O caso Campo Pequeno começa a ter os contornos trágico-cómicos de uma novela mexicana, mas o pior é que tudo isso está a atrasar, e de que maneira, quaisquer resoluções quanto à próxima temporada de touradas em Lisboa...
Miguel Alvarenga - Ontem o site touroeouro.com trouxe a lume novos dados sobre todo este conturbado e muito pouco claro processo do caso Campo Pequeno, que está a preocupar todos os aficionados e a indefinir o futuro da primeira praça de toiros do país, inaugurada há 128 anos.
João Borges (foto ao lado), antigo administrador da insolvente Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno SA, responsável pela obra monumental de remodelação do imóvel (foto de cima) e que até há seis anos atrás estava à frente dos destinos da praça, interpôs no passado dia 5, vésperaas da assinatura do contrato com Álvaro Covões, uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa - pelo que a oficialização da venda da sociedade à Plateia Colossal de Covões está suspensa e isso pode explicar o adiamento que o novo empresário está a dar à tomada de resoluções, nomeadamente à reunião que ainda não teve com Rui Bento.
A Família Borges acusa os envolvidos no processo que "lhes tirou o Campo Pequeno" de terem actuado de "forma fraudulenta" de modo a precipitar a insolvência da SRUCP e o Tribunal vai agora ter um prazo de dez dias para analisar a providência cautelar e depois mais uma semana para marcar julgamento.
Caso o Tribunal considere a providência cautelar procedente, a venda da sociedade a Covões fica anulada e tudo volta ao princípio, tendo o BCP que indemnizar a Plateia Colossal.
Com esta medida cautelar, João Borges pretende impugnat a escritura, assinada na última sexta-feira. A ré é a Casa Pia de Lisboa, proprietária da praça de toiros e que segundo o ex-administrador da SRUCP "não respeitou os contratos assinados entre as partes", sendo contrainteressados, revela o site touroeouro, a Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno SA, o Banco Comercial Português e a empresa Plateia Colossal.
Álvaro Covões terá sido notificado da providência cautelar antes da assinatura do contrato e isso terá precipitado a escritura. O empresário já dera a conhecer ao BCP, depois de tantos adiamentos, que se a escritura não fosse assinada até ao dia de ontem, quarta-feira, deixaria de ter interesse no negócio.
Neste momento, o impasse é ainda maior. Covões e a sua equipa já assentaram arraiais na praça de toiros, mas não sabem ainda se vão continuar ou se tudo isto não terá sido apenas uma entrada por saída...
Todo este processo judicial pode ainda arrastar-se por cerca de um mês - o que é muito e é grave para se começaram a tomar decisões quanto a uma temporada de corridas que ainda ninguém percebeu se vai haver ou não...
Fotos D.R. e Emílio de Jesus/Arquivo

