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Hoje acordei tão esquisito, não sei o que foi... Talvez efeitos da quarentena. Depois de tomar um duche, voltei ao normal, mas acho que não ando nada normal, vocês andam?... |
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Só vejo chineses por todo o lado, ando cheio de alucinações... |
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Quando em 1945 entrevistei Manolete, já não me lembro quem era o tipo que está atrás, talvez um emplastro da época... |
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... e depois de todas as alucinações, cai na real, continuei por aqui... |
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Não há trânsito, nem pessoas, parece que deixou de haver vida... |
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Há momentos, ninguém mais na rua, além deste casal de atletas... |
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Que saudades de uma mariscada no "Ramiro", de umas enguias no Tó Manel, de uma sopinha da pedra no João Simões. Programei as próximas viagens... pode ser que um dia possamos voltar a viajar... |
Perdi-lhes a conta. Aos dias. Já não sei há quantos dias estou, estamos todos, metido em casa. Um tipo começa a passar-se da cabeça e comigo é mais grave ainda porque há o perido de aumentar substancialmente a dose de loucura que com os anos tem vindo a crescer. Hoje foram só parvoeiras. Mas, também, se não houver dias assim é que enlouquecemos mesmo todos...
Miguel Alvarenga - Hoje que se lixe a
quarentena, mais o
vírus, os
morcegos e isso tudo, já estou a ficar (ainda mais) doido, fechado em casa, logo vou ao
“Ramiro” mamar uma mariscada à maneira antiga e há-de ser mesmo o que Deus quiser!… Cerveja até não haver mais! - pois é, mas a realidade é que o
"Ramiro" está fechado...
E se por acaso estiver cheio e não houver lugar no
“Ramiro”, vou tentar a
“Casa das Enguias” do
Tó Manel, na
Lançada ou então
“O Toucinho” do
João Simões em
Almeirim e comer uma bela sopa da pedra, hoje em casa é que eu não fico, já disse! - pois é, mas o
Tó Manel e o
João Simões estão fechados...
Bem sei que é grave, muito grave mesmo, e que se tem que falar do assunto, mas já não posso ouvir falar do
coronavírus e dos chineses e dessas coisas, incluindo os morcegos. Nunca mais se falou do
Berardo, do
Ricardo Salgado, dos homens que dão tareias nas mulheres, das aldrabices do futebol, do
Sócrates, do
hacker Rui Pinto, dos galgos, dos gajos que não gostam de touradas, dos juízes que faziam trafulhices, dos tipos que dão grandes golpadas e nunca vão presos, sei lá, dessas coisas todas que nos divertiam tanto…
Hoje nem fui à rua, dar a voltinha habitual aqui ao
Campo Pequeno. Fiquei em casa. Vi pela janela. Um casal de atletas a correr, sei lá, se calhar pensam que assim se combate o
coronavírus, é deixá-los andar...
De quando em quando, lá se vê um carro a passar, um autocarro, um motociclista desses que levam às costas uma caixa enorme a dizer
Uber qualquer coisa,
Eats, acho.
Como a loucura se começa, de facto, a acentuar cada vez mais, encontrei hoje uma foto antiga, muito antiga mesmo, de 1945, se me lembro, quando
entrevistei o famoso
Manolete em
Córdoba. Pus no
Facebook e o
Hugo Teixeira disse logo que se lembrava muito bem dessa entrevista e de eu lhe ter telefonado radiante por a ter feito e por ter conhecido o
Califa de Córdoba. Como vêem, não é mentira, não estou a alucinar, até o
Hugo se lembrava...
Espero pelo meu amigo
António Nunes, temos um jantar marcado no
"Pinóquio", com
gambas al ajillo e tudo, mas ele não hé meio de aparecer. Espero pelo meu amigo
Pombeirinho, ficámos de tratar umas coisas e também nunca mais dá sinais de vida... Nem o
Zé Luis Gomes me telefonou mais para irmos ali petiscar ao
"Rubro"... Acho que já se esqueceram todos de mim ou se calhar vamos esquecer-nos todos uns dos outros, credo, cruzes, canhoto! Isso nunca! Telefonou-me o meu amigo
Fernando Guarany e gostei de o ouvir. Está fechado em casa, como toda a gente. Mas está bom, graças a Deus. Também me falaram o
Maurício do Vale, o
Jaime Amante, o
Carlos Amorim, o
Henrique de Carvalho Dias, velhos e bons amigos de uma vida. Todos bem, todos preocupados. Estamos todos agora longe uns dos outros, mas se Deus quiser haveremos um dia de estar juntos outra vez, só não sabemos é quando.
Hoje nem a
ministra da Saúde nem a
directora-geral de Saúde apareceram na habitual conferência de imprensa, já li para aí boatos que foram as duas despedidas, mas não acredito. Continuo com muito interesse a ouvir o meu velho amigo
Paulo Portas à noite na
TVI. Dizem que amanhã ou depois
Marcelo Rebelo de Sousa irá prolongar por mais quinze dias o
Estado de Emergência e se calhar depois por mais outros quinze e mais outros quinze e o que me inquieta é que não há meio de vermos a luz ao fundo do túnel.
Cheira-me a que este ano não vamos ter praia, nem Verão, nem mar. E se calhar
nem touradas. Agora aumenta a
teoria da conspiração, já há quem diga, disse-o, por exemplo, um ministro australiano, que o
coronavírus foi fabricado em laboratório pelos chineses, não quero acreditar nisto, mas mesmo que tudo volte um dia ao normal, tão cedo mão me apanham num restaurante chinês, eu que gosto tanto e naquele de
Alvalade até costumava encontrar o meu velho companheiro de
"O Diabo", o
Jaime Nogueira Pinto. Enfim...
Notícias taurinas não existem, a não ser as que dão conta de que foi
suspensa esta e mais aquela feira taurina em
Espanha e mais esta e aquela corrida por cá. Diz-se que já há ganadeiros em
Espanha e em
Portugal a mandarem toiros para os matadouros, certos de que este ano os não lidarão. E crise vai ser dura, muito dura mesmo. E por mais que se consiga sobreviver, onde está depois o dinheiro para as pessoas irem aos toiros assim que as touradas começarem?
Ninguém estava preparado e muito menos organizado para viver uma situação como esta. Às vezes, ainda parece que isto é apenas e só um sonho mau e que depois haveremos de acordar e voltar à vida normal... Mas sabe-se lá quando. Como ontem disse, isto é muito mais que um
Estado de Emergência - é um
Estado de Incerteza.
Enfim, sobrevivam - que eu tentarei fazer o mesmo. Até amanhã!
Fiquem bem.
Fotos M. Alvarenga e D.R.