Transcrevemos, com a devida vénia, o texto de Manuel Andrade Guerra, jornalista, presidente emérito da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I, publicado na sua página do Facebook, alusivo aos 40 anos de alternativa de Paulo Caetano, que o cavaleiro vai celebrar no próximo sábado em Monforte
Paulo Caetano - um Mestre Tranquilo
Paulo Caetano celebra os 40 anos da sua Alternativa com Tranquilidade. Tal significa que atingiu as metas artísticas que se propôs e talvez tenha ido ainda mais longe… Em Tauromaquia, a tranquilidade pode considerar-se sinónimo do Temple, que é uma virtude suprema, nas arenas como na Vida.
E a vida de cavaleiro de Paulo Caetano iniciou-se bem cedo, logo comprovando que possuía múltiplas qualidades para ser gente grande neste “mundillo” difícil. Foram explosivas as suas primeiras temporadas em Espanha, na segunda metade dos anos 70, um período de transição no Toureio equestre mundial. A força do seu arranque, igualmente em Portugal, permitiu-lhe chegar rapidamente à Alternativa, que recebeu na Monumental de Santarém, durante a Feira do Ribatejo de 1980, das mãos do saudoso D. José João Zoio.
O jovem promissor atravessou então, também ele, uma fase de transição no seu percurso, sem pressas, crescendo a compasso da sua inspiração, com esse temple que progressivamente impunha nas suas actuações. “Se torea como se es” e Paulo adoptaria no redondel a postura de sóbria dignidade que assumiu no quotidiano.
A vida de casado e, em particular, a adopção do Alentejo como seu novo entorno marcam um importante ponto de viragem – foi como se a serenidade das planuras lhe permitisse ver as coisas com maior nitidez, amadurecer como Homem e como Toureiro, criando definitivamente o Seu estilo, com base na exteriorização do próprio carácter.
É sabido que, a partir daí somou incontáveis triunfos mas, mais importante do que isso, manteve-se fiel aos princípios que o norteavam. Estavam já longe os tempos vibrantes do cavaleiro em formação, chegara o momento de impor o toureio clássico que brotou da sua inspiração e lhe granjeou, até hoje, o respeito dos aficionados mais exigentes.
À maneira dos grandes artistas, decidiu retirar-se quando se encontrava no momento mais alto. E fê-lo sem anúncio prévio nem alvoroço mediático deixando-nos com uma sensação de vazio e de precoce saudade.
Desde essa noite, em contadas e especiais ocasiões, tem demonstrado que poderá voltar quando entender e se a sua ambição o arrastar a novos feitos. A decisão é dele, do novo Mestre que nada mais tem a provar, porque já conquistou o seu lugar na História da Tauromaquia. E continua Tranquilo…
Andrade Guerra
Foto Emílio de Jesus/Arquivo