Com a devida vénia e pela sua importância e pertinência, transcrevemos o artigo de opinião de Carlos Patrício Álvares, o famoso "Chaubet", uma das grandes referências dos Forcados de outros tempos, membro da fundação do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa (na foto de cima, com Miguel Alvarenga num acto da Real Tertúlia D. Miguel I), dado à estampa no blog "forcado amador" e onde, também ele, lamenta a ausência dos (ditos) taurinos e dos forcados na iniciativa levada a cabo por João Pedro Bolota no último fim-de-semana na Monumental do Montijo:
Chocou-me a pouca ou nenhuma atenção
dada pela gente dos toiros à iniciativa tomada por João Pedro Bolota. Dos que
se intitulam profissionais do toureio - os intervenientes e os organizadores de
espetáculos; os que escrevem ou comentam sobre os mesmos; os que dizem
apreciá-los - os aficionados; os que se gabam de correr riscos por gosto - os
Forcados.
João Pedro Bolota, quando vestiu a farda
de forcado, teve oportunidade de mostrar toda a sua valentia e aficion, sendo
sempre lembrado quando se fala dos Grandes Forcados que Alcochete tem dado.
Actualmente, como empresário, também conseguiu lugar de destaque, pondo
frequentemente a aficion à frente dos interesses de empresário. Os três
espetáculos que imaginou para os dias 2, 3 e 17 de Novembro no Montijo, com
entradas a 5 euros confirmam isso. O objectivo que pretendia alcançar, mais uma
vez levado pela sua aficion, era congregar o maior número de assinaturas para,
numa exposição à Assembleia da República, tentar a proibição das manifestações
contra a Tauromaquia, a que se tem assistido à porta das praças de toiros. Mas
aconteceu o impensável.
Cavaleiros, bandarilheiros, forcados
(!!!), gente que é ou diz ser críticos ou comentadores tauromáquicos,
aficionados às touradas, faltaram. Terá sido por súbito autismo que, tenho
esperança seja passageiro, não terão compreendido a oportunidade, valor e
alcance da diligência de J.P.B.? Quem precisa ou aprecia espetáculos
tauromáquicos, desconhece a campanha que contra eles é feita? Como explicar a
apatia, a indiferença até o boicote a que sujeitaram a ideia? E porque motivos?
Aqui entra o individualismo, a ansia de protagonismo, o ciúme, a pequenez de
vistas, a falta de personalidade.
Mas J.P.B. continua com o seu espírito
de Forcado. Não se deu por vencido. Contra tudo e contra todos, levou avante o
seu projeto. Não teve a projcção que ele pretendia nem a bilheteira o
compensou, mas ainda bem que ele o realizou. Foi uma bofetada para todos
aqueles que se dizem aficionados. Tomara que seja também uma chamada de atenção
para o perigo que a Tauromaquia corre se continuarem com procedimentos
idênticos. Os "contra", os anti-taurinos, não param de a atacar. Sem
resultados palpáveis, é verdade, mas são persistentes e agressivos. Precisamos
da ajuda de todos para a defender.
Os referidos espectáculos, constituíram
uma vergonha para todos os da "família" taurina, que não quiseram
colaborar na sua realização. Além da falta de público, J.P.B. teve que se
socorrer de peões de brega espanhóis (imagine-se o que os espanhóis irão pensar
da aficion dos nossos profissionais...).
Felizmente estiveram presentes forcados. Foram a base do evento -
G.F.A.Ribatejo, Montijo, Azambuja, Arronches, Arruda, T. T. Montijo, Ap. V.
Alcochete, Alandroal, Monforte e Salvaterra. Mesmo assim os grupos mais
credenciados, por iniciativa própria ou por recomendação da ditatorial ANGF,
recusaram a sua colaboração.
Longe vai o tempo em que ao Forcado
Amador, todos os pretextos serviam para satisfazer o seu desejo de pegar
toiros. Boa vontade mostrou o ganadeiro Dias Coutinho, ao fornecer os toiros.
Com estas ocorrências, os que esfregaram
as mãos de contentes foram os
"contra", os que atacam o espectáculo tauromáquico, tiveram
inesperados aliados.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)
Fotos D.R.