sábado, 17 de novembro de 2018

Se os outros calam, contamos nós!

O Rato Mickey faz amanhã 90 anos e não tem nada a ver com a Tauromaquia.
Mas gosto muito dele desde miúdo e apeteceu-me vir aqui assinalar a
efeméride. A discussão do IVA também não tem nada a ver com gostar-se
ou não se gostar de touradas e anda todo o mundo baralhado com essa
trapalhada...
A concessão do Campo Pequeno pode vir a ser vendida e ontem mesmo passaram
quatro candidatos à chamada fase final. Mas a próxima temporada não está em
causa e ao leme continuam a estar a Drª Paula Resende e Rui Bento
E por mais que a PróToiro se irrite com aquilo que aqui escrevi, eu continuo
na minha: quem pôs os pontos nos iis foi o Manuel Calejo Pires quando chamou
a atenção ao Prof. Marcelo para o facto de ser inconstitucional a medida fiscal
que pretende discriminar a Tauromaquia. Tenho dito!
Colar o PAN ao grupo "mafioso" IRA não aconteceu por mero acaso neste
momento do campeonato... Pode ter havido mãozinha do mundo taurino
nesta tentativa de crucificar o deputado André Silva que, como bem disse
Sousa Tavares, é pior que um toiro bravo à solta no hemiciclo de São Bento...
Anunciou-se na última semana o (re)apoderamento de João Moura Jr. por
Rui Bento. Anunciar-se-à na próxima, também, a união de Rui Bento a
Francisco Palha. E pelo caminho pode ter ficado João Telles...
Os manos Penedo com Luis Rouxinol (e também Paco Duarte) na Feira da Golegã,
há poucos dias. Pedro entra com Francisco para a equipa de apoderamento dos
dois Rouxinóis, mantém-se com Manuel Telles Bastos e deixa David Gomes


Haja calma e descontração! O mundo tauromáquico anda em alvoroço com a história do IVA. E anda baralhado. Manuel Calejo Pires já esclareceu que a medida fiscal discriminatória da Tauromaquia é inconstitucional. Vai-se falar muito, vai-se dizer imensa coisa e tudo vai ficar como dantes. É evidente que temos que continuar a ser previdentes, que temos que continuar a acreditar que a PróToiro se anda a mexer e não é só um verbo de encher. Mas, uma vez mais, as touradas não estão em perigo - haja calma! Há mais de cem anos que se diz que vão acabar. E as praças estão cada vez mais cheias!

Ontem mesmo, num debate na SIC, Luis Capucha disse - e disse muito bem - que é pena toda esta polémica não ter decorrido durante a temporada, mas que mesmo assim prevê que venha a ser benéfica e a levar ainda mais gente às praças de toiros no próximo ano. Acredito plenamente que levará.

O PS, como eu já disse, está a jogar em dois carrinhos. Por um lado, António Costa quer agradar aos anti-taurinos, apoiando a infeliz ministra da Cultura (que nem sabe bem onde fica o rio Sado…). Por outro, Carlos César terá sido incumbido de agradar aos taurinos, anunciando que o grupo parlamentar do PS vai propor, contra o próprio governo do PS (não eleito pelos portugueses), que o IVA das touradas desça também para os 6%

Não é minimamente provável nem credível que o líder do grupo parlamentar socialista, que também é presidente do PS, tenha tomado a posição que tomou sem primeiro ter acertado agulhas com o primeiro-ministro, que é também secretário-geral do PS. É óbvio que estão os dois em consonância, numa estratégia inteligente que tem por objectivo não perder os votos dos anti e os votos dos taurinos…

Só que votar no Orçamento Fiscal e nas propostas (mais de mil) de alteração apresentadas pelos vários partidos, não se trata de uma votação de consciência, pelo que é pouco provável que Costa tolere a liberdade de votos dos seus deputados. Ao contrário do que apregoa César, que pode estar apenas e só a atirar-nos areia aos olhos… Trata-se de votar medidas fiscais e não de um caso de conciência de ser a favor ou contra do IVA maior ou menor para os toiros. E por isso é natural que haja disciplina de voto, a disciplina que Costa ordenar. Que já se sabe qual é...

