Incomodado com a posição defendida pela ministra da Cultura relativamente às touradas, Manuel Alegre assume, em declarações ao jornal "Público", que "atitudes como" a de Graça Fonseca "colocam a democracia em causa"
O ex-candidato presidencial Manuel Alegre manifestou-se ontem em declarações ao jornal "Público", muito incomodado com as declarações da ministra da Cultura, Graça Fonseca, sobre as touradas no Parlamento. "É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros", disse Manuel Alegre ao "Público".
Ao explicar que o Governo não pretende recuar no fim da isenção do IVA para toureiros, Graça Fonseca disse: "Quanto à tauromaquia não é uma questão de gosto, é de civilização e manteremos como está". O CDS logo se indignou, no hemicilo e fora dele, mas agora também os socialistas estão a mostrar o seu desagrado.
"Agora são as touradas, depois há-de ser a caça e depois o livro que podemos ou não ler ou o filme que podemos ou não ver", diz Manuel Alegre ao "Público", para concluir: "É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros. Atitudes como esta colocam a democracia em causa".
Manuel Alegre afirma ainda que respeita "o facto de a ministra não gostar de touradas", mas sublinha que "o que está aqui em causa com as suas declarações é a liberdade de uma grande tradição ibérica reflectida por muitos escritores e artistas de todas as áreas".
Para Alegre, que é também um amante da caça, a introdução do IVA agora decidida "é uma perseguição aos toureiros e a uma actividade que mexe com milhares de pessoas".
O socialista deixa um aviso a Graça Fonseca e a outros políticos. "Falar de touradas pode dar muita visibilidade, mas há problemas mais graves de que os deputados e governantes não falam, como por exemplo o desaparecimento dos cavalos marinhos da Ria Formosa ou a proliferação de eucaliptos por todo o país".
- in "Público"
Foto D.R.