever.

A única "história de dinheiro" que havia em Vila Franca era, tão simplesmente, clara e transparente como a água, a liquidação de uma dívida ao "Farpas" da publicidade da corrida de Elvas, que vinha sendo adiada e assim continuou, mas que não me incomodou nada - e muito menos influenciou, Deus me livre, a minha crónica - pelo facto de sempre ter considerado o apoderado do Marcos (e o próprio Marcos), Senhor Luis Pires dos Santos, como pessoa séria, idónea e cumpridora. Houve apenas e só um desencontro. Mas não era chamado para a questão.

Grande abraço,

Miguel Alvarenga

Fotos Maria Mil-Homens