Entretanto, ontem, os taurinos cantaram vitória pelo resultado de uma sondagem onde se apurou que 44,1 por cento dos portugueses são a favor da descida do IVA para 6% na tauromaquia. Muito bem. Ficámos a saber que há maioria a favor das touradas nesta questão fiscal. Mas não serve para nada e não acredito que venha a ter qualquer influência na decisão dos deputados. São eles - e não o povo - quem tem a palavra final. E quem tem, afinal, a faca e o queijo na mão. Independentemente de 44 por cento dos portugueses se terem manifestado a favor do IVA a 6%

No meio desta trapalhada, houve a triste história da Petição Pública promovida pela PróToiro com o objectivo (pasme-se!) de conseguir a demissão da infeliz ministra da Cultura, como se isso fosse possível e a conseguissem correr daqui…

Só deixaram de falar disso depois de eu aqui ter escrito que era uma vergonha haver só perto de nove mil assinaturas da dita petição, quando nos vangloriávamos de ser mais de três milhões a gostar de touradas. Então, somos mais de três milhões e só aparecem nove mil a pedir a demissão da ministra? O ridículo transformou-se subitamente em silêncio e a PróToiro nunca mais disse água vai ou água vem sobre a Petição Pública

Houve, pelo meio, muita coisa positiva. E valha-nos isso! A carta a António Costa de Manuel Alegre, a intervenção televisiva de Sousa Tavares, a carta à ministra de Bernardo Patinhas, a carta de Paulo Caetano também à ministra e muitas outras cartas. E vários comunicados da PróToiro, demasiado básicos nos ataques à ministra Graça Fonseca. Lamentável foi o facto de a PróToiro, sempre tão solícita a congratular-se por isto e por aquilo, nunca ter vindo a terreiro (tinha-lhe ficado muito bem) aplaudir a atitude de Manuel Alegre ou a de Sousa Tavares. Desatenção ou antes a necessidade de minimizar essas posições para tentar valorizar apenas e só as suas?... Lamentável.

E por mais que a PróToiro se tenha irritado com o que escrevi (às vezes as pessoas irritam-se com as coisas que eu escrevo…), tenho muita pena (alguma…), mas continuo na minha: foi Manuel Calejo Pires quem pôs os verdadeiros pontos nos iis quando alertou o Prof. Marcelo para o facto de a medida fiscal discriminatória da Tauromaquia ser inconstitucional. Calando todos de uma vez por todas…

Há no meio disto tudo, como já aqui escrevi, um facto que é indesmentível: nunca, nos últimos anos, a Tauromaquia esteve tanto em foco nos telejornais televisivos, nas capas dos jornais, em toda a parte. E isso, seja por falarem bem, seja por falarem mal, é um dado que tem que ser interpretado como positivo para a Festa de Toiros. Vejam lá há quantos anos não se falava tanto de toiros e de touradas… Parece até que é a coisa mais importante da vida do país…

Pelo meio, surge a bronca do PAN, depois do grande programa da grande jornalista Ana Leal na TVI, onde se colou o partido de André Silva a um grupo denominado IRA que pratica eventuais actos de terrorismo e mesmo assaltos à mão armada. Actuam encapuzados, segundo videos que estão na própria página do Facebook do grupo…

O IRA procurou desmontar tudo e tem estado a avançar com “comunicados” no Facebook, mas muito deles são emendas piores que os sonetos. É evidente que se trata de um grupo que quer passar por “assustador”. A própria sigla - que quer dizer Intervençãoi e Resgate Animal - terá sido escolhida propositadamente para fazer uma clara alusão ao grupo terrorista que existiu em Inglaterra. Além disso, num dos videos, surgem dois elementos encapuzados e trajados com batas cor de laranja, iguaizinhas às usadas por elementos dos grupos terroristas islamitas que surgem em videos a decapitar pessoas…

