domingo, 16 de setembro de 2018

A última tourada da Moita - pela objectiva de Emílio de Jesus

O Engº Jorge de Carvalho ganhou os prémios de bravura e apresentação no
vergonhoso concurso de ganadarias da Moita. Na foto, ladeado pelo empresário
Rafael Vilhais e por Carlos Anjos. Em terra de cegos, quem teve olho foi sempre rei.
Siga a dança! Ninguém protestou - e também ninguém aplaudiu. Depois de quatro
longas horas de uma tourada que foi uma seca, o que a malta mais queria era
ir embora e chegar a casa. Irra! Ganhasse quem ganhasse, isso era e foi
completamente indiferente...
Cartel-salganhada não levou público à praça na 6ª feira na Moita. A dita "aficion"
moitense ficou na rua a embebedar-se na noite do fogareiro...
Mesmo sem ser o cabeça de cartaz, foi Filipe Gonçalves quem concedeu a
alternativa a Verónica Cabaço, com o consentimento dos cavaleiros mais antigos,
porque são amigos, treinam juntos e ela quis. Vale tudo, até quebrar as regras...
Frente a um toiro complicado de Prudêncio, a cavaleira Verónica Cabaço tomou
a alternativa na 6ª feira na Moita. Esteve limpa e muito desembaraçada, sem
deslumbrar. Presumo que tenha ficado aprovada na prova. Todos ficam. Só o
grande Mestre Batista foi chumbado... mas isso eram outros tempos...
Este foi o "rinoceronte" da ganadaria António Silva, com 650 quilos e mais de
mil de mansidão, saído em segundo lugar para Ana Batista. Não deixaram que
levasse um ferro para ver como reagia. Mandaram-no (o veterinário Jorge
Moreira da Silva e o director de corrida Manuel Gama) de volta aos currais, não
sei porquê. Via bem, investia, não era coxo. Manda-se um toiro para dentro só
por ser um "coirão", manso até dizer chega, com quilos a mais do que a
normal morfologia de um toiro bravo? Em terras de Portugal, tudo pode acontecer.
Vivemos no país das palhaçadas. O boi foi para dentro... mas demorou quase uma
hora e meia para entrar. Grande público o nosso! Santa paciência que esta gente
tem. E andam por aí uns cérebros preocupados com os anti... 
Gilberto Filipe nunca teve, acho eu, o verdadeiro reconhecimento dos
aficionados. Equitador exímio, toureiro de um valor tremendo, esteve muito bem
na lide do toiro de Veiga Teixeira, pondo emoção num oponente escasso em
transmissão. Toureou e lidou muito bem. Valeu-lhe de alguma coisa? Não, porque
 a nossa Festa está como está. Gilberto tinha que estar muito mais acima do que
está. Tem valor de sobra para isso
Filipe Gonçalves lidou o toiro do Engº Jorge de Carvalho, que ganhou os prémios
de bravura e apresentação não por ter sido um toiro bravíssimo e com mais trapio
que os outros, mas porque em terra de cegos, quem tem olho é rei. O toiro,
desinteressado e distraído, acudia com alegria aos cites e investia com emoção.
Precisava que Filipe lhe proporcionasse a primazia nas investidas, com mais
distância. Mas o toureiro trouxe os "quiebros" estudados de casa... andou "em
cima" do toiro, afogou-o em sortes "quebradas" e depois usou e abusou do
número circense de um novo cavalinho que anda empinado pela arena. Gosto
imenso do Filipe e tenho por ele a maior admiração pela sua luta e pelo seu
denotado valor, mas, por amor da santa, isto é "palhaçada" a mais... Não
gostei, não aprovo e não quero. O toureiro a cavalo é uma coisa muito mais séria
Alguns toques, um ou outro ferro falhado, mas a classe de sempre. Ana Batista
toureou com a classe de sempre o toiro sobrero de Passanha
A tourada de 6ª feira na Moita estava a ser uma seca das antigas até chegar o
espanhol Andrés Romero. As fotos falam por si e não enganam ninguém. Se isto
não é tourear com arrojo e com verdade, o que é tourear, meus senhores? Romero
triunfou forte. Porque é bom, muito bom mesmo. Porque está toureadíssimo. E
também porque tem uma quadra de cavalos magnífica. Melhor que muitas das
figurinhas que por aí andam a dizer que são boas... O toiro de Canas Vigouroux
cresceu ao longo da lide e Romero deu-lhe a lide adequada. Brilhante!
António Prates toureou na Moita a substituir o mexicano Emiliano Gamero, vítima
de uma queda que muitos garantem nunca ter existido, mas isso não importa nada.
O que importou foi a decisão do jovem Prates, numa lide fantástica a um toiro de
Fernandes de Castro, em que demonstrou, para quem ainda poder ter dúvidas, que
não anda aqui para ser apenas só mais um. Este vai marcar!

Fotos Emílio de Jesus