sábado, 11 de dezembro de 2021

Ingratidão, memória curta, coisas tristes...

Miguel Alvarenga - Estive ontem, como não podia deixar de estar, em nome da grande amizade, da consideração, da admiração, do respeito e da muita saudade pelo meu Querido Amigo, na missa de 7º dia por Manuel Andrade Guerra, celebrada na Igreja de São João de Deus, em Lisboa.

Onde, e tal como já acontecera no domingo anterior, no último adeus ao nosso Manuel (cremação) no Cemitério dos Olivais, voltei a constatar a ausência gritante de muitos dos agentes e das figuras do mundo tauromáquico (e não apenas) que tinham obrigação (moral, pelo menos) de ali ter marcado presença.

Manuel Andrade Guerra passou a sua vida a enaltecer a Tauromaquia, a Cultura portuguesa, o Jornalismo, a Causa Real. E foram pouquíssimos, para não dizer quase nenhuns, os representantes do mundo taurino, do mundo cultural, do mundo jornalístico e da Casa Real (nenhuma representação oficial) que lhe prestaram a devida e merecida homenagem na hora da despedida.

Ontem e para além dos nomes que estiveram presentes no domingo anterior no Cemitério dos Olivais e que já aqui referi anteriormente, anotei as presenças, outra vez, de Mestre Luis Miguel da Veiga e da Luiza, do Maestro Paulo Caetano, do antigo forcado José Jorge Pereira, de alguns aficionados e, obviamente, do presidente e de membros da Real Tertúlia. Para lá dos familiares e amigos mais próximos do Manuel.

Honrou em vida inúmeras figuras das nossas arenas, de cavaleiros a matadores, de forcados a bandarilheiros, de empresários a apoderados, a quem atribuiu incontáveis Troféus ao Mérito da Real Tertúlia D. Miguel I - e muitos deles, graças a Deus ainda vivos, não se dignaram marcar presença na hora de nos despedirmos do Manuel.

Não ficava bem com a minha consciência se aqui não registasse essas ausências. Que me revoltaram, que me indignaram, que me deixaram mais triste. Não me vou adiantar mais. Apetecia-me, mas vou-me conter.

Fica apenas o lamento. Pela falta de memória (tão curta) dos homens dos toiros. Pela ingratidão. Pelo esquecimento.

Mas não é novidade nenhuma. Infelizmente, foi sempre assim.

Foto Marques Valentim/Arquivo