Por aí, estamos conversados. Por mais bonzinhos que agora queiram parecer, os membros do IRA já deram provas documentais - e não as podem apagar - de pretenderem usar uma imagem de mauzões. Com armas e machados nas mãos. Querem agora dar uma imagem de quê? De serem um grupo benemérito, salvador de animais e que anda por aí só a dar milho aos pombos? Tá bem, abelha…

André Silva, o deputado do PAN, sabia quem eles eram, como ontem defendeu Ana Leal na TVI, quando há um ano os recebeu na Assembleia da República. É seguidor da página deles no Facebook e lá está tudo escarrapachado. Não pode dizer que ignorava, por exemplo, os videos em que eles surgem encapuzados

Daí a dizer-se que o IRA é um braço armado do PAN, como as FP-25 eram um braço armado da organização partidária de Otelo, vai um passo grande - e é preciso prová-lo. Por isso, está em curso (Ana Leal confirmou-o ontem e não estamos perante uma jornalista espalha-brasas, trata-se de uma grande profissional) uma investigação policial, a cargo da unidade anti-terrorismo da Polícia Judiciária

O pior, mesmo, para o PAN, é o alegado envolvimento com o grupo de Cristina Rodrigues, que o IRA garante não ser membro do grupo, mas que Ana Leal assegura que a PJ suspeita ser uma das pessoas que surgem encapuzadas num dos videos. A advogada é dirigente do PAN, foi candidata do partido à presidência da Câmara de Sintra e é chefe de gabinete do deputado André Silva na Assembleia da República. Por aí, já se vai tornar mais complicado para o PAN dizer que não tem nada a ver com o IRA. Tem, pelo menos, se se provar, uma ligação chamada Cristina. Espera-se que não tenha também outra chamada André

Claro e transparente é também o facto de esta reportagem não ter surgido neste preciso momento por mero acaso. Digam-me o que disserem, não foi por acaso que surgiu a história do presumível envolvimento do PAN com um grupo alegadamente terrorista num momento em que a Tauromaquia se encontra tão em foco, cheia de prós e de contras. Embora seja só um no Parlamento, André Silva é mais prejudicial que um toiro bravo à solta no hemiciclo de São Bento, como disse Miguel Sousa Tavares. E houve aqui uma clara, claríssima, intenção de o crucificar

Mais IVA, menos IVA, mais gritos contra a tourada, menos gritos, isso sempre houve, a verdade é que o único que vai daqui sair em maus lençóis, com todas estas suspeitas, é o deputado do PAN. O caso, como hoje se escreve no “Expresso”, ainda vai dar muito PAN para mangas

E agora vamos aos toiros propriamente ditos. Francisco Palha vai mesmo ser apoderado por Rui Bento - e Rafael Vilhais anda muito incomodado com a história. O que se entende. O anúncio da união de Bento a Palhinha deverá surgir na próxima semana. Só não foi oficializado nesta semana que passou para não serem coisas a mais ao mesmo tempo. Anunciou-se que Rui Bento passava a gerir a praça da Nazaré com a Confraria e anunciou-se que Rui Bento voltava a apoderar João Moura Júnior. Agora fez-se uma pausa e para a semana anunciar-se-à o apoderamento de Francisco Palha

Rui Bento também reuniu na semana que passou com João Ribeiro Telles. Mas ainda não chegaram a acordo por discordâncias, de um lado e do outro, sobre algumas das condições que punham as duas partes. E pode ser que não cheguem…

Quanto a Rui Fernandes, é muito provável que se una a Ricardo Levesinho. E que em Espanha continue a ter a sua carreira gerida por Andrés Caballero

Do lado dos irmãos Penedo, também há novidades. Francisco Penedo vai continuar a apoderar os dois Rouxinóis, pai e filho. Mas na equipa pode também entrar agora o irmão Pedro. Que se mantém como apoderado de Manuel Telles Bastos, mas não continua como apoderado de David Gomes

