Segundo a equipa médica que o assiste no Hospital Garcia de Orta em Almada transmitiu ontem ao início da noite à família, o forcado António Pereira, dos Amadores do Montijo, vítima de forte traumatismo craniano sofrido no domingo quando o grupo executava a quinta pega da tarde na Monumental do Montijo, encontra-se em franca recuperação e pode mesmo ter alta ainda durante o dia de hoje. Uma evolução milagrosa, depois de ontem se ter receado o pior quando o forcado deu entrada na enfermaria e posteriormente no Hospital do Barreiro.
O derrame cerebral está, graças a Deus, a ser absorvido e já está posta de parte a hipótese de o operarem. O valente forcado montijense pode abandonar o hospital durante as próximas horas e iniciar em casa a recuperação, com fortes medidas de vigilância e visitas com regularidade do Garcia de Orta.
O acidente sofrido este domingo por António Pereira na arena do Montijo veio pôr em causa as condições de assistência médica na praça, depois de José Ribeiro da Cunha, técnico do INEM e outro elemento do mesmo Instituto de Emergência Médica, que estavam por acaso a assistir à corrida e socorreram de imediato o doente, terem constatado que não havia uma Equipa Médica a prestar assistência ao espectáculo, estando exclusivamente de serviço uma médica que também presta serviço na praça de toiros da Moita, a Drª Ana Lila Almeida Cruz.
"Não havia sequer um enfermeiro", disse ao "Farpas" José Ribeiro da Cunha. O caso está a suscitar desde ontem grande polémica nas redes sociais, onde vários forcados e antigos forcados têm tecido os mais variados comentários a esta surpreendente situação, chamando a atenção para a obrigatoriedade, segundo o próprio Regulamento do Espectáculo Tauromáquico, da existência em qualquer praça de toiros, em dia de espectáculo, de uma Equipa Médica completa - e não apenas de um médico.
Muitos aficionados e forcados põem o dedo na ferida, lembrando as mortes de dois forcados na arena no último ano e questionando como é possível que, depois disso, se tenha passado no domingo no Montijo o que se passou.
Fotos Emílio de Jesus