Irão os bilhetes das touradas custar no próximo ano menos 7%? |
Temos - e devemos - que cantar bem alto a vitória da Tauromaquia depois da estrondosa derrota da infeliz ministra da Cultura e do próprio chefe do Governo. Mas é importante também que agora nos expliquem se os aficionados, os toureiros, os forcados e os ganaderos, entre outros, ganharão alguma coisa com os 7% do IVA que se vai pagar a menos...
Miguel Alvarenga - Quando a infeliz ministra da Cultura defendeu, "por uma questão de civilização", que a descida do IVA nos espectáculos não abrangia as touradas, estava apenas e só a discriminar a arte e a cultura tauromáquica, tratando uns como filhos e os outros como enteados.
Quando o próprio primeiro-ministro veio apoiar a sua infeliz ministra, reiterando que o IVA das touradas não deveria descer para 6%, estava também a mandar-nos às malvas e a afinar pelo diapasão dos anti-taurinos.
A vitória, ontem, no Parlamento, dos 6% constituiu, por isso, uma importante (íssima) vitória de afirmação da Tauromaquia como arte, como cultura e como tradição de um povo que não elegeu estes governantes, antes se elegeram eles a si próprios.
Constituiu, sobretudo, é importante que se não esqueça, uma derrota estrondosa do primeiro-ministro e da sua infeliz ministra que não gosta de touradas nem gosta de ler jornais portugueses - gostará de outras coisas...
Mas agora, depois de cantarmos vitória, é preciso que meditemos e analisemos as vantagens da descida do IVA.
Aliás, a discussão do IVA das touradas foi mais um bicho de sete cabeças que outra coisa. Muito mais que uma questão fiscal e que uma questão monetária, foi uma questão de princípio. Não conseguiram em Julho acabar com as touradas aquando da apresentação do projecto do PAN (a propósito, nunca mais ninguém disse nada das alegadas ligações deste partido ao grupo IRA, porquê? O assunto morreu na praia?), queriam agora dar uma estocada às touradas não lhe descendo o IVA. Perderam outra vez. A seguir virá, como já veio, a história do velcro e das touradas à americana - que me parece ser outra não questão...
E, voltando atrás, quais são as vantagens da descida do IVA de 13% para 6%, afinal?
O IVA nas touradas já estava a 13% e ninguém morreu por isso. Houve mais de 200 espectáculos tauromáquicos este ano em Portugal e, que me lembre, nunca a Festa Brava teve nos últimos anos um fulgor e uma chama tão grandes como as que se registaram em 2018 - com tanto entusiasmo, com tantos toureiros novos a explodirem e a darem o passo em frente, com tanta adesão popular e com tantas corridas de praça cheia e muitas esgotadas.
Se o IVA se tivesse mantido nos 13%, não traria problemas de maior para a actividade tauromáquica, a não ser o facto de, pelas posições do primeiro-ministro e da infeliz ministra da tutela, constituir uma pesada derrota para a Tauromaquia.
Mas isso não aconteceu. Vai agora acontecer o quê?
Vão descer em 7% os preços dos bilhetes para as touradas? Vão os cachet's dos toureiros (apesar de estarem isentos) e dos forcados subir 7% na próxima temporada? Vão os senhores ganaderos ganhar mais 7% em cada toiro que alugam? Ou vão ser apenas e só os senhores empresários a amealhar esses 7% nas suas organizações? Ou há moralidade, ou (não) comem todos...
É isso que era importante que fosse agora explicado. Porque a esta hora já estará muito aficionado contentíssimo, a esfregar as mãos e a pensar que a partir de agora os bilhetes vão ser mais baratos, pelo menos, mais baratos 7%.
Sei que amanhã vai haver uma reunião magna das associações tauromáquicas, presumo que da PróToiro. Ficamos então à espera que nos digam quem ganhou o quê com a descida do IVA nas touradas. Ou se foi apenas uma vitória moral e nada mais.
Fotos Emílio de Jesus, Frederico Henriques e D.R.