48 horas depois da final da Demonstração de Pegas, que teve lugar no Montijo, a Associação Nacional de Toureiros (antigo sindicato) vem finalmente a público... tomar uma posição sobre o evento. Eis o comunicado da direcção da ANDT:
A ANDT - Associação Nacional de
Toureiros - vem por este meio e em representação da classe dos bandarilheiros
portugueses, mostrar a sua repulsa e condenar os comentários insultuosos a eles
dirigidos por parte de um órgão de comunicação social, relativamente à sua não
participação nos eventos realizados no Montijo nos passados dias 2, 3 e 17 do
corrente.
Nada move esta associação, nem os seus
associados, contra a empresa organizadora nem muito menos contra os grupos de
forcados._Por esta razão e para não ser acusada de querer prejudicar os
referidos espetáculos, só agora vem dar a conhecer o seu descontentamento e
sobretudo as razões pelas quais os seus toureiros se recusaram a participar.
Desde cedo recebemos manifestações de
preocupação e desagrado dos nossos associados, com os moldes em que os
referidos espetáculos estavam a ser montados, pela falta de enquadramento
regulamentar e pela repercussão negativa e prejudicial dos mesmos.
Nós sabemos e concordamos com o papel
importante do forcado na Corrida de Touros à Portuguesa. Contudo são uma parte
do espetáculo, assim como os toureiros que nela participam, não fazendo sentido
para nós realizar espetáculos sem uma das partes.
Que fique claro que teríamos a mesma
posição caso fosse sugerido um espetáculo só com cavaleiros e respetivas
quadrilhas, sem incluir os forcados.
Aliado a estes factos, o Fundo de
Assistência dos Toureiros, também alertou os seus associados que não estariam
cobertos pela assistência ao acidente, precisamente porque os espetáculos não
estavam enquadrados no regulamento.
A classe dos bandarilheiros Portugueses,
ao contrário daquilo que se escreveu, mostrou uma solida união pelas
preocupações comuns e dessa forma não aceitou fazer parte destes espetáculos
nos dias 2, 3 e 17 no Montijo.
De salientar que os nossos
bandarilheiros foram substituídos, não por bandarilheiros espanhóis, mas por
matadores de toiros e novilheiros do pais vizinho, que e ao contrário também do
que foi escrito, prestaram um péssimo serviço ao toureio a pé, toureando sem as
suas quadrilhas toiros embolados e sem sequer cumprirem o tercio de
bandarilhas.
Lamentamos também que os poucos
toureiros portugueses que participaram, não tenham alinhado com o pensamento da
maioria dos seus colegas.
Foi ainda prioridade desta associação
transmitir ao órgão da tutela as preocupações dos cabeças de cartaz e
bandarilheiros, bem como informar as congéneres espanholas por forma a
acautelar que no futuro, eventos como estes não se possam realizar neste moldes
por entendermos não trazerem nenhuma mais-valia a tauromaquia Nacional.
Esta Associação recebeu por parte da
IGAC um parecer que informa:"... que após análise aturada de todos os
elementos associados ao evento em questão, concluiu-se que o mesmo não é,
efetivamente, enquadrável no Regulamento do Espetáculo Tauromáquico (RET), pois
não assume as características de qualquer um dos tipos de espetáculo
tauromáquico ou de natureza análoga previstos e disciplinados pelo RET.
Nesta conformidade, a autorização da
IGAC incide sobre os aspetos atinentes à utilização de recinto fixo para evento
de natureza diversa, tal como sucede em relação ao mais variado tipo de
espetáculos realizado sob as mesmas condições..."
Mais uma vez deixamos publicamente o
maior desagrado pela forma como os toureiros e sobretudo a classe dos
bandarilheiros foram tratados em todo este processo, por agentes exteriores que
deveriam estar melhor informados e respeitar as posições de cada um, não
estando habilitados para condenar ou julgar alguém pela não participação num
evento com o qual não se identifica.
Por último gostaríamos de manifestar a
nossa disponibilidade para no futuro colaborar em eventos que tenham como fim
dignificar a figura do forcado, mas na sua plenitude.
Com os melhores cumprimentos
A Direcção
Foto D.R.