Objectivo: Vila Franca! Onde toureia no próximo domingo. Momentos do treino de Ricardo Cravidão ontem em Estremoz com o cavalo "Quilate" |
21 anos e o sonho de um dia chegar longe na difícil profissão de cavaleiro tauromáquico. Ricardo Cravidão, toureiro praticante, é uma das mais sólidas promessas do toureio equestre. Triunfar este domingo em Vila Franca, a praça dos seus êxitos, é o objectivo para que se treina intensamente nestes dias
Foi em Estremoz, na quinta de João Maria Branco, seu cunhado, onde tem agora sediada a sua quadra, que o "Farpas" assistiu ontem de manhã a mais um treino do jovem Ricardo Cravidão com o seu fantástico cavalo "Quilate", um dos craques da sua magnífica quadra.
O objectivo primordial de toda esta preparação nos últimos dias é, diz, "voltar a estar no domingo à altura da importância e do carisma que tem a praça de Vila Franca", onde vai actuar este domingo, dia 30, na novilhada popular que ali se realiza.
"Tem sido uma das praças mais importantes na minha ainda curta carreira e é sempre uma responsabilidade enorme pisar a carismática arena da centenária 'Palha Blanco', pela exigência e os conhecimentos da sua aficion, que sempre me tem acolhido com carinho e que espero voltar a honrar no domingo com uma boa actuação", afirma o jovem cavaleiro.
Paulo Cravidão, o pai, nunca quis ser toureiro e nem sequer monta a cavalo, mas é, desde muito novo, um grande aficionado. Conta-nos:
"Sempre tive gado e desde muito pequeno que o Ricardo andava comigo no campo a apartar as vacas, no meio delas. Depois, eu ia sempre às corridas e levava-o comigo. Isso fez crescer nele o gosto pela Festa, pelos cavalos e pelos toiros, até que um dia me disse que queria experimentar...".
"Estive três meses, nas férias, na Herdade da Torrinha, a aprender naquela que é a grande 'Universidade do Toureio a Cavalo', onde ainda tive a sorte de receber os ensinamentos de Mestre David Ribeiro Telles. Depois conheci aqui no Alentejo o João Maria Branco, que hoje é meu cunhado, e comecei a treinar com ele", conta Ricardo.
Apoderado por João Duarte, o jovem cavaleiro diz que "trabalha diariamente para alcançar o sonho de ser alguém neste mundo do toureio" e tem-se destacado nas últimas temporadas, onde já provou que não vai ser "só mais um".
"Espero que não...", diz convictamente. E acrescenta: "O espectáculo tauromáquico é um espectáculo de risco e de emoção e no dia em que isso não existir as pessoas perdem o interesse. Todas as tardes procuro arriscar, arrimar-me, demonstrar que não quero andar aqui com facilidades, quero ser mais um a pisar a linha de fogo e a transmitir todo o meu sentimento ao público".
Quanto à alternativa, "não há pressa", afirma. "Quero consolidar uma posição primeiro. Neste momento tenho toureado em novilhadas, como vai acontecer no domingo na 'Palha Blanco', com tempo passarei a integrar cartéis em corridas formais e depois se verá. Até à alternativa ainda há um caminho a percorrer, estou consciente de que as coisas não se fazem a correr, de que tudo tem o seu tempo".
E, a terminar:
"Já tive a sorte de poder tourear na Catedral do Campo Pequeno, numa novilhada onde as coisas me correram bem. Gostaria muito de poder voltar a Lisboa e é para isso que trabalho todos os dias".
Fotos M. Alvarenga