A pega do Grupo de Arrronches, no sábado. E, nas bancadas, os inúmeros forcados que estiveram no Montijo a apoiar os grupos participantes e a enaltecer a imagem do Forcado Amador... |
Eu fui, nós fomos. Eu apoiei. Quem faltou foram os forcados... |
Miguel Alvarenga - Durante longo tempo e
a conselho dos meus Advogados, em virtude de um processo interposto contra o
"Farpas" pela Associação de Forcados, ignorei pura e simplesmente,
apesar de contrariado, a acção e a intervenção de forcados associados em
corridas de toiros. Deixei de o fazer, por sentir que o não devia fazer num
momento particularmente trágico, aquando do assassínio de José Maria Cortes,
cabo dos Amadores de Montemor e, mais que isso, filho do meu querido amigo João
Cortes.
Sou, para quem não saiba, jornalista
profissional. O que não me obriga a ser aficionado. Já fui, nos tempos em que
havia Forcados e Grupos de Verdade, no tempo em que a Festa de Toiros era coisa
séria. Hoje, escrevo de toiros como poderia escrever de outra coisa qualquer.
Sou, repito, jornalista profissional.
Nada me move, pelo contrário e também
para que conste, contra os Forcados. Muito menos contra a arte de pegar toiros.
Hoje, confesso, até começo a dar imensa razão à Associação de Forcados quando
considero que se formou, acima de tudo, para defender os grupos da frente e
impedir que se banalize, como se banalizou, a verdadeira essência do Forcado
Amador. No "meu tempo", havia poucos grupos de forcados - mas bons.
Hoje, há grupelhos de forcados por toda a parte - e nem todos são bons.
O que me revoltou no último
fim-de-semana no Montijo foi, primeiro que tudo e antes mesmo da pouca adesão
do público e do notório boicote dos cavaleiros e bandarilheiros à iniciativa
encabeçada por João Pedro Bolota e levada a cabo também por Abel Correia e
Pedro Gonçalves, foi, repito, a indiferença com que os Forcados (não) marcaram
um evento que era único, que os prestigiava, os engrandecia e os enaltecia.
Ao anunciar-se uma Demonstração de Pegas
(um concurso de pegas, melhor falando) em quem pela primeira vez, os toiros não
iam ser lidados nem bandarilhados por cavaleiros e onde os Forcados iam poder
exibir a sua arte e deixar mais vincada que nunca a sua força, os primeiros a
comparecer e a encher (esgotar) a Monumental do Montijo, tinham que ser
precisamente os Forcados. E não foram.
Pura e simplesmente, viraram as costas a
um grande Forcado, muito maior que muitos deles - João Pedro Bolota - e
preferiram ignorar um evento que lhes estava dedicado. Ficaram a beber copos na
Golegã? É possível que sim. Ou não. Mas deveriam ter estado no Montijo - a
apoiar os grupos que participaram. A apoiar, sobretudo, quem estava a
enaltecer-lhes a imagem.
Mas não. Estupidamente (repito),
preferiram ignorar os eventos e perderam uma óptima e importante oportunidade
para manifestar a sua coesão, a sua união e, acima de tudo, a sua força.
Revoltou-me isso. Como revoltou os
poucos Forcados que lá estavam, com quem falei e me disseram exactamente o
mesmo. No segundo dia (domingo) e depois de aqui ter manifestado precisamente a
minha revolta e ter escrito que os Forcados deveriam ter estado, compareceu no
Montijo um grupo de prestigiados e louvados Forcados, entre os quais Francisco
Borges (pai e filho), Nini Alves, Francisco Zenkl, João Lucas e outros. À porta
da Monumental do Montijo, Francisco Borges, que foi nome grande dos Amadores de
Montemor, disse-me textualmente que viera de Évora depois de ler o que eu tinha
escrito e de sentir que devia marcar presença. Veio com o filho, Francisco, que
é apenas e só um dos Forcados triunfadores desta temporada.
O que escrevi e assim o entendeu quem
sabe ler, foi precisamente em defesa dos Forcados - e nunca contra eles.
Ontem à noite, durante a minha
intervenção no programa taurino da Rádio Portalegre, fui confrontado com uma
tomada de posição de um grupo de forcados da segunda linha, o de Arronches (que
participou no sábado na primeira eliminatória e em quem votei para que passasse
à final), que emitiu um comunicado informando de que não participaria na final,
no próximo dia 17... se eu estivesse presente na praça!
É, no mínimo, ridículo.
Os Forcados faltaram à sua grande festa.
E depois entraram em histeria por que eu escrevi que não deviam ter faltado. Ou
seja, fizeram o mal e depois a culpa foi minha... Deixa-me rir.
Só pode ser mesmo por estupidez -
obviamente que por estupidez de quem toma uma atitude destas e por estupidez de
quem quis - deu-lhes jeito - interpretar que chamei estúpidos a todos os
Forcados...
À falta de melhor e para tentar camuflar
a asneira de não terem sabido demonstrar união e de não terem participado no
evento onde nenhum deles deveria ter faltado, andam agora entretidos nas redes
sociais a chamar-me nomes. É para o lado em que durmo melhor. Mas confirma tudo
aquilo que escrevi: os Forcados deviam estar unidos e não estão. Os Forcados
não souberam estar à altura de um Homem que foi grande na sua arte e que é do
tempo dos Forcados de Verdade - João Pedro Bolota. Os Forcados fizeram asneira
e agora desculpam-se, tentam tapar o sol com uma peneira, procuram encontrar
bodes expiatórios para justificar a tremenda falha que cometeram, faltando à
chamada no último fim-de-semana.
Têm uma só maneira de se limpar e de
demonstrar que a estupidez foi por acaso e foi só e exclusivamente passageira:
esgotem a Monumental do Montijo na grande final do próximo dia 17, mostrem o
que valem e a força que têm, unam-se e vão apoiar os seis grupos que passaram à
final - mesmo que não sejam os seus. Esqueçam-se da côr das jaquetas. Unam-se. Deixem-se
de tretas. E, desta vez, venham. Eu vou lá estar. Como estive no fim-de-semana.
Estamos conversados.
Fotos M. Alvarenga e Ricardo Relvas/cortesia elredondeltaurino.blogspot.com