As 9 saídas em ombros de João Moura e as passagens triunfais de muitos mais cavaleiros lusos por Las Ventas estão completamente ignoradas no Museu Taurino da primeira praça de toiros do mundo... |
O traje de luces branco e ouro, o capote de passeio e todos os apetrechos utilizados por "Manolete" na tarde em que morreu em Linares em 1947 |
Lugares de destaque aos grandes Paco Camino e "Antoñete" |
Aspectos do Museu Taurino de Las Ventas e, em baixo, Miguel Alvarenga à saída do espaço no último sábado |
Muito bem recheado e superiormente conservado, o Museu Taurino da Monumental de las Ventas, em Madrid - que visitámos no último fim-de-semana - peca por alguns equívocos e demasiadas e gritantes omissões.
Por exemplo: é completamente ignorada a brilhante passagem por Las Ventas, durante anos consecutivos, do matador português Vitor Mendes. As únicas referências a toureiros nacionais (valha-nos isso!) são a lembrança, num pequeno texto, de Augusto Gomes Júnior como o primeiro novilheiro luso que ali actuou vestido de luces nos anos 40; e um busto do malogrado José Falcão, apesar do engano na data da sua morte na Monumental de Barcelona, ocorrida a 11 de Agosto de 1974 (e não 1973, como lá está referido).
Por fim, o Museu ignora por completo o toureio a cavalo (rejoneio), não tendo qualquer referência a cavaleiros portugueses que por ali impuseram a sua arte (desde Núncio e Simão da Veiga a Manuel Conde e David Ribeiro Telles, a José Lupi, a Paulo Caetano, Rui Fernandes e, acima de tudo, a João Moura, que foi um "toureio de Madrid" e por nove vezes abriu a porta grande de Las Ventas para por ela sair aos ombros).
O Museu Taurino da Monumental de Madrid evoca exclusivamente os toureiros espanhóis e mexicanos e, sobretudo, aqueles que perderam a vida numa arena.
Está lá o traje de luces branco e ouro, bem como o capote de passeio e todos os restantes apetrechos (capote, muleta, estoque) utilizados pelo famoso Manuel Rodríguez Sánchez "Manolete" na tarde em que foi mortalmente colhido pelo toiro "Islero" da ganadaria Miura em Linares (28 de Agosto de 1947), bem como o aparelho médico com que lhe efectuaram a primeira transfusão de sangue.
Está também no Museu o traje de luces azul e oiro que vestia o matador José Cubero "Yiyo" em 1985 quando morreu em Colmenar Viejo, bem como a cabeça embalsamada de "Burlero", o toiro que lhe roubou a vida. E ainda o traje usado pelo matador José Mata na corrida em que morreu em Villanueva de los Infantes no ano de 1971.
Fotos D.R.