quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Primeira tourada em recinto coberto em Portugal realizou-se há 54 anos no Porto

A cidade do Porto já teve grandes tradições tauromáquicas
Mural na cidade do Porto reproduzindo a antiga praça de toiros Real Coliseu
Portuense
O Real Coliseu Portuense foi uma das oito praças de toiros que existiram na
Cidade Invicta. Construído em 1899, tinha capacidade para 8 mil espectadores
Um aspecto da assistência numa corrida de toiros no Real Coliseu Portuense
Tourada à antiga portuguesa no Real Coliseu Portuense
A praça de toiros da Praça da Alegria na cidade do Porto.
Foi construída em 1902 e ardeu em 1926
"Antoñete", grande figura do toureio de Espanha, actuou em 1970 na última
corrida que se realizou no Pavilhão dos Desportos do Porto
Cartaz da corrida de toiros que em 1974 se realizou
no Estádio das Antas, a favor da construção da sede
do Futebol Clube do Porto
Programa da corrida de toiros que se realizou há 54 anos no Pavilhão dos
Desportos do Porto e que foi a primeira efectuada em Portugal num recinto
coberto. Hoje existem no país quatro praças de toiros cobertas, as de Lisboa,
de Évora, de Elvas e do Redondo


A primeira corrida de toiros em Portugal em recinto coberto realizou-se há 54 anos no Pavilhão dos Desportos da cidade do Porto, onde existiu em tempos grande tradição tauromáquica e que chegou a ter oito praças de toiros! Em 1974, realizou-se mesmo uma tourada no Estádio das Antas, para angariação de fundos para a construção da sede do Futebol Clube do Porto

Existem hoje em Portugal quatro praças de toiros cobertas, as do Campo Pequeno (Lisboa), de Évora, de Elvas e do Redondo. Mas o que muita gente desconhece é que a primeira corrida de toiros realizada no nosso país num recinto coberto teve lugar no Pavilhão dos Desportos da cidade do Porto em 14 de Novembro de 1964 (cumpriram-se na semana passada 54 anos).
Foi uma corrida a favor do Movimento Nacional Feminino em que participaram os cavaleiros João Núncio, Manuel Conde, David Ribeiro Telles e José Mestre Batista e os Forcados Amadores de Lisboa, comandados por Nuno Salvação Barreto.
A tradição tauromáquica no Porto já vinha de há muitos anos. Quando foi presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, actual líder do PSD, tomou a iniciativa de reproduzir em alguns espaços públicos e paredes da cidade pinturas ilustrativas de fotos relacionadas com locais históricos e edifícios emblemáticos, alguns dos quais já inexistentes, dando assim um contributo para a preservação da memória histórica e colectiva da Cidade Invicta.
Entre esses antigos monumentos que foram recordados aos portuenses está a antiga praça de toiros da Rotunda da Boavista, que se denominava Real Coliseu Portuense e que foi um dos oito tauródromos que ali existiram. Foi construído em 1899 e tinha capacidade para 8.000 espectadores. A esta praça sucedeu uma outra na Praça da Alegria, construída em 1902 e que ardeu em 1926.
A cidade do Porto foi palco de inúmeros festejos taurinos durante a Idade Média, que decorreram com grande fervor nas ruas e praças da Invicta até ao Século XIX, mas que acabaram por desaparecer com o fim da Monarquia.
Além das já referidas praças de toiros na Rotunda da Boavista e na Praça da Alegria, existiram outras, nomeadamente em Vila Nova de Gaia (Serra do Pilar), Matosinhos e na Granja. Já no Século XX e ainda antes da implantação da República, houve duas outras praças de toiros no Porto, a da Areosa e a de Bessa, mas a sua história foi breve e existem poucos registos de actividade significativa nesses redondéis. Ainda se tentou erguer outra praça nas Antas, na actual Praça Velásquez, mas o projecto não saíu do papel. O Porto teve ainda praças de toiros em Cadouços, na Rua da Boavista e no Largo da Aguardente, mas as três desapareceram em menos de cinco anos, com fracas receitas e a falência das empresas que as geriram.
Posteriormente, nos anos 60 e 70, houve corridas de toiros, esporadicamente, no Pavilhão dos Desportos. Para além da já referida que se efectuou em 1964, em 1970 voltou a realizar-se uma corrida no mesmo Pavilhão, em que actuaram os cavaleiros José Mestre Batista e Frederico Cunha e os matadores de toiros António Chenel "Antoñete" e Ricardo Chibanga, bem como os Forcados Amadores de Santarém. Nesta corrida sofreu uma grave colhida o saudoso bandarilheiro José Agostinho dos Santos.
Já no ano de 1974 e depois da revolução, realizou-se a 21 de Julho uma corrida de toiros mista no Estádio das Antas, organizada pela Comissão Pró-Sede do Futebol Clube do Porto, em que actuaram os cavaleiros Afonso Maldonado Cortes e José João Zoio, os matadores de toiros Mário Coelho e José Manuel Pinto e os Forcados Amadores do Ribatejo.
A última corrida de toiros no Porto ocorreu no ano de 1993 numa praça desmontável no campo do Lima, marcada por distúrbios causados por populares "defensores dos animais".

Fotos D.R.