segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pegas ontem no Montijo: outra vez pouco público, outra vez poucos forcados e outra vez espanhóis a fazer as vezes dos faltosos lusos... vergonha nacional!

Os forcados perderam uma grande oportunidade de mostrar a sua força e a sua
união. Deviam ter enchido as bancadas da Monumental do Montijo... mas voltaram
a primar pela ausência. Lamentável...
Público tributou merecida ovação, ao início, aos toureiros espanhóis que se
dispuseram a vir ajudar os forcados... na ausência vergonhosa dos bandarilheiros
portugueses. Que pequeno e que mesquinho anda este mundillo taurino...
Lamentável

Miguel Alvarenga - Outra vez pouco público, outra vez poucos forcados nas bancadas e outra vez toureiros espanhóis a fazer as vezes dos portugueses, que voltaram a faltar. Nas bancadas, nem um bandarilheiro nacional e muito menos algum cavaleiro. Houve um boicote total, incompreensível e inadmissível, dos toureiros portugueses à brilhante e louvável iniciativa dos empresários João Pedro Bolota e Abel Correia e do bandarilheiro Pedro Gonçalves. A Demonstração de Pegas (na verdade, um concurso de pegas), em que os toiros foram exclusivamente lidados de capote e muleta e depois pegados, teve ontem na Monumental do Montijo a segunda e última eliminatória, realizando-se a final no próximo dia 17. Ontem, foram apurados os grupos da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, de Salvaterra de Magos e do Aposento do Alandroal, tendo sido desclassificados os do Barrete Verde de Alcochete e os de Monforte. O júri voltou a ser composto por João Pedro Bolota, Francisco Costa Montezo, Carlos Empis, Mário Guarda e por mim. Ao anunciar-se a decisão, houve unanimidade do público, ovações e nem um único protesto. Ou seja: votámos bem!
Lidaram-se seis toiros de Dias Coutinho, com melhor presença e apresentação que os da véspera. No final, o ganadeiro ofereceu o "sobrero" para ser lidados pelos diestros espanhóis que se prontificaram a vir ajudar os forcados. Desta vez estiveram também em praça os bandarilheiros Filipe Silva (Barroca) e Diogo Damas e o novilheiro Joaquim Ribeiro "Cuqui", recém-chegado do México. Tal como no sábado, voltaram a actuar os matadores espanhóis Paco Ramos e Israel Lancho e os novilheiros Daniel Muñoz, Julián Simón e Jerónimo Sandovar. Os bandarilheiros nacionais, pressionados pelos seus cavaleiros, voltaram a não comparecer. Uma vergonha que evidencia, se dúvidas restassem, a pequenez e a mesquinhez do nosso mundillo taurino - tacanho e desunido... como sempre. Altamente negativa, também, a ausência de forcados nas bancadas. Registe-se, desta vez, as presenças de Francisco Borges e seu filho (do Grupo de Montemor), bem como de Nini Alves e Francisco Zenkl (GFA Montemor) e João Lucas (GFA Lisboa), entre outros. "Viémos pelo que o Miguel escreveu hoje no 'Farpas', achámos que devíamos marcar presença", confessou-nos o veterano forcado montemorense Francisco Borges.
A primeira pega foi executada com emoção, à porta da gaiola, pelos Amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo. O forcado da cara esteve bem, emendou a viagem do toiro e o grupo esteve coeso a ajudar.
Na segunda pega, o Aposento do Barrete Verde de Alcochete esteve longe dos seus melhores dias. Mal o forcado da cara, que concretizou ao terceiro intento. O grupo salvou depois a honra do convento no sexto toiro. Por ausência (não explicada) do Grupo de Monsaraz (que estava anunciado), e tal como acontecera na véspera, o último toiro foi pegado por elementos dos cinco grupos participantes. Para a cara deveria ter ido o grupo mais antigo (Tertúlia do Montijo), mas este abdicou e deu a vez ao Barrete Verde, que tinha estado mal anteriormente. A pega foi concretizada com brilhantismo ao primeiro intento.
Os Amadores de Monforte pegaram à primeira tentativa o terceiro toiro da tarde. A pega foi bem executada, mas na primeira investida do toiro o grupo "desarmou", o que terá contribuído para a sua desclassificação.
O quarto toiro foi pegado ao segundo intento, em sorte emotiva, pelos Forcados de Salvaterra de Magos. O toiro caíu, rodou no chão com o forcado sempre na cara e levantou-se, tendo o grupo ajudado em peso.
Espectacular foi também a quinta pega executada pelos Amadores do Aposento do Alandroal à primeira tentativa.
O antigo cabo dos Forcados da Tertúlia do Montijo, Luis Branquinho, fez ontem- e bem - as vezes de director de corrida.

Fotos M. Alvarenga