domingo, 16 de maio de 2021

Novilhada na Azambuja: o futuro passou por aqui!

Praça composta, dentro das limitações actuais que impedem a total utilização da lotação das praças, esta tarde na Azambuja na primeira das duas eliminitórias do ciclo de novilhadas em boa hora levado a cabo pelo empresário Luis Miguel Pombeiro - apoiando o futuro. Respeito total do público aficionado pelas novas regras, dando uma vez mais um bonito exemplo de civismo. E a empresa também, com todos os lugares devidamente assinalados e avisos constantes da obrigatoriedade do uso de máscaras e do distanciamento social

Miguel Alvarenga - Sei que perdi uma grande corrida dos Telles (esgotada) na Chamusca e tenho pena. Já tinha decidido ir neste dia apoiar o futuro à Azambuja, lamento que o Benfica-Sporting de ontem tenha obrigado a adiar para hoje a corrida que estava inicialmente agendada para ontem, sábado, na Chamusca. Lamento também ainda não ter o dom (um dia terei!) de conseguir estar em dois sítios ao mesmo tempo...

A novilhada da Azambuja foi agradável, pouco demorada e artisticamente triunfal. Valeu a pena. O futuro passou por aqui. A segunda eliminatória será no próximo sábado (aí estarei na Moita) e a final é no dia 29, a anteceder a grande corrida mista do dia 30.

Actuaram esta tarde o cavaleiro praticante António Mendonça e o amador Lourenço Malheiro, ambos pupilos do cavaleiro Paulo Jorge Santos que, pelos vistos, é um bom professor. Nunca os tinha visto - e gostei.

O primeiro novilho que se destinava a Mendonça e era da ganadaria Ribeiro Telles lesionou-se e recolheu aos currais. E abriu praça o amador Lourenço Malheiro com um bom novilho da ganadaria Fontembro. Deixou uma impressão muito positiva na forma como lidou, como se preocupou em tourear de frente, cravando ao estribo, de alto a baixo, rematando depois os ferros com arte e bom gosto. Mais ainda: tem raça e tem garra. Ganhou muito merecidamente o direito a estar na final.

António Mendonça também não desiludiu frente a um belíssimo novilho do Engº Jorge de Carvalho, que era o sobrero e foi pena não ter sido toureado a pé, pois tinha excelente qualidade, nobreza e bravura. Houve ferros menos conseguidos, mas houve outros de excelente marca em sortes frontais. Só um passaria à final e passou Malheiro, com toda a justiça e merecimento. Mas que isso não constitua nenhum desânimo para Mendonça - porque tem qualidades e tem valor para continuar.

Nas pegas estiverem os Amadores de Azambuja, com duas boas execuções por intermédio de David Gomes (este à segunda, após sofrer na primeira tentativa um violento derrote) e Fábio Tomás numa boa pega à primeira. O grupo esteve bem a ajudar.

A pé, actuaram os novilheiros praticantes João D'Alva e Filipe Martinho, ambos alunos da Escola de Toureio de Badajoz, tendo a apoiá-los nesta tarde o seu mestre, o antigo matador de toiros Luis Reina.

O grande triunfo coube ao valoroso João D'Alva, jovem toureiro com provas já dadas em Portugal e em Espanha, que desenhou bonita e portentosa faena ao fantástico exemplar da ganadaria de Paulo Caetano, premiado no final com a ida à praça do novilheiro João Diogo Fera (em vésperas de tomar a alternativa de matador de toiros), que representou o ganadeiro.

João D'Alva recebeu o oponente com duas valorosas "largas afaroladas" de joelhos em terra e desenhou depois bonitas "verónicas". Picou-se com o belíssimo quite de Filipe Martinho (que respondeu também com uma "larga afarolada" de joelhos) e voltou à arena para terminar em beleza a sua intervenção com o capote.

Bandarilhou superiormente com o poderio e a arte que lhe conhecemos e com a muleta bordou o toureio com séries pelos dois lados, aproveitando ao máximo as excelentes investidas do novilho de Caetano. Faena de valor, de temple e de arte, mas também de muito poder, a reafirmar um jovem toureiro com futuro brilhante.

Filipe Martinho não teve sorte com o novilho da ganadaria Voltalegre, de pouca qualidade, meias e pouco claras investidas - e complicado. Esteve artista com o capote, também poderoso com as bandarilhas (bastavam dois pares, mas cravou três...) e fez com a muleta os possíveis e impossíveis para sacar faena, dando a cara, demonstrando atitude e mérito.

Bom desempenho de todos os bandarilheiros intervenientes, com destaque para os consagrados João Bretes, Pedro Paulino, Jorge Alegrias e João Martins.

A novilhada foi bem dirigida pelo competente Manuel Gama, assessorado pelo médico veterinário José Manuel Lourenço.

Fotos M. Alvarenga



Por se ter inutilizado o primeiro novilho de R. Telles que cabia
a António Mendonça, abriu praça o amador Lourenço Malheiro
com um bom oponente de Fontembro. O jovem cavaleiro 
deixou óptima impressão e ficou apurado para a final





Bons momentos e ferros de verdade. O praticante António
Mendonça não desiludiu



David Gomes, dos Amadores de Azambuja, executou a
primeira pega da tarde ao segundo intento, depois de na
primeira tentativa ter sofrido um violento derrote



A segunda pega foi consumada à primeira por Fábio Tomás,
com excelente intervenção de todo o grupo












O já rodado João D'Alva bordou o toureio e esteve portentoso
nos três tércios, frente a um belíssimo novilho de Paulo
Caetano. Actuação de arte e de muito valor com o merecido
triunfo de passar à final (dia 29)











Filipe Martinho deu a cara e esteve com imenso mérito frente
a um novilho complicado e sem qualidade da ganadaria
Voltalegre