A falta de tempo de Francisco Penedo, desde há um ano a contas com a direcção da sua empresa de tractores numa nova delegação no Norte do país, justifica a entrada de Pedro Penedo também na equipa de apoderamento de Luis Rouxinol e de Luis Rouxinol Júnior. Passa a ser um verdadeiro mano-a-mano de apoderados…

E Pedro Penedo não apoderará a cavaleira Mara Pimenta, como se dizia. Deu apenas um apoio este ano ao relançamento da toureira. Mas ficou-se por aí…

Na berra e na mira de alguma desinformação (o costume…) está o caso da possível venda do Campo Pequeno. Houve mesmo hoje quem espalhasse aos quatro ventos que o Campo Pequeno tinha sido finalmente vendido ontem… Não é verdade.

É verdade, isso sim, que há vários candidatos à compra da concessão do Campo Pequeno e que a administradora Drª Paula Resende se tem desmultiplicado em reuniões com os candidatos. Ontem passaram quatro à chamada fase final. Mas o processo ainda se vai arrastar por mais alguns meses e a realização, com a mesma equipa ao leme, da próxima temporada, não está em causa. A praça vai continuar a ser gerida, pelo menos no próximo ano, pela mesma equipa. Haja calma e descontração, senhores!…

Os quatro candidatos apurados são fortes e todos têm hipóteses. Não há grupos estrangeiros a querer o Campo Pequeno. São só portugueses e na generalidade mais virados para a exploração da praça como sala de espectáculos extra-taurinos (concertos, sobretudo) - mas nenhum deles está contra as touradas e as mesmas não estão minimamente em perigo. Compre quem comprar, o Campo Pequeno vai continuar a ser uma praça de toiros e a realizar corridas de toiros. E a gestão das mesmas pode continuar a ser assumida por Rui Bento e até manter-se na equipa a Drª Paula Resende. Pelo menos no próximo ano assim será…

A abertura da temporada de 2019 no Campo Pequeno não será este ano na quinta-feira após o Domingo de Páscoa, como tem acontecido nos últimos anos, pelo facto de a Páscoa ser a 21 de Abril e a quinta-feira seguinte ser dia 25, feriado nacional e data há muitos anos tradicional de corrida em Alter do Chão. O Campo Pequeno abrirá a temporada na primeira ou segunda quinta-feira de Abril e a habitual apresentação dos primeiros cartéis vai ter lugar, em princípio, logo no mês de Fevereiro…

No início da próxima semana, Rui Bento e a Drª Paula Resende iniciarão uma ronda de contactos para efectivar as primeiras contratações. E a primeira deverá ser em terras de Espanha com os apoderados de Diego Ventura

Ventura pode mesmo vir a figurar no cartel de abertura da temporada em Lisboa. Nada está ainda confirmado. Mas pode. E Moura Júnior também. E Duarte Pinto também, ele que foi o grande triunfador da última temporada no Campo Pequeno. Sobre isso não vou adiantar mais, porque nada está ainda delineado por parte da empresa. Mas há ideias no ar…

E a próxima temporada vai abrir, como é tradicional nos últimos anos, com o Festival de 1 de Fevereiro em Mourão. Joaquim Grave volta a estar no comando das operações e o cartel (desta vez será só um festejo) vai ser anunciado no primeiro dia do próximo ano. Será um elenco de um cavaleiro, um grupo de forcados e cinco matadores de toiros. Só está ainda uma contratação efectivada. E mais não posso adiantar...

Há mais novidades - de apoderamentos e de praças - mas hoje fico-me por aqui. Tenham um grande fim-de-semana e preocupem-se menos com isto do IVA e do PAN. A Festa continua. Continua em grande. E como bem alvitrou ontem Luis Capucha, as praças irão ter ainda mais gente em 2019. Ou não tenha este alvoroço todo sido altamente benéfico para a Tauromaquia

Fotos tauronews.com, D.R. e Emílio de Jesus