Santarém foi pela terceira vez praça cheia, Praça Maior! |
Com dois toiros a pedir contas, João Moura Júnior foi ontem um Maestro e confirmou indiscutivelmente a liderança do pelotão |
João Ribeiro Telles vive um verdadeiro momento de sonho e ontem reafirmou em Santarém toda a sua raça, toda a sua arte e toda a verdade do seu toureio |
Reaparição de Francisco Palha ficou marcada pela grande lide ao terceiro toiro da corrida. No último (foto) esteve uns pontos abaixo do seu melhor, sem contudo desiludir |
António Taurino (Santarém) voltou a fazer um pegão, como o fizera no passado dia 10 |
Grande como sempre, João da Câmara pegou com esta garra o segundo toiro |
Francisco Graciosa (Santarém) na cara do terceiro toiro |
Francisco Bissaya Barreto, que ontem reapareceu depois da colhida de Maio em Montemor, na pega ao quarto toiro, segunda do Grupo de Montemor |
Lourenço Ribeiro (Santarém) na pega ao quinto toiro da tarde; em baixo, momento empolgante da última pega, por Francisco Borges (Montemor) |
Santarém voltou ontem a ser Praça Maior, praça cheia. Terceira (e espera-se que não a última) corrida, a da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), levada a cabo pelo grupo - notável! - de jovens aficionados, quase todos antigos forcados, que lograram levar a bom porto a missão de recuperar a Monumental "Celestino Graça", tendo tido do público, mercê do incansável labor que tiveram, a esperada correspondência. A praça encheu nas três tardes (em Março, no passado dia 10 e ontem outra vez). Foi para eles, quando Francisco Palha se apeou do cavalo e lhes brindou a sua última lide, uma das maiores, mais justas e mais merecidas ovações da tarde.
A corrida de ontem trazia a Santarém o novo Trio da Apoteose - Moura Júnior, João Telles e Francisco Palha. Três dos principais e mais destacados cavaleiros do momento, frente a toiros de Veiga Teixeira - toiros para homens de barba rija. Exigentes, a transmitir a seriedade que é a essência mais pura e desejada desta festa, a complicar, a pedir contas.
João Moura Júnior foi autor de duas lides de assombro, com dois toiros nada fáceis a que impôs a sua maestria, reafirmando indiscutivelmente a liderança do pelotão. As duas "mourinas", por que toda a gente agora espera, com que encerrou esta sua apoteótica e marcante passagem pela "Celestino Graça", deixaram tudo e todos em alvoroço.
João Ribeiro Telles foi ontem bafejado pelo melhor lote, o seu segundo toiro, sobretudo, quinto da ordem, foi um toiro de bandeira. E teve pela frente um toureiro que se agigantou e confirmou o momento alto - altíssimo - que está a viver, voltando a empolgar e a galvanizar com ferros cravados a pisar a linha de fogo, os terrenos da verdade.
Francisco Palha reaparecia depois da colhida em Salvaterra. E voltou em grande, com a atitude e a vontade de sempre, o espírito heróico com que sai todas as tardes a uma arena - para triunfar ou morrer (acreditem, que não é exagero). Recebeu os dois toiros sem bandarilheiros em praça, com duas portas gaiolas das que assustam. Esteve brilhante e "à Palhinha" com o seu primeiro toiro. Menos feliz com o segundo, mas sem que isso queira dizer que esteve mal. Apenas andou uns pontos abaixo do seu melhor. E reconheceu-o, quando no fim recusou a volta e entregou o tricórnio ao forcado.
Tarde grande e dura para os valentes forcados de Santarém e de Montemor. Grandes pegas do grupo anfitrião por intermédio de António Taurino (à terceira), Francisco Graciosa (à primeira) e Lourenço Ribeiro (à primeira); e dos montemorenses, por João da Câmara (à primeira), Francisco Bissaya Barreto (à primeira) e Francisco Borges (à segunda), com uma ajuda enorme de António Cortes Pena Monteiro, que também deu volta à arena.
O ganadero António Francisco da Veiga Teixeira foi premiado com volta à arena no último toiro, não propriamente por esse toiro, presumo que a decisão do director de corrida Lourenço Luzio teve mais a ver com a seriedade geral dos seis toiros. A volta, tinha-a merecido muito mais no quinto toiro.
Assistiu à corrida, acompanhado pelos dirigentes da CAP, o secretário-geral Luis Mira e o presidente Eduardo Oliveira e Sousa, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos. Alguns aficionados vaiaram-no quando o Grupo de Santarém lhe brindou a terceira pega da tarde. Foi, lamentavelmente, uma falta de delicadeza - e de educação. E de bom senso, também.
Pode-se não gostar do governo socialista, pode-se não gostar deste regime, mas quando passamos a vida a bradar aos céus porque os governantes não vão aos toiros, a começar pelo presidente da República, e temos depois numa praça um membro do governo a assistir a uma corrida, o importante é agradecer-lhe por ter vindo. E não brindá-lo com uma vaia. Lamentável a todos os títulos. Continuamos eternamente a fazer tudo ao contrário. É preso por ter cão e preso por o não ter.
Os aficionados (alguns, não todos, felizmente) fizeram ontem uma triste figura. Que pena.
Durante o dia de hoje não perca a análise detalhada de Miguel Alvarenga e todas as fotos da corrida de ontem: as pegas uma a uma, os Momentos de Glória, os Famosos que encheram a Monumental. E muito mais!
Fotos Mónica Mendes e M. Alvarenga