Miguel Alvarenga - Achava graça, éramos muitos, íamos sempre na noite de 24 para o Estoril, para casa do meu Tio Manuel, irmão da minha Avó Fernanda (materna) e era um jantar sempre giro e animado. Muitos, tios, muitos primos, os meus Avós e a minha Mãe. Fazíamos a Marginal no carro do Pepe, meu Avô, havia imensos carros, muita gente a seguir os mesmos rumos que os nossos.
Era engraçado aquele espírito de família, aquela união, aqueles sorrisos que se trocavam. E as prendas. Éramos, pequenos, eu e o Nuno, meu irmão, nesse tempo já sabíamos que não havia nenhum Pai Natal, mas durante os anos primeiros tínhamos acreditado nisso, agora acreditavam os mais novos.
Depois passámos a ir a casa do meu Tio Carlos, irmão da minha Mãe e meu padrinho, quando morreu o Tio Manuel e se acabaram os Natais no Estoril. E depois nasceram os meus filhos. Pelo meio, houve um interregno em que voltei a não fazer grandes festanças no Natal. Mas quando eles nasceram, teve que ser. Era giro, como o era nos meus tempos de criança, vê-los a correr para a árvore de Natal a abrir os presentes na manhã do dia 25. Os filhos fazem o Natal. Os netos voltam a fazê-lo.
Depois eles cresceram e o Natal voltou a “desaparecer”. Agora veio o Santiago e no ano passado até me vesti de Pai Natal para o ir surpreender a casa. Hoje já não o engano… é esperto demais para isso.
O Natal, para mim, não tem significado nenhum especial. Odeio a hipocrisia. E por isso odeio a falsidade dos “bons Natais”, dos “gosto muito de ti”, dessas parvoíces todas.
Almoço quase todos os dias com o meu irmão Nuno - e não tenho paciência nenhuma em ter que ir jantar a casa dela no dia 24. Não gosto de fazer nada por obrigação. E o Natal é uma obrigação estúpida - e mais nada.
Festeja-se o nascimento do Menino Jesus. Muito bem. Respeito quem o festeje. Eu prefiro festejar o aniversário de pessoas que conheço e nunca conheci o Menino Jesus, nem os Pais, nem a Família.
Não tenho grande “fezada” para essas coisas e, repito, odeio fazer coisas obrigado. Adoro dar presentes - e dou durante o ano - aos meus filhos, ao meu neto, à minha Mulher, ao meu irmão, aos meus sobrinhos, à minha Mãe, mas abomino fazê-lo por obrigação nesta época do Natal. Não perco um segundo nas lojas a fazer compras de Natal.
Odeio que me digam “Bom Natal”, adorava - e um dia hei-de conseguir realizar esse meu sonho" Juro! - fugir daqui nesta altura, ir para um sítio onde se visse o mar e se bebesse uns gins e não se falasse de Natal…
Odeio muitas luzes e multidões, gente na rua a correr de um lado para o outro cheia de embrulhos, adoro a calmaria e por isso não gosto do Natal.
Desculpem os que gostam. Respeito-vos. Mas não comungo minimamente desses vossos ideais.
Espero rapidamente que passe o dia 25 deste mês. Para poder voltar a respirar tranquilo.
Bom Natal na mesma - para os que gostam.
Fotos D.R.
Cá estou eu e o meu irmão Nuno quando ainda acreditávamos no Pai Natal |