"Querias a minha Nikon, mas ainda não é desta, meu malandro!..." |
Vida de rei: computador e televisor à mão de semear, sobre a cama... |
Esta tarde no Hospital da Luz |
Graças a Deus (por um lado) e ao Diabo (por outro), o raio do Emílio ultrapassou mais esta barreira, passou por cima de mais uma partida que a vida lhe pregou e quem se lixou fui eu.
Hoje visitei-o no Hospital da Luz (Lisboa), as fotos foram tiradas nem há uma horita. Está como novo. Já se ri. Já vê o "Farpas Blogue" e a televisão no televisor/computador que tem mesmo sobre a cama. Amanhã já deve ir para casa. E eu sem a Nikon. E dizia ele que era meu amiguinho... Malandro.
Posso estar desolado por um lado, e estou, mas estou muito feliz por outro. Tenho o meu querido Emílio de volta. E ele teve à sua volta um punhado de grandes Médicos (a quem agradece, bem como a todos os enfermeiros, pessoal hospitalar e ao fisioterapeuta que há momentos aqui esteve no quarto e que é de Benavente, amigo do Francisco Palhinha, organizador das festas da sardinha assada em Junho do ano que vem, enfim, o mundo é tão pequenino...), um punhado de grandes Médicos, dizia eu, entre os quais o Dr. José António Pereira (que o operou), a Drª Tânia Rodrigues, o Dr. Paulo Roquette (que o operará dentro de seis semanas, mais coisa, menos coisa) e a Drª Cristina Pestana (anestesista), minha amiga do tempo dos liceus, a cujo casamento até eu fui em Seia, enfim, o mundo é mesmo pequenino.
Explicando melhor (porque ele mesmo me pediu que o fizesse): o Emílio teve um cancro no intestino, com ramificações no fígado. Graças a Deus, a Medicina hoje está muito avançada e ter o que ele teve já não é o papão de outros tempos, nem a desgraça de antigamente. O Emílio sorriu, foi em frente, enfrentou a doença com a maior das dignidades e disse sempre: "Vou dar cabo do cancro e daqui a uns meses hás-de escrever que o venci!". E também que fiquei sem a Nikon, mas isso é outra conversa...
Bom, adiante. Fez seis sessões de quimioterapia, a "encerrona", como ele disse. O resultado não podia ter sido melhor e mais esperançoso. Estavam previstas mais seis sessões, mas felizmente não foram necessárias, dados os resultados positivos das primeiras. Os médicos decidiram então avançar para a primeira operação, ou seja, para a primeira missão: operá-lo ao fígado, um orgão que regenera. A intervenção cirúrgica, realizada na quinta-feira passada, durou cinco horas e correu muito bem. Esteve um dia nos Cuidados Intensivos e no sábado passou logo para um quarto, este onde hoje o visitei, sem ter que passar, como inicialmente estava previsto, pela Unidade de Cuidados Intermédios. Dentro de aproximadamente seis semanas voltará ao hospital para a segunda operação, desta vez ao intestino, e depois deverá ficar como novo.
Amanhã, como já disse, deverá já ir para casa. Descansar e recuperar. Faltou à Golegã, mas foi por uma boa causa. Resumindo e concluindo: gostei muito de o ver hoje. Levantou-se, passeou pelos corredores do hospital, conversou comigo, almoçou que nem um abade, acabara de ter a seu lado a Fernanda e o Hugo e estava farto de atender telefonemas dos amigos que o não esquecem. Ainda perguntei a um médico se não havia mesmo hipótese nenhuma de aquilo andar tudo para trás, dele piorar e da Nikon ainda ser minha um dia, mas o clínico desiludiu-me por completo. E a Ana ouviu. "Não senhor, graças a Deus o seu amigo está óptimo!". Bora, Emílio, põe-te rijo depressa. Mesmo que não tragas a máquina, espero ansiosamente pelo jantar que combinámos! Força, meu querido!
Fotos Ana de Alvarenga