No ano que celebra 75 anos da sua fundação, a ganadaria Murteira Grave volta a lidar em Évora uma corrida de toiros. A última vez que se lidou uma corrida da casa na cidade museu foi em 2013, por ocasião de uma homenagem ao meu pai falecido meses antes. Creio não ser necessário sublinhar a relação íntima dos toiros Murteira Grave com a sua terra natal e o que representa para a família Grave lidar em Évora, praça onde a ganadaria mais lidou de todas onde apresentou toiros. Já foram, desde a estreia no dia de São Pedro de 1950, há 69 anos, 344 toiros. Se tudo correr bem no sábado, o sexto toiro fará o bonito número de 350 lidados em Évora. Escreve-se depressa mas tarda uma vida, mais de uma vida a alcançar!
No dia de São Pedro, a ganadaria Murteira Grave anunciou-se, com a deste ano, 29 vezes desde a estreia até à actualidade, sendo a última presença já no longínquo ano de 2010. De assinalar que, nos primeiros dez anos de existência, Murteira Grave lida oito vezes pelo S. Pedro em Évora.
Sei, por relatos orais do meu pai e meu avô, o quanto significava para eles, os fundadores da ganadaria, ver os seus toiros em Évora. Não consigo escapar a essa emoção, confesso que me invade alguma ansiedade nos momentos prévios à corrida. A mim e à minha família. Sei que faz parte da vida de um ganadero, mas parece que na nossa terra a responsabilidade aumenta e se sente um sobressalto extra.
Este ano o cartel é magnífico, não pode ser mais forte. Peço a Deus que os toiros mostrem a raça e a vontade indómita daqueles que não viram a cara à luta, porque é isso que todos devemos fazer para defender os valores em que acreditamos. Desejo sinceramente que no sábado sejam os toiros os heróis que, pela sua entrega e bravura na luta, façam dos toureiros que os vão enfrentar, também eles, uns verdadeiros heróis humanos e que triunfem em toda a plenitude.
Galeana, 25 de Junho de 2019
Joaquim Grave
Foto D